Banana Fish #11 e #12 | Análise Semanal

O que é a Confiança? É uma palavra tão habitual em nosso dia a dia, mas tão… Digamos… Usada de forma corriqueira, na maioria das vezes, ao ponto de distorcemos sua importância em um emaranhado de sentimentos alternativos. 
Muitos acabam confiando cegamente em tudo e outros desconfiam de qualquer coisa. Eu mesma em minha experiência sou uma pessoa bastante desconfiada e o que me levava muito a esse sentimento era o medo. E se por um lado muito do que envolve a desconfiança é o sentimento de medo, por outro, o excesso de confiança é apenas uma faixada para a falta de interesse em conhecer algo ou alguém. Mas nem tudo é medo ou apatia. 
Pra mim, uma das cenas mais importantes de Banana Fish no que se refere a relação entre Eiji e Ash, é o primeiro encontro entre eles, que inclusive já mencionei mais de uma vez nas análises anteriores e sempre vale ressaltá-la quando temos episódios como esse dois últimos. Porque a base do relacionamentos deles é justamente a Confiança, tanto que isso é sempre destacado, como por exemplo, no episódio em que o Ash está mexendo num computador com o Wut ao lado e o Eiji entra no quarto. Nessa cena o Ash havia sido arisco com o Wut por se aproximar de suas costas, mas baixou totalmente sua guarda para o Eiji. E no episódio 11, temos algumas cenas cômicas como o Eiji acordando o Ash, enquanto o resto da gangue está com medo de uma possível reação de seu Boss. É como o Ibe e o Lobo conversaram: Eiji se tornou o calcanhar de Aquiles do Ash.
Mas enfim, entre o medo e a apatia, onde o Ash se posiciona? O fato dele desconfiar das pessoas o tempo todo não significa algum afastamento, a verdade é que ele conhece muito bem o mundo em que vive e os tipos de pessoas com quem está lidando. Ou seja, é um personagem com uma visão já calejada para os comportamentos traiçoeiros e mundanos das pessoas. Enquanto o Eiji é alguém propositalmente já retratado com uma cara de bobo, que passa um ar de inocência pela forma como se comporta e por dizer simplesmente o que está pensando. E foi quase como “amor a primeira vista” que o Ash entendeu esse lado do Eiji logo de cara e pouco a pouco esse elo de confiança apenas foi se fortalecendo.
Mas algo ainda estava faltando para que nos importássemos com a relação entre eles, como a química, e foi no que o episódio 11 em especifico ganhou uma boa dedicação para trabalhar nesse quesito. E é onde também agradecemos a diretora por reduzir bastante o ritmo do anime, que apesar da qualidade do seu trabalho ser um pouco inconsistente, ela consegue desacelerar em pontos específicos para que entendamos os personagens. (E claro, ela entende de fanservice e sabe o que nós mulheres e meninas shippadoras de plantão queremos ver e.e)
O contato humano, conversas descontraídas, brincadeiras, provocações, e aqueles poucos momentos onde os problemas do mundo desaparecem deixando apenas a amizade e o sentimento agradável de um estar com o outro existirem em paz por uma pequena parcela de tempo, são coisas que se tornam o motor para o desenvolvimento desse laço entre os personagens, onde o Eiji passa a se importar cada vez mais com o Ash, e o Ash a confiar no Eiji mais do que algo relativo a se sentir seguro socialmente, mas internamente, tendo a ele como alguém para depositar seus medos e sentimentos.

Voltando a falar na direção, esses dois episódios, principalmente o episódio 12, tem um bom trabalho visual com o uso das cores (tons amarelados relativos ao calor, luz e alegria; tons vermelhos para o perigo e sangue; e os tons verdes e roxos para o desequilíbrio), enquadramentos sugestivos e contrastes na montagem da cenas. Como por exemplo a imagem abaixo, onde temos uma sequencia de cenas “Luz e Escuridão”. Aliás, o nome desse episódio 12 (To Have and Have Not) encaixa perfeitamente com a comunicação visual trabalhada nele. 
E a cena final é ainda bem mais sugestiva à essa escolha do Ash de afastar o Eiji…
E assim como mencionei mais acima sobre os tons de verde e roxo apontarem o desequilíbrio, a diretora usou também alguns planos com enquadramentos que apontam bem as decisões obscuras dos personagens ou as suas incerteza, sobre o que é certo ou errado, o que fazer ou não, o que ter ou não.

Em relação as ações contra Papa Dino e a gangue do Arthur, as coisas coisas passam a entrar muito mais num jogo xadrez a partir daqui e com isso também ficam muito mais interessantes do que apenas uma caça de gato e rato com tiros pra todo o lado. O contra golpe do Ash o coloca em uma posição que o permite bater de frente de uma maneira muito mais inteligente e condizente com o que é vendido sobre o personagem. E a série começa a crescer para algo que vai alem da ação.

Eiji da semana:

Avaliação do Episódio 11: ★ ★ ★   (++)
Avaliação do Episódio 12: ★ ★ ★  ★