Yamada-kun to Lv999 no Koi wo Suru: Entre videogames e romance

Sendo mais uma adaptação de mangá de comédia romântica, eu acabei indo conferir Yamada-kun to Lv999 no Koi wo Suru por livre e espontânea pressão, já que certos amigos meus insistiram bastante pra eu assistir por ser um anime muito incrível e um destaque dentro do gênero este ano e etc. E hey… Se eles estavam tão insistentes em convencer alguém a assisti-lo, talvez de fato poderia ter algum aspecto que fizesse ele se destacar dentre os demais e se revelar como um grande anime. 

Eu posso dizer que existem qualidades que eu definitivamente aprecio, como por exemplo a estética que a direção tentou oferecer para o anime. É quase como se eles estivessem mesclando esse típico visual característico de anime shoujos, com esse aspecto mais brilhante e reluzente nos momentos românticos ou dramáticos, mas contrastando isto com um tom bem mais cartunesco nos momentos de comédia e em diversas expressões da Akane ou quando os personagens estão dentro do jogo. Isso é bem divertido e cria uma atmosfera bem leve e fofa, fora algumas criativas montagens e transições de cena que eu gostei bastante. Provando que o diretor fez o melhor que podia com a edição do anime, mesmo com a animação bem limitada e a trilha sonora em grande parte ser bem fraca, com composições ambientes super brandas, sem texturas, transições ou progressões interessantes, que fazem as faixas se tornarem bem esquecíveis, básicas e sem sabor. 

E também tem a Akane, que é uma ótima personagem ao ponto de dizer com convicção de que ela é a grande razão do anime ser assistível, já que ela não apenas é super carismática, espontânea, gentil e engraçada, mas também o dilema dela ter sido rejeitada pelo ex namorado e ela já estar na faculdade trás um aspecto mais maduro para a mesma que eu gostei. Ela lida com essa questão do amor de uma forma bem mais natural e casual do que outras protagonistas do gênero, sem contar que o seu sofrimento tendo que lidar com a separação é bem convincente e faz você se apegar a ela de uma forma muito fácil e rápida. Mas infelizmente, eu não sinto que eu tenha muito mais complementos a destacar sobre esse anime a partir daqui. 

O roteiro basicamente segue a típica fórmula clichê e tradicional de comédia romântica que já estamos habituados a ver por muito tempo a essa altura, ao ponto de eu não ter muita coisa a falar sobre ele, com a Akane sendo rejeitada pelo seu ex namorado e criando um acordo com o Yamada para fingir que ele é o seu novo namorado e com a trama se desenrolando a partir disso. E por mais que isso não seja necessariamente um problema, existe um fator que põe tudo a perder, que é o próprio Yamada, porque nossa senhora… Que personagem fraco. Sendo facilmente uma das retratações mais irritantes de um personagem recluso e antissocial que eu já vi em um bom tempo. 

A composição dele é tão inexpressiva, apática, indiferente e aborrecida que dá a impressão que o Yamada é absolutamente incapaz de demonstrar qualquer mínimo traço de empolgação, entusiasmo, paixão ou ânimo, ao ponto de parecer que ele faz tudo e qualquer coisa por mera obrigação. Até mesmo aquilo que ele diz tanto gostar como os videogames, por exemplo, que se torna bem difícil de você se conectar ou se apegar ao personagem. E isso só piora ainda mais quando você percebe a forma como o Yamada age em certos momentos, rejeitando as garotas que se declaram para ele de uma maneira desnecessariamente cruel e insensível, que só faz ele parecer um completo babaca narcisista, sinceramente. Afinal, por mais antissocial que alguém possa ser, eu imagino que todo mundo pode aprender o básico de educação para tratar as pessoas de uma forma minimamente respeitosa e cordial, mas o Yamada não parece ligar pra isso, já que sempre quando ele vê essas garotas chorando ou sofrendo por causa dessa postura dele, a única conclusão que ele chega é “eu não ligo para garotas, então dane-se”, como na cena das garotas do metrô, com a garota da loja de conveniência e até mesmo com a própria Akane sobre os itens no armazém no inicio do anime. 

E isso só piora quando nos é revelado a razão para o Yamada ter esse comportamento, sendo resultado de um trauma de infância por ele ter ferido os sentimentos da sua amiga devido a sua forma imprudente de se expressar e a incapacidade de se comunicar. E após este ocorrido, qual a solução que ele encontra para reverter isso? Se isolando por medo disso se repetir enquanto não hesita de machucar os sentimentos de quem tenta se aproximar dele no processo. O que não faz o menor sentido. É bizarro como ele não parece ter aprendido nada com esse trauma e ele ainda parece continuar sem se importar em como as suas palavras pode afetar outras pessoas. Algo que se torna bem forçado quando ele fica choramingando para a Akane na reta final do anime por ser mal compreendido devido a ela enxerga-lo como uma pessoa misteriosa, quando ele apenas não quer ferir os sentimentos de ninguém, sendo que foi exatamente isso que ele fez propositadamente durante várias cenas do anime. 

E como consequência, o drama não apenas se torna fraco e irrelevante, já que ele não demonstra nenhuma vontade convincente de mudar essa atitude, como as cenas de romance entre o Yamada e a Akane ficam bem comprometidas. Seja pelo Yamada não conseguir se conectar a energia que a Akane trás e não ter nenhuma química ou dinâmica consistentemente interessante ou divertida, se tornando algo bem unilateral, com a Akane tendo que carregar tudo sozinha. Como também pela série não me convencer sobre a gentileza que os personagens de suporte como o Eita e a Runa tanto falam que o Yamada tem, pois você ser gentil e respeitoso apenas com as poucas pessoas que você conhece ou tem intimidade enquanto trata o restante de uma forma tão grosseira e mal educada, mesmo sem elas terem feito nada pra você, não te faz uma pessoa tão gentil assim. Apenas dizendo. 

E se o casal principal falha em ser interessante ou carismático o suficiente para querer fazer você torcer ou acompanhar o desenvolvimento romântico do mesmo, uma grande parte apelo de uma obra como esta vai por água abaixo. E é o que acontece aqui, já que o Yamada é provavelmente o personagem que eu menos gosto do anime, mesmo sendo o protagonista, e devido a isso, várias cenas que normalmente deveriam ser fofas, calorosas e adoráveis só me deixavam totalmente indiferente por causa de tudo que eu já citei do Yamada, ao ponto de no terço final do anime, eu começar a sentir tédio e cansaço pelas cenas de romance não funcionarem mais comigo. 

E a grande conclusão é que Yamada-kun é um anime mediano. Claro que quem tolerar ou de alguma forma, gostar do Yamada vai apreciar esse anime muito mais do que eu, já que eu entendo o apelo por trás, visto que a Akane é uma ótima personagem, a comédia é bem funcional e eficaz, sendo o fator mais consistente de todo o anime e a estética visual é interessante, mesmo sendo modesta, além do episódio final ser bem bom. Mas de minha parte, ele é um anime bem inconsistente, já que o Yamada é um protagonista medíocre, os personagens de suporte com exceção do Eita não são tão marcantes ou interessantes como poderiam, a maioria dos dramas não funcionam e isso porque ele só estava recriando a tradicional fórmula já pré estabelecida de comédia romântica. Já que também não tem nada aqui que soe único, autoral ou característico apenas deste anime. Então é… Por mais que ele esteja longe de ser o pior anime que eu assisti esse ano, ele também está muito distante de ser uma obra que tenha me cativado ao ponto de eu considerar um destaque ou algo acima da média em 2023. Paciência.


Agradecimento especial aos apoiadores:

Victor Yano

Danilo De Souza Ferreira

Essas pessoas viabilizam o projeto do site e podcast HGS Anime. Se você gosta do que escrevemos e publicamos, e gostaria que continuássemos mantendo esses projetos, por favor considere nos apoiar na nossa campanha PicPay, nossa campanha Apoia.seou doando um PIX para hgsanime@gmail.com.