Odd Taxi é algo especial

Penso em Wonder Egg Priority e Dynazenon como series de diretores, altamente focadas em criadores intrinsecamente autorais. Nesse sentido, Odd Taxi é muito mais uma série de escritores. Tudo sobre Odd Taxi é bom, mas esse anime é tudo sobre o roteiro. As camadas de complexidade e sutileza que você vê aqui são raras em qualquer meio narrativo, muito mais no anime. É uma série com pretensões literárias e a habilidade para alcançá-las. O que, consequentemente coloca Odd Taxi, no fim, como facilmente um dos meus animes favoritos de 2021.


Nunca houve qualquer dúvida de que Odd Taxi seria um forte candidato à série mais estranha do ano. Os primeiros comentários quando estreou relatavam que o diálogo e a estrutura colocavam isso diretamente no território “como executivos aprovaram isso”. Até mesmo a equipe do programa é profundamente estranha: o diretor e o escritor nunca trabalharam em anime antes, embora este último – Konomoto Kadzuya – seja um mangaká. A maior parte do elenco também parece não ser seiyuu, embora haja três nomes bem conhecidos em papéis centrais; Kappei Yamaguchi (Death Note, Detective Conan…) como o pária social Eiji Kakihana, Kimura Ryouhei (Gin no Saji, Kuroko no Basket…) como o médico gorila Ayumu Gouriki e Hanae Natsuki (Digimon, Fate/Apocrypha, Kimetsu no Yaiba…) como o protagonista.

E talvez seja aí que Odd Taxi prospera; em todas as suas frentes, a falta de experiência de seus realizadores é uma de suas grandes forças. No campo da direção: ao invés dos storyboards de Baku Kinoshita (木下麦) refletirem o fluxo de painéis de mangas, ele cria cortes flexíveis que são muito mais próximos de filmes longa-metragem, fazendo até mesmo sequências menores de transições se tornarem divertidas e enérgicas.

O primeiro episódio de Odd Taxi abre com uma nota sinistra, quando uma bolsa com blocos de concreto enrolados é despejada em águas profundas. As bolhas do mar emergem transacionando para nosso protagonista, ecoando a sua pressa momentânea. Toda a composição do nosso resultante parece genuinamente fílmica, com a iluminação suave e o design de som criando um clima surpreendentemente convincente. Dos primeiros segundos de Odd Taxi já somos orientados como Baku Kinoshita e sua equipe são artistas informados mais no cinema de arte do que no anime.

E isso não é menos verdade para o roteiro de Kadzuya Konomoto (此元 和津也), que exemplifica mais do que ninguém as vantagens de uma staff virgem no anime. Como um meio que envolve habitualmente criadores talentosos adaptando historias focadas para o publico adolescente, a escrita tende a ser o ponto mais baixo do anime – mas os diálogos de Odd Taxi tem uma distinção de estilo e graça de entrega que é quase uma lufada de ar fresco no meio. Cada conversa de nosso protagonista, Hiroshi Odokawa, e a enfermeira alpaca, Miho Shirakawa, é um banquete completo – em um anime que é um banquete completo – para amantes de personagens e diálogos; são celebrações do talento de seu escritor para diálogos ricos em personagem. Suas trocas possuem uma dinâmica de para-e-começa, com contornos difíceis e persistentes, mas cada um ama a companhia do outro e, por isso, eles constantemente caem em redutores de velocidade e, então, trocam para novos assuntos estranhos.

Odd Taxi está sempre incluindo todos os começos e pausas impares que definem as conversas reais. Conversas narrativas trabalham com um fluxo contínuo de entendimento que dificilmente existe na vida real, pois poucas narrativas são polidas com as pausas estranhas da fala real. Essa explicação não quer dizer que essa abordagem seja sempre “correta” ou “superior” – é somente uma escolha artística como qualquer outra, que, em uma produção tão fundamentalmente fascinado nas complexidades das conexões humanas, é o local perfeito para inserir esse tipo de diálogo peculiar e realista.

Os Personagens de Odd Taxi Tem Vozes Próprias!

Mas os diálogos de Odd Taxi não refletem um autor familiarizado puramente com as nuances peculiares de conversas reais, mas como também um que ainda tem uma forte voz autoral. O seu senso de humor irônico e inexpressivo borda um cansaço do mundo com o qual eu posso me relacionar, e, de forma mais impressionante, seus personagens não têm puramente peculiaridades como também vozes e perspectivas – visões de mundo singulares e claras, além de maneiras próprias de expressa-las.

Cultivar vozes próprias para seus personagens é uma tarefa difícil que, essencialmente, exige alguma habilidade notável por si só. Personagens não tem apenas necessidades, como também vozes específicas, vozes que refletem suas origens especificas e personalidades adquiridas além de todos os elementos que os compõe. Suas conversas devem ganhar vida através dessas vozes, e trabalhar para existir uma singularidade em suas vozes, garantir que não soem como o mesmo personagem, é uma parte chave da escrita.

Odd Taxi sente isso em seus ossos. Cada um de seus personagens tem sua própria historia a contar que informa suas visões de mundo e, embora muitas vezes eles entrem em conflitos uns com os outros, todos tem razões simpáticas para seus sentimentos divergentes. Como nosso quase árbitro das reuniões incidentais, Odokawa é um excelente protagonista para esse programa – ele é uma pessoa muito direta, com muitas interpretações negativas o que acaba por refletir sua franqueza geral, que pode ser muito revigorante na nossa sociedade. Particularmente posso dizer, o quão bom é ter um amigo que diz coisas interessantes e rudes. Shirakawa enxerga isso, e suas trocas envolvem Odokawa construindo ativamente seus muros emocionais em falas como “O que você ganha em se encontrar comigo, Shirakawa-san?”; Odokawa gosta muito de Shirakawa, mas não tanto de si mesmo. Ele não consegue ver valor em si próprio, então como poderia conceber alguém arriscar a vida para passar algum tempo com ele?

O medo da intimidade faz Odokawa afastar-se de Shirakawa, enquanto ela abre seu coração para ele mais e mais, tentando derrubar os muros que ele constrói em volta de si. É realmente um clichê comum que gera mais clichês; como sua confissão de amor e sua indiferença fingida. No entanto, a identidade de Odd Taxi não reside na ausência de clichês, mas na aversão aos clichês familiares de anime. Odd Taxi se sente sempre mais próximo de um filme noir ou uma série como Twin Peaks, do que de qualquer outra série sazonal de anime.

Os Personagens São Todos Quebrados e Adoráveis

Mas Shirakawa não é defina por um interesse romântico, no contexto de um filme noir, ela é a Tragic Woman aqui, se afogada em dívidas, o que a fez contrabandear drogas. Viva nosso sistema econômico! Mas ao invés de seu senso de arrependimento vir de suas dívidas de empréstimos estudantis, parece vir, na verdade, de sua orgulhosa insistência anterior, ao não aceitar a ajuda de seus pais. A verdade é que, quando somos jovens, queremos nos rebelar – à medida que envelhecemos, aprendemos que a distância de nossos pais vem naturalmente, e é a proximidade com eles que é genuinamente passageira e valiosa.

O que mais me atrai em Odd Taxi não é o seu enredo bem arquitetado, mas sua capacidade de dar golpes merecidos nas falhas de seus personagens e enfatizar sua humanidade em face de um universo cruel e caótico. Todo seu elenco se sente completo, cada um com suas próprias idiossincrasias e inseguranças trabalhando em conjunto. O que não é menos verdadeiro para Odokawa. Como nosso quase árbitro dessas reuniões incidentais, dentro de um taxi navegando pelas diversas tramas de personagens, seria, na verdade, fácil para Odd Taxi manter Odokawa acima das brigas dos outros personagens – mas ele é um dos personagens mais fascinantes de todos e estende o comentário temático de Odd Taxi da alienação moderna à condição humana em geral.

Temos também a dupla Homosapiens, que soam como fanfarrões afavelmente amargos na rádio, mas que Odd Taxi passa a revelar um retrato mais complexo (e engraçado) de dois idiotas com genuíno afeto um pelo outro. Shibagaki é um personagem que pode muito bem ser mais mesquinho que Odokawa, e é muito mais encantador por isso. O comediante de meio período de uma casa noturna está quase sempre “ligado”, respondendo a tudo e a todos com uma piada impassível ou um discurso acalorado; é difícil definir onde termina a personalidade amarga da radio e começa o “real Shibagaki”, mas o verniz de profundidade emocional está lá. Ele incorpora o tipo de humor irônico de Odd Taxi com um senso de reconhecimento cansado do mundo da vida adulta como ela é, mas, ao mesmo tempo, Odd Taxi nunca abraça a visão de mundo de Shibagaki.

As conversas de radio são uma das plataformas mais propulsoras da série para entrar em seus becos temáticos, oferecendo quase semanalmente um novo tópico retórico como: o mundo talvez esteja chato e a comédia consequentemente está branda nos dias de hoje? É realmente comum ver um comediante com mais de 50 anos que lamenta o tipo de piada que você “não consegue mais contar” hoje em dia, afinal, o mundo está chato e nossa liberdade está em risco pelo politicamente correto, então, se o objetivo da Odd Taxi era ter seu dedo no pulso, então considere que o anime tem toda a sua mão em volta do coração de um complexo de entretenimento muito inseguro. Shibagaki, sem qualquer surpresa, argumenta que a comédia mais engraçada é aquela que é fornecida a custas dos outros, com os argumentos familiares como “no meu tempo”, enquanto Baba como mais novo vê maior valor na comédia que não magoa as pessoas.

Felizmente, Odd Taxi tem tão pouco interesse quanto eu em pleitear esse assunto, – “Largue a porcaria do gap de geração” – essa cena, na verdade, não é sobre o assunto propriamente, mas sobre a discussão em si e a maneira natural como Shibagaki e Baba brigam. É uma das muitas forma sutis como o show pinta relacionamentos, mostrando o quão forte é a amizade deles, apesar de suas óbvias irritabilidades performativas. Isso é um forte contraste com o garoto Nagashima, que apesar de compartilhar da visão de mundo de Shibagaki, nunca se sente como um amigo genuíno. Odd Taxi está a todo o momento revelando uma nova ode as nossas diversidades e as nossas conexões mais genuínas. Somos seres complexos, e nossos relacionamentos mais preciosos muitas vezes emergem das nossas diferenças aparentes.

Somos Apenas Pessoas Solitárias Em Um Mundo Que Promove Alienação

Nesse sentido, a trama de Kakihana tem tudo a ver sobre as nossas relações menos genuínas. Kakihana é uma contrapartida pateta bem-vinda à melancolia de Odokawa, mas ainda obscuro com um pathos de um zelador idoso que sente que perdeu seu ônibus em algum lugar ao longo de sua vida. Kakihana é enganado por uma garota [Shiho Ichimura] que ele conhece em um aplicativo de encontros; match esse que é fruto de suas mentiras. Sua historia sublinha a melancolia temática de Odd Taxi, com ambos nesse relacionamento, Kakihana e Shiho Ichimura, simultaneamente mentindo para manipular o outro, enquanto ambos escondem pessoas genuinamente solitárias.

Além disso, o aplicativo de encontros que os conectou em primeiro lugar também é o vetor dessas mentiras; é o motivo pelo qual eles não se conhecem genuinamente – mas se não fosse por esse serviço, eles nunca teriam se conhecido de qualquer maneira. É tudo uma bagunça contraditória, enquanto tentamos usar sistemas inorgânicos projetados para incentivar auto mentiras específicas, com o objetivo de nos conectar, tornando cada uma de nossas interações em uma oportunidade de auto promoção enganadora. Não temos mais uma sociedade comunitária real, e nossas novas ferramentas de conexão humana estão frequentemente apenas nos isolando ainda mais.

Faz sentido então que Odd Taxi esteja confinado nos poucos lugares em que ainda sejamos forçados a nos envolver com outros seres humanos, de maneiras eventualmente estranhas e não intermediadas. Taxi, bar, consultório medico, sauna; estes são os poucos pontos de conexão não digital que ainda nos restam em um mundo tão compartimentado quanto o nosso.

A personalidade de Kakihana parece ser encapsula na linha aqui. Kakihana está constantemente recuando da possibilidade de que sua personalidade ou atitude sejam o problema, em vez disso abraça a ideia mais lisonjeira de que todos os outros são muitos mercenários em suas abordagens do amor. A internet está cheia de Kakihana.

Tudo em Odd Taxi é sobre a forma como nos conectamos uns aos outros em um mundo tecnológico. O núcleo de idols dá os socos merecidos na falsa intimidade dos relacionamentos parassociais modernos que esse emprego promove. A história de Taichi Kabasawa ilustra a falsa intimidade das mídias sociais. O anime está constantemente mediando e oferecendo ensaios retumbantes sobre o nosso estado solitário e nossa busca por conexões genuínas. Mas Odd Taxi esta longe de ser uma tese contra o avanço da modernidade tecnológica – ele é inteligente e sensitivo de mais para isso. Afinal, o próprio Odokawa tem a sua história baseada em suas imensas dificuldades para se conectar aos outros; a lição não é sobre “os jovens estão errados” ou “nossos avanços culturais significam regressões as normas”, mas como essa conexão humana sempre foi difícil, e a cultura moderna apenas encontrou novas maneiras de nos sentirmos alienados.

Sinceramente, há um pouco de um personagem como Kabasawa em todos nós. A grande coisa sobre sua história é que nunca teve a ver com a perseguição ao Dobu. Nunca foi sobre como parar o homem com a máscara de caveira. Ele só queria atenção. A fama online é algo realmente estranho, cheio de contradições não intuitivas. É um lugar de intimidade incomparável, mas também uma exibição dos maiores abismos que já existiram entre duas pessoas. Estamos de forma miserável ativamente buscando a validação de pessoas que nunca conheceremos. Recuando do ataque de outros estranhos. Odd Taxi parece ponderar como não sabemos o que é verdade aqui porque a internet no fim aplaina tudo. O anime pode não odeia a modernidade, mas não pode correr de seus lados mais obscuros e famintos. 

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Odd Taxi então estende sua reflexão sobre a nossa luta por um verdadeiro senso de comunidade e validação aos jogos gacha através de Hajime Tanaka. É um desvio narrativo tão esquisito, ao pegar um personagem que apareceu por alguns segundos e, então, dar-lhe vinte minutos para justificar seu ódio pela nossa morsa favorita – e eu amo isso! É diferente de qualquer episódio dessa série e é um tesouro, e ainda é Odd Taxi em suas camadas de humanidade e ironia. É em si o programa sobre gacha mais cruel já feito em qualquer mídia que eu tenha visto, traçando um paralelo à infância de Tanaka colecionando borrachas apenas para se conectar com outras pessoas ao ciclo predatório dos jogos gacha.

A primeira metade de seu episódio nem mesmo toca no assunto dos jogos para celular – em vez disso, ele se concentra nos incontáveis fatores pessoais e sociais que tornam gacha tão tortuoso. Hierarquias como classe e riqueza se misturam em um cozido imoderado de emoções como inveja e solidão. Ironicamente, na sua busca por conexão Tanaka apenas aumenta sua distância entre seus colegas. Em sua busca por colecionar borrachas, Tanaka obviamente só precisava se concentrar na conexão, não na competição, mas Odd Taxi é incansavelmente perceptivo e reconhece que estar no degrau inferior das classes sociais significa que é difícil não enxergar o “vencer” como o único meio de alcançar o sucesso. Mas estar no último degrau também significa que você não tem voz nas regras desse jogo. A reviravolta final irônica dessa história é que, mesmo se recebesse sua borracha de milhões de ienes, Tanaka não teria feito amigos. A revolução que Tanaka proclamava estava destinada ao fracasso. No fim, pela falta de um senso de comunidade real, amarramos ativamente nosso valor como indivíduos a bugigangas de exploração comercial.

Personagens Convincentes Criam Mistérios Convincentes

Por fim, Odd Taxi conduz toda essa seu entendimento formal da escrita para seu mistério e sua ambiciosa estrutura narrativa. Odd Taxi, como eu mencionei antes, é fortemente baseado em dramas noir e policiais, portanto, sua estrutura é muito mais próxima de um thriller de livro do que outros animes de mistério. Mais do que isso, a série entende a ciência da construção de mistérios eficazes: Odd Taxi em vez de simplesmente declarar que não está escondendo informações, nos dá motivos para nos preocuparmos sobre as suas informações reveladas, e, em seguida, provocar-nos para pedir as nossas próprias perguntas. Os mistérios do passado de Odokawa são significativos porque conhecemos e nos preocupamos com Odokawa, tornando natural imaginar como ele se tornou como é, e como ganhou todas suas estranhas habilidades; facilidade em reconhecer rostos, poder de barganha para falar com pessoas como Dobu… E embora exista o mistério principal do sumiço de uma garota, Odd Taxi não é dependente disso – a série é escrita bem o suficiente, seus personagens são ricos o suficiente, para que as suas cenas sejam as suas próprias recompensas.

Tudo isso é somado em um tipo de ritmo confiante, sem qualquer pressa em chegar aos detalhes sangrentos – o que remonta um autor que confia verdadeiramente em seu público para assistir à coisa toda na tela, ao invés de ter a necessidade desesperada de transmitir um arsenal de narrativas mirabolantes que nos fisguem emocionalmente. Quais são as vantagens dessa abordagem? Isso resulta em uma narrativa que se assemelha mais a um ser orgânico, retratando a vida sem adornos até que as suas batidas narrativas maiores emerjam. É um ato de fé; de olhar seu público como igual e o desafiar, de aceitar o risco de alienação-de-audiência – é a arte sem verniz. Como eu falei em meu ensaio do primeiro episódio de Wonder Egg Priority: toda arte é inevitavelmente alienadora; o público, em geral, apenas não está interessando em passar muito tempo pensando sobre arte.

Odd Taxi!

Acabei escrevendo tanto e sinto que mal arranhei a superfície desse anime, mas acho que é inevitável com esse tipo de trabalho. Odd Taxi é uma história profundamente ambiciosa e profundamente pessoal, uma história coesa que reconhece as falhas de uma sociedade hiper conectada enquanto ama nosso potencial da mesma forma. É repleto de momentos comoventes abundantes e é iluminado por um senso de humor lúdico e design visual encantador; com a coesão de cada elemento de sua produção parecendo refletir a mão de seu diretor, Kinoshita, em todos os departamentos. Seus visuais funcionam como “desarmadores” narrativos, contrabalanceando e trazendo leveza, mas há escuridão adentrando pelas rachaduras desta história – seja a decepção da vida adulta ou ter uma arma apontada para sua testa. Essa série me ensinou que talvez a arte pode ser paralelamente Kemono Friends e Twin Peaks, e que talvez os dois nem mesmos sejam tão diferentes assim.

Francamente, normalmente não espero o tipo de escrita e cinematografia que Odd Taxi oferece em animes sazonais; é uma festa para amantes de personagens e diálogos, transbordando de personagens encantadores com características distintas, valores e motivações subjacentes complexas, e o storyboard cuidadosamente mantêm o drama fluindo e geralmente deixando a beleza fria deste mundo se entranhar. O roteiro reflete um autor com um robusto estudo da escrita formal, mas que é absurdamente autoral ainda. Seu enredo é dotado de um senso geral de propósito e impulso, que mantém sua narrativa geral em movimento enquanto ainda permite às suas conversas incidentais, ar para respirar.

Apesar das baixas chances de uma continuação, as pessoas nas ruas desta cidade selvagem continuaram seguindo em frente, vivendo, simultaneamente um pouco mais cansadas mas também um pouco mais próximas umas das outras. Odd Taxi é uma série sobre como, apesar de nossas diferenças, estamos unidos por nossa luta coletiva e por nosso desespero para encontrar validação em um mundo moderno desconectado. Esta série é uma refeição completa das minhas coisas favoritas na ficção; sua evocativa melancolia, seus incessáveis insights sobre a condição humana e amor pelas pessoas em toda a sua profunda riqueza fragmentada. Odd Taxi é o que acredito que a arte pode ser, em sua capacidade de ilustrar verdades humanas.


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