The Promised Neverland 2 | Primeiras Impressões

A continuação mais aguardada desta temporada, Yakusoku no Neverland S2, estreou no dia 7 de janeiro causando alvoroço. Mais do que a simples volta de um grande sucesso ou a abertura linda para cacete, que não tem “na na na na na na” mas é 1m30s de um storyboard impressionante, dias antes da estreia, o público se deparou com a notícia de que a temporada teria um arco original. O fato de que seria escrito sob a supervisão da autora do mangá, Kaiu Shirai, não foi o suficiente para acalmar os fãs, tão ávidos pela manutenção da experiência original (só que com áudio, vozes, trilha sonora, cores…) e a maioria também se assustou com o conteúdo do primeiro episódio, que veio com o sangue nos olhos e a faca no dente, cortando sem dó nem piedade.

Li o mangá até o capítulo 99 (até onde eu aguentei) e, sim, me surpreendi com a chegada precoce de Musica e Sonju. Ao mesmo tempo, está muito cedo para opinar, já que esse corte de agora pode ser benéfico para o todo, favorecendo o recorte desta temporada lá frente. Vale lembrar que o mangá de Neverland já disse o que tinha para dizer, acabou, então originalidade da direção e roteiro são bem-vindas na adaptação desse material. E vale lembrar também que isso já foi extremamente benéfico para a 1 temporada: ela não focou tanto em pensamentos, mais nos mistérios e twistes, e funcionou à sua maneira, além das adições interessantíssimas à personagem Krone e uma direção brilhante de seu flashback.

Entretanto, há algo que me incomoda. Não é cortar o problema. Primeiramente, uma das funções desse primeiro episódio deveria ser ambientar-nos do novo mundo em que os personagens se situam e eu acho que faltou explorar enquadramentos mais abertos. Ele não falha completamente, temos interações das crianças com certos elementos novos, a fotografia bonita permite visualizar bem o local e ter algum encantamento, mas o storyboard foi meio viciado em pegar os personagens da cintura pra cima, em enquadramentos fechados, sem muito do ambiente, o que me incomodou. Em segundo lugar, a cena em que Ray explora o segredo da caneta deixada por Norman tem a secura que foi muito companheira da obra na temporada anterior, com trilha sonora morna e bastante tempo para se desenrolar. Gosto desse estilo do Mamoru Kanbe, diretor da série, mas esse tempo todo gasto aqui pareceu atrapalhar todo o resto.

[Eu queria mais enquadramentos desse. Isso tá bem bonito, a composição da cena com a luz pelo meio das árvores e o tom azul deixa a cena bem bonita.]

Apesar dos cortes, foi um episódio guloso. Estruturalmente, ele estabelece uma ameaça, estabelece outra maior ainda cuja sensação de perigo vem da eliminação da primeira e ainda tem um twist. Talvez tenham sido coisas demais para se fazer nesse episódio? Eu realmente não gosto da transição meninos explorando a caneta => cena curta expondo a eminência do perigo dos demônios => os meninos são atacados. Nesta parte, eu imagino que antes de eles se darem conta do perigo deveria existir pelo menos algum diálogo para criar suspense, já que nós sabemos que a ameaça está próxima. Depois, a direção da morte da primeira criatura (um monstro em CG que me pareceu bem integrado às camadas 2D graças à cena noturna) não é bem dirigida, meio abrupta, então eu não consigo ver a entrada dos outros demônios como orgânica. Para piorar, qualquer sensação de perigo na fuga do Ray é dizimada pela curta duração; quando há a chance de termos emoção, ele é salvo por Sonju. E a cena em si mal da pra entender o que aconteceu. Não fica claro o movimento do Sonju aparecendo e realizando a ação. Penso que seria melhor ter acabado esse episódio com o Ray prestes a ser sequestrado do que fazer mistério sobre a identidade de Musica e Sonju. Ou talvez se a cena da caneta fosse mais dinâmica, o tempo para as outras sequências poderia ter sido melhor administrado e poderíamos respirá-las melhor, realmente sentir o perigo.

Sobre todos os pesares acerca deste primeiro episódio, eu confio nessa equipe. Seu trabalho em 2019 foi marcante, consistentemente bom, com um dos finais mais lindos do ano. O jeito é ter calma e ir se envolvendo episódio a episódio, sem ansiedade sobre esse arco original. Ele pode agregar algo sobre a mensagem principal e isso seria ótimo. Que as aventuras de Ray e Emma continuem!

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