Adachi and Shimamura #01 e #02 – Primeiras Impressões

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Histórias sobre as emoções de adolescentes em anime são francamente tão comuns quanto uma gota de água no oceano. Para realmente se destacar, dramas de personagens juvenis precisam trazer algo especial para a mesa – não necessariamente algo novo, mas algo que eleva a narrativa rotineira à verdade emocional (algo que a KyoAni tem dominado à anos). Para AdaShima, a excelência surge de uma mistura de grande habilidade técnica, ritmo incomum e pequenos momentos bem observados. E se você estava aqui vendo todas as minhas coisas favoritas dos últimos anos – Liz and The Blue Bird, After the Rain, Just Because, Given, Hoshiai no Sora, Tsurune…. ok, já ficou claro – sabe que sou um fã sem salvação do gênero.

Meu conhecimento externo de AdaShima é bastante limitado – eu sei que é uma light novel de romance yuri de um autor que também lidou com o spinoff focado em Sayaka de YagaKimi. YagaKimi foi facilmente um dos dramas de personagens mais fortes dos últimos anos, e me disseram que Adachi é flagrante de muitos dos mesmos pontos fortes. Até agora, isso se provou verdade: AdaShima possui uma compreensão aguçada das nuances de diálogos, com heroínas frágeis, idiotas incertas que genuinamente se apoiam, mas que tem quase certeza que irão machucar um ao outro da mesma forma.

O primeiro encontro das protagonistas, trazido por flashback, retratava toda a compreensão da serie da estranheza nua e crua da verdadeira vida cotidiana. Era tudo centrado na crueldade do ciclo de vida de uma cigarra, e transmitia Shimamura como uma figura misteriosa, alguém com um lado pragmático e romântico. O que é exatamente o tipo de especificidade estranha que você deseja em uma história como esta – ao invés de sentimentos arquetípicos que você poderia atribuir a qualquer personagem, como a tristeza universal da perda de um familiar, os sentimentos dessas personagens são construídos a partir de momentos inegavelmente específicos, que ajudam elas a se sentirem como indivíduos únicos e também oferece ao público uma sensação de intimidade conspiratória, um parentesco com esses personagens que pode evoluir para compreensão e investimento emocional.

Você poderia ver isso como uma versão de “mostre, não diga” – não somos simplesmente informados de que Shimamura é estranha e atraente, mas vivenciamos o momento preciso em que Adachi compreendeu isso. Mas claro, contar histórias como essa exige um autor que entenda que a vida é composta de momentos individuais distintos, e que o drama humano convincente deve seguir o exemplo (o que as pessoas normalmente veem como um enchimento-narrativo/filler). Se você não consegue capturar um momento específico na vida de um personagem, como pode esperar contar a história de sua vida? A estrutura para historias é importante, mas a estrutura por si só não dá vida aos personagens. Fórmulas narrativas raramente são responsáveis ​​por momentos inspirados e bem observados como este.

Adachi Sakura e Shimamura Hougetsu, são amigas e parceiras de crime, matando aula para jogar pingue-pongue. A maneira como a bola é lançada para frente e para trás, o som sutil das batidas que faz quando quica e a maneira como às vezes erra a mesa e rola para longe, são todos agradáveis indicativos de sua amizade delicada e hesitante.

O pequeno esconderijo de nossas heroínas é violado quando as amigas de Shimamura as descobrem jogando pingue-pongue. E, claro, Adachi imediatamente se retira para um silêncio autoconsciente. Sua linguagem corporal transmite claramente sua incapacidade de relaxar e sensação de distância do resto do grupo. Ela permanece em pé indiferente contra a mesa de pingue-pongue, enquanto as outras se sentam para almoçar. A geometria de seu ponto secreto também facilita essa separação visual, com a Adachi dividida do grupo pelas barras do ginásio.

No dia seguinte, está claro que as amigas de Shinamura assustaram Adachi – Shinamura percebe que ela se ressente delas por isso, e prefere preservar seu vínculo com Adachi. As amigos de Shinamura incorporam o caminho fácil e padrão do ensino médio, apresentando amizades superficiais com as quais você gosta de conversas leves e atividades divertidas. Nada da fadiga de conversas emocionais e sinceras. Shinamura acreditava que ela queria isso, porque era uma das melhores formas de preservar sua própria segurança emocional – mas depois de passar um tempo com Adachi, ela fica imediatamente cansada da agradável superficialidade de seu escolhido grupo de amigas. É realmente conveniente que Keichiro Ochi seja o compositor de série aqui, ele esteve contribuindo com um grande número de roteiros para Oregairu, um dos programas mais bem escritos dos últimos dez anos que também lidava com a verdade emocional dos relacionamentos humanos.

Por fim, enquanto o primeiro episódio teve que dedicar grande parte de seu tempo para simplesmente estabelecer as condições e relacionamento de suas protagonistas, o segundo se viu livre para ser absolutamente repleto de pequenas conversas bem ilustradas que ajudaram muito a desenvolver a personalidade das suas personagens. Ambas Adachi e Shimamura já parecem pessoas totalmente realizadas, e o seu primeiro episódio não perdeu tempo estabelecendo o tom único de seu relacionamento inicial, bem como as circunstâncias que levaram ao seu vínculo. Ambas são solitárias, mas por razões muito diferentes – Adachi parece genuinamente apartada da vida escolar, uma matadora de aula que se tornou estranha e solitária em seu isolamento, enquanto Shimamura é o seu cínico social clássico, perfeitamente capaz de administrar seus assuntos pessoais, mas entediada pela mundanidade do colégio. AdaShima é facilmente o roteiro mais forte que vi nesta temporada, apoiado por uma direção incomumente cuidadosa com storyboards inteligentes que fazem grande uso de espaços fechados e externos, e de planos de fundo e trabalho de cores também consistentemente bonitos. Adachi and Shimamura abre com uma declaração de propósito visualmente impressionante e emocionalmente envolvente. Estou pronto para o próximo!

Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★


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