Banana Fish #1 e #2 | Análise Semanal

Banana Fish é um mangá dos anos 80 de ação, suspense, máfia… E que ninguém esperaria que seria adaptado para anime, pelo menos não até alguns anos atrás. Mas em tempos de mudanças, se há um estúdio que pode fazer algumas coisas diferentes, esse é o MAPPA.

 
E devo dizer que meu nível de expectativas e confiança para essa adaptação estavam muito altas. Mesmo sabendo que a história iria ser adaptada para os tempos atuais e do grande risco de ser rushada. Well, a estréia acabou que sendo bem mais do que eu esperava. Foi sim muito – mas, muito mesmo – rushada, porém, entregou um trabalho audiovisual excelente, com uma animação muito boa, muitos traços no character design, uma direção de arte sensacional e uma trilha sonora bem ritmada. E com esses dois primeiros episódios, fiquei também ainda mais confiante com a fidelidade da obra.

Claro que houveram alguns cortes, mas todos de cenas que apenas naturalizariam algumas cenas. Por exemplo, alguns diálogos descompromissados ou algumas conotações. Acabou que optaram por um roteiro bem mais objetivo, porque muito provavelmente adaptarão todo o mangá nesses dois cours planejados para o anime. O problema é que isso trouxe um ritmo que já se mostra inconsistente de um episódio para o outro. No primeiro, coisas demais aconteceram, os personagens tiveram uma apresentação bem apressada e menos tempo em tela para que acostumássemos com ele. Isso refletiu bastante na falta de impacto que a morte do Skip teve no segundo episódio, enquanto o mangá já trabalhava mais a familiarização com o personagem e evidenciando a importância que ele tinha para o Ash.

O episódio dois tirou o pé do acelerador e deixou a forte impressão que o roteiro vai focar bastante nos personagens centrais, Ash e Eiji e o relacionamento entre eles, o que explica o fato dos demais personagens terem menos tempo em tela enquanto as cenas dos dois é melhor preservada. Não que isso seja ruim, era algo realmente previsto, então quebra um pouquinho da qualidade do roteiro – até porque os personagens secundários são interessantes.

 
Ainda sobre o ritmo: não gostei da montagem, acho que a diretora deveria amenizar ou estilizar as transições. O que cairia como uma luva para ditar esse ritmo seria o uso de vários cortes rápidos entre as transições como Darren Aronofsky fez em Requiem, mas ai também seria pedir demais, né? (Ou não?) O lado bom é que a trilha sonora faz um pouco esse trabalho de ditar o ritmo, ela combina com as cenas e com a faixa a seguir. Aliás, eu amei. A parte audiovisual do anime é realmente boa e harmônica. O clima, o enredo e os cenários tem os tons de hip hop e jazz, e acertaram muito nas produção musical do anime. Ou quase, se ignorarmos a insert song de rock emotivo no final do primeiro episódio. Brega!

Já os cenários tem uma excelente composição visual e são riquíssimos em detalhes e na qualidade da imagem. Além de bem estilizado com grafites e a paisagem Novaiorquina, o background não destoa do character e tem um ótimo trabalho de luz e profundidade.

 
O enredo nesse começo não é lá essas coisas, mas é bem escrito. Ash é um garoto à mercê do mundo do crime por falta de opções, nós vemos que o único familiar com quem ele vive é o Griffin, que se encontra num estado vegetativo depois de ser drogado e a única pista sobre esse caso é o codinome Banana Fish. De um jeito meio conveniente, confesso, mas nada muito grotesco, Ash esbarra com um cara portando uma droga e esse cara fala o mesmo codinome “Banana Fish”.

A partir disso o roteiro entra num estado narrativo de ação e consequência, então as coisas vão bem se desenrolando sempre de uma forma progressiva. Como as desconfianças do Papa Dino e o desenvolvimento para as armadilhas que são montadas contra o Ash. Já o Eiji entra muito que sem querer nessa bagunça toda e a forma como ele é encaixado é bem legal, pois o envolvimento entre ele e o Ash não é algo premeditado e se desenvolve muito por acidente, o típico “hora errada no lugar errado”.
“O vislumbre da liberdade”
 
A direção trabalha bem no episódio dois a atração e inveja que o Ash sente pela liberdade e provavelmente a inocência de Eiji. Isso fica ainda mais evidenciado na cena do hospital quando o Ash exclama olhando para o céu através da janela, o fato do Eiji ter seu próprio jeito de voar. Afinal, Ash é como um pássaro na gaiola, ou melhor, um animal enjaulado… E ainda mais enjaulado agora que seu destino é a prisão.

O que esperar daqui pra frente? Eu acredito deva manter esse ritmo, freando em cenas mais importantes para o desenvolvimento (Principalmente do Ash e do Eiji) e acelerando nas demais cenas, cortando apenas o que não é muito necessário para a trama. E bem, como disse, o começo não é lá essas coisas. Quem já leu o mangá ou parte dele, ou conhece quem leu, deve estar ciente de que os problemas são crescentes, a trama vai se agravando e algumas coisas inesperadas devem acontecer. Banana Fish é uma daquelas obras bem legais para se acompanhar com discussões..Só peço para que aqueles que já leram ou espiaram o mangá, tenham bom senso e não saiam dando spoilers 


PS: existe uma tag para quem usar spoilers nos comentários: <spoiler> escreva o spoiler aqui </spoiler>. 

Avaliação do Episódio 1: ★ ★ ★ ★  (+++)
Avaliação do Episódio 2: ★ ★ ★ ★ ★ 

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