Explorando franquias: Mahou Shoujo Lyrical Nanoha Strikers

Nesta temporada, é bem curioso como os envolvidos tentaram sair um pouco da zona de conforto e trazer algumas novas ideias e expandir o universo de sua franquia. Com a obra surpreendendo logo no seu inicio, mostrando um time skip de 10 anos em relação a segunda temporada. Que foi uma ideia bastante interessante, já que além do foco ter sido entregar os holofotes a uma nova leva de personagens (como a Subaru, a Tea, o Erio e a Caro), deixando as protagonistas que se destacaram nas duas primeiras temporadas como secundárias ou até mesmo figurantes. Ao mesmo tempo deixava brechas para futuros arcos que pudesse complementar o que aconteceu durante esses 10 anos (como os próprios filmes do Reflection e Detonation). Fora ela também ser a mais longa de toda a série, contando com 26 episódios, ao invés dos 13 episódios das temporadas anteriores. E mesmo que eu considere que eles conseguiram fazer isso de forma eficiente, ainda sim, contém certas coisas que merecem atenção. Como por exemplo, a ausência de uma contextualização mais elaborada para explicar o que aconteceu com os outros personagens da franquia após esse time skip.Se por um lado eu consegui aceitar o fato do Chrono e do Yuuno terem sido deixados de lado pelo fato deles estarem ocupados em seus novos cargos, o mesmo não pode ser dito sobre a Arf. Visto que foi imperdoável ver uma personagem que foi uma das protagonistas na S1 e uma presença importante na S2 ser totalmente descartada e inutilizada ao ponto de ficar com idade mental de uma criança, sem nem sequer explicar o que aconteceu para ela ficar assim. Muito triste ver uma personagem que na teoria deveria ser tão importante, ter esse fim em que ela nem sequer é a mesma personagem. O mesmo para a Arisa e a Suzuka. Já que elas estiveram bem presentes na S1 como as melhores amigas da Nanoha e no término da S2, dando a entender que elas ficaram amigas da Fate e da Hayate. Mas assim como a Arf, não deram absolutamente nenhuma informação sobre nenhuma delas, ao ponto delas aparecem apenas em uma foto. E foi estranho ver que em nenhum momento a Nanoha nem sequer se lembrou delas, levando em conta que elas eram melhores amigas. Não que precisasse de vários episódios, já que uma cena de flashback de uma suposta despedida já serviria, mas nem isso. Triste, já que dá a impressão que os episódios focado nelas na S1 não serviram de nada, já que elas tiveram uma relevância quase nula na obra como um todo.

Em compensação, o mundo foi bem melhor explorado. Dando um worldbuilding bem maior sobre a questão tanto do recrutamento, quanto o treinamento dos novos cadetes. Mais a questão política e tecnológica daquele mundo, que foi interessante. Mais outros belos arcos que conseguiram ser bem eficientes em tanto desenvolver os novos personagens, quanto em agregar mais desenvolvimento para os mais antigos. Especialmente a Nanoha, que foi sem dúvida, a personagem que ganhou o maior desenvolvimento, mesmo com ela sendo praticamente uma secundária. Ironicamente mais até do que as duas temporadas em que ela estava como protagonista. Tanto no arco da Tea, em que levantam uma questão bem maneira sobre a consequência de extrapolar seus limites (que levanta um paralelo interessante em relação aos Battles Shounens tradicionais, em que isso é exaltado e colocado como algo muito maneiro. Sendo que aqui foi posto de uma maneira bem oposta, com consequências bem graves). Quanto no arco da Vivio, desenvolvendo essa relação materna da Nanoha para com ela com uma conclusão muito boa na reta final da obra. Fora a própria composição que consegue ser muito condizente com tudo o que foi mostrado dela nas temporadas anteriores, só que aqui, com um aspecto e uma postura muito mais madura e responsável, mostrando o quanto ela amadureceu durante esses 10 anos. E por mais que a Fate, o Erio e a Caro não tenham ganhado um arco tão notável quanto o da Nanoha, da Tea e da Vivio. Ainda sim, a Caro e o Erio tem uma boa química e conseguem ser bem carismáticos, além de servir de suporte para o mini arco da Fate no final, que se torna bem eficiente. Com o mesmo valendo para a Subaru.Outro destaque foram as ciborgues de combates. Irônico de como as personagens que na teoria deveriam ser meros peões, se revelaram bem mais complexas e infinitamente mais interessantes do que o suposto grande vilão, que era o Doutor. Que infelizmente, a composição dele novamente fez que eu o considerasse um personagem bem medíocre. Em que por mais que a obra tenha conseguido mostrar o quão inteligente ele era tanto por criar as ciborgues, quanto ter o plano do berço e outras coisas, toda a personalidade caricata e exagerada com aquelas risadas maléficas, e o jeitão megalomaníaco não ajudavam em nada em criar alguma sensação de temor ou nem sequer desprezo com relação a ele. Que somado a sua pífia motivação, acabou fazendo dele um vilão pior do que a Percia, visto que o background dela era bem mais plausível. Mas por outro lado, as ciborgues foram no caminho oposto. Em que na reta final, cada uma desenvolve uma personalidade bem distinta uma da outra, conseguindo ter esse leque bem amplo de personagens, conseguindo até mesmo serem carismáticas a sua própria maneira (para mim, ao menos). Com o destaque indo para a Nove, tendo um instinto protetor com relação as parceiras delas. E principalmente a psicopatia e dissimulação da Quattro. Tanto que essa composição dela é o que faltou no Doutor para se tornar um vilão digno, em que na reta final ela puxa para si a responsabilidade de criar todo o perigo e ameaça iminente do clímax do ato final. Graças a visão calculista, manipuladora, e sádica com vários planos e precauções que acabaram tornando ela a verdadeira vilã da obra, sem precisar de nenhuma expressão ou discurso exagerado para estabelecer isso, se tornando uma típica vilã que amamos odiar. Isso para não contar do atentado criado por elas na agência além de conseguir mostrar o nível de habilidades delas, entregando uma crise de realidade a toda a equipe da seção 6, que honestamente gostei muito, por mais sádico que isso possa soar de minha parte. Já que é nesse momento em que a urgência da trama chega no ápice, e conseguem exploram mais a fundo a questão da psique das personagens e tudo mais. O restante dos personagens conseguem ser funcionais, apesar de não se destacarem também, com a produção conseguindo manter a mesma eficiência da S2.E com isso, Strikers se prova como mais um experimento bem sucedido da franquia. Oferecendo um foco maior em outras temáticas como o seu Worldbuilding, além de manter a franquia renovada com um novo elenco de personagens, e conseguindo manter a essência que fez a franquia ser tão atrativa, especialmente em sua segunda temporada. Em que mesmo que eu ache que ela não tenha tido o mesmo nível de coesão da A’s pelos deslizes citados acima, ainda sim ele mantém o mesmo padrão de qualidade da temporada anterior, com arcos bem marcantes e uma expansão ainda maior em relação ao universo da franquia que não tinha sido tão explorado até então. Fazendo dela uma temporada muito proveitosa e bastante divertida.

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