Shoujo☆Kageki Revue Starlight #11 – O Palco nos Revive | Análise Semanal

Episódio 10 de Revue Starlight é tudo sobre nos mostrar como Karen não tem um lugar no sistema tradicional de estrelas do Takarazuka. Usando Maya Tendou e Claudine Saijou como o par padrão da série, Revue Starlight pinta uma imagem de duas pessoas que geralmente concordaram com o sistema. Embora ambas tenham se beneficiado e sido prejudicadas por esse sistema, elas ainda são o par ideal – o mais próximo que a série tem de um padrão para as garotas do palco seguirem. Claudine, em particular, é interessante, uma vez que ela assume o papel tradicional da musumeyaku (a garota principal que é guiada por aquela no papel de “homem”, otokoyaku) dentro e fora do Revue. Isso a faz desmembrar-se depois da perda que mais a afeta –  ela não só está cobrindo Maya, seu otokoyaku, mas ela também genuinamente acredita que Maya nunca poderia perder.

 
Nós vimos Karen tanto no papel de otokoyaku quanto no de musumeyaku em toda a série e ela parece se encaixar no último mais do que no primeiro, mas ainda desliza entre os dois, especialmente em situações em que ela sente a necessidade de agir e “salvar” Hikari. Mesmo assim, ela sempre é movida pelo desejo de ficar no palco ao lado de Hikari, de acordo com sua promessa de infância. Mais uma vez, isso mostra o quão inadequada Karen é para o sistema. O sistema de estrelas inevitavelmente coloca todos uns contra os outros na busca da estrela principal. Karen evita essa ideia através de sua ideologia falada, e suas ações apoiam isso: a posição zero é uma meta somente se ela puder ficar lá com Hikari. (Como um apóstrofe, qualquer amor romântico que ela tenha por Hikari é certamente proibido dentro do sistema também.). 

Além disso, Karen não tem a altura natural de Daiba “Banana”, ela não era a estrela de sua cidade natal como Mahiru Tsuyuzaki, ela não trabalha depois das aulas por horas como Junna Hoshimi, ela não tem o físico ou a história da família de Maya.

Na verdade, dado o nível de talento e a aparência geral de Karen, é um pouco surpreendente que ela tenha sido aceita na Academia de Música Seisho (já sabemos que ela não foi a última em suas audições de classe, tendo sido Futaba), embora ela não tenha falta de paixão. De fato, a versão que Karen bate e vence no primeiro episódio é a Revue of Passion. Revue Starlight não tem sido sutil sobre a imagem de Karen (não Hikari, apesar de sua recente chegada como estudante transferida) como uma outsider.


No entanto, a girafa – e por extensão, o sistema top star Takarazuka que ela representa – está errada sobre um detalhe importante da personalidade de Karen: ela não se contenta em ficar nos bastidores se Hikari estiver em perigo. É aí que ela assume a liderança, por assim dizer, em uma posição mais dominante do que seria tradicionalmente permitido para alguém no papel feminino, que a série a padroniza visualmente quando ela é pareada com Hikari. Quando Hikari estiver envolvida, Karen vai cruzar a linha, como mostrado nos episódios anteriores e  em várias cenas durante este episódio 11. Karen abre a série escalando a girafa, a personificação do sistema de estrelas, e obriga-a deixar entrar. Ela está ativamente desafiando o sistema desde o início.

Da mesma forma, neste episódio, vemos Karen cavar a parede e abrir as portas do elevador com um pé-de-cabra para voltar ao palco e encontrar, ou melhor salvar, Hikari. Karen não é uma pessoa passiva. O lugar que ela forjou para si mesma na Seisho e no Revue é através de pura força de vontade e sua promessa a Hikari.


Por causa disso, também não é surpresa que Karen perca seu brilho apesar dos melhores esforços de Hikari. Hikari leva o título de top star e depois desaparece completamente devido à sua insistência de que a girafa não tome nenhum poder de qualquer outra garota derrotada. 

 Em vez de andar pelo mesmo caminho que Karen (e depois parar), elas estão em pé em seu próprio palco.

Essa é a única maneira pela qual Hikari sabe mudar qualquer coisa, sacrificando a si mesma. Não é um bom caminho e não quebra verdadeiramente o ciclo, mas a sua escolha permite à Karen e companhia seguir em frente com a performance do 100º Starlight pela primeira vez, presumivelmente sem perder nada. Nesse episodio ainda somos presenteados com Banana entendendo o poder do tempo, a beleza do agora; afinal, o ‘agora’ só é reluzente por causa da sua efemeridade. “Uma luz que nunca se apaga… Uma paixão e excitação sem fim… O momento que durará para sempre, queimando nas memórias… “

No entanto, vemos Karen chegar à mesma conclusão que Hikari, após a derrota para Judy Knightley nos duelos de Londres: a perda do amor pelo palco. Ela até passa pelo mesmo movimento de mãos, interrompendo um ensaio em andamento. Todos os esforços de Hikari foram em vão porque tudo o que Karen queria era estar no palco com Hikari. Claro que Karen perderia seu brilho sem Hikari. Também não é coincidência que Karen não tenha realmente chorado pelo desaparecimento de Hikari até que ela entendesse exatamente o que Hikari tinha passado em perder sua motivação para o palco. 

Revue Starlight (e Karen) não quer um mundo onde as garotas do palco tenham que sacrificar suas ambições, suas amizades, seus relacionamentos e a si mesmas pelo sistema de estrelas. Karen e Hikari ainda podem não me parecer heroínas convincentes (eu gostei do material solo de Hikari no episodio anterior), mas é quando elas estão juntas que tudo se faz valer; as duas repetem uma combinação de truísmos sobre amizade e não-declarações sobre “brilhe ao máximo”. O que quero dizer é que juntas, elas vendem seus papeis de heroínas.

Além disso, vendo a mudança de Claudine (no episodio 10) de “todos seremos julgados pela imparcialidade do palco!”, para “qualquer coisa, exceto Maya, deixe-me falhar em vez dela” me pare ser a alma da Revue Starlight em miniatura.

Nosso herói, com toda a certeza, caminha em direção ao seu destino e é gradualmente acompanhado por todas as pessoas que conheceu até agora. 
Bonito e obvio paralelo visual com as deusas do Starlight.

 

Avaliação:      ★ 
***