Mobile Suit Gundam (1979) | N.A.N.I. #3

|Episódios: 43 | Estúdio: Sunrise | Fonte: Original | Diretor: Tomino Yoshiyuki| 
 
OBS – Esta análise possui spoilers sobre a série.
 
Sinopse
É o ano 0079 no século universal. A humanidade se mudou para o espaço, vivendo em aglomerados de colônias conhecidos como “lados”. Um desses lados se declara o “Principado de Zeon” e declara guerra à Federação da Terra, o órgão governamental que atualmente governa a Terra. Usando poderosos robôs humanóides conhecidos como “trajes móveis”, Zeon rapidamente ganha vantagem. Nove meses depois do conflito, a Federação da Terra desenvolveu seu próprio terno móvel chamado Gundam. Quando Zeon lança um ataque à colônia segurando o Gundam, um civil de 15 anos chamado Amuro Ray de repente se vê envolvido em um conflito que o levará a toda a Terra e ao espaço, colocando-o contra o piloto do inimigo, Char Aznable.
O anime faz parte da nossa lista de reviews da tag N.A.N.I. – Notáveis Animes na Indústria, contemplando as séries que foram importantes – revolucionárias, relevantes e históricas – por várias questões no contexto de seu tempo, tornando-se um dos clássicos de toda indústria.
Análise
Mobile Suit Gundam é certamente uma das maiores e mais revolucionárias franquias nipônicas. Qualquer pessoa minimamente assídua nesse universo anímico, já ouviu falar desta obra, seja para o bem ou mal. Mobile Suit Gundam é simplesmente a obra mais famosa do gênero Mecha, transformou toda a indústria de animação vigente na época, e também sendo o responsável-mor da popularização dos robôs gigantes no Japão na década de 80 – até então, os programas de mecha eram totalmente grotescos e puramente comerciais.
 
Todavia, o contato a priori da maioria dos telespectadores atuais com a obra não é dos melhores. O que é justificável, pois  trata-se de um título oitentista e eventualmente datado, que conta com uma trama excepcionalmente simples. Mas, tais máculas não abolem totalmente a qualidade, importância e charme deste grande título, que embora não seja uma genuína obra-prima, é ainda sim um título digníssimo. Gundam é uma belíssima crônica de mortes, laços e conspirações.
 
A franquia Gundam conta com uma infinidade de Séries de TV, Livros, Quadrinhos e Games, o que reflete sua enorme popularidade e influência. E acentuando o enorme influxo da obra, temos célebres obras como Neon Genesis Evangelion e Macross, com nítidas influências de Mobile Suit Gundam.
Sendo indiscutivelmente um dos títulos mais importantes da história da animação japonesa, tornou-se produto indispensável para qualquer fã de animação, aos mais devotados, um mergulho profundo na fábula da indústria de animações e a toda a práxis que Gundam trouxe.
Mobile Suit Gundam é um conto sobre a guerra e política, onde a fórmula orgânica de seus 43 episódios, é puramente o embate estratégico e ideológico entre a Federação e o Principado de Zeon. A trama da obra não impressiona, os conflitos com o passar dos episódios tornam-se repetitivos, com o excessivos ataques e  contra-ataques das entidades envolvidas. Felizmente, o elenco de personagens é fortíssimo e impele o telespectador a suportar a mediania do enredo. O drama dos personagens e suas históricas, é um dos pontos altos da obra.
A produção da série é barata, o que obviamente não proporciona um aproveitamento total das cenas ação, fator que contribuí para a trama central não ser lá muito destacável. Mas é notório o esforço da staff, mesmo com a escassez de recurso, Gundam entrega um trabalho de arte muito competente para a época, com uma vasta variação de cenários e alguns cortes animados de batalhas bem feitos, além da trilha sonora que funciona perfeitamente dentro do universo da série.
Apesar da trama ser bem simples, Gundam conta com um plano de fundo e conceitos estruturais bem complexos, com um forte embasamento em ficção científica e uma infinidade de histórias paralelas – recurso narrativo pouquíssimo explorado na época. A obra apresenta um conflito bem crível, nada muito fantasioso, é simplesmente uma guerra intergalática entre terráqueos – que em nada lembra o grandioso Legend of the Galatic Heroes, ao menos no aspecto narrativo.
Mobile Suit Gundam aproxima-se mais de um conto de personagens e seus respectivos conflitos, do que uma odisseia espacial tradicional, haja visto a mediocridade das batalhas da obra. O núcleo-mor de personagens é notável, destacando Amuro Ray e Char Aznable, protagonista e principal antagonista respectivamente. A caracterização de Char Aznable é demasiadamente interessante, naquela época, o lado oposto ao ideal do protagonista era sempre formado por alguém genuinamente ruim – vilão. O que não é o caso de Char, ele é o típico “vilão” mascarado, esbanjando imponência, mas que por vezes não é totalmente maldoso, apenas possuí desejos e concepções diferentes, é de longe o melhor personagem do anime. Enquanto Amuro Ray, cria o estereótipo do adolescente comum e pacato, sendo forçado a pilotar um robô gigante e carregar o peso da vida de várias pessoas nas costas, uma enorme responsabilidade.
Dentro desse contexto, é perceptível que não existe bem ou mal nessa história. Apesar de toda a incompetência da Federação, o extremismo do Principado do Zeon não é nada parcimonioso. Ou seja, ambos os lados são errados na história e amplamente responsáveis pelo derramamento de sangue. E o derramamento de sangue, se resume a uma batalha atrás da outra, sem muita variação estratégica ou espacial, são simplesmente combates sucessivos, cada batalha contando com novos mechas. A transição dos arcos são sempre muito apressadas, o que tira muito do valor dos acontecimentos.
Por corolário, para além dos personagens e sua enorme influência, não há muito o que pontuar sobre Mobile Suit Gundam. É uma boa obra, um entretenimento super válido, mas que  poderia facilmente ser otimizada. Há muito conteúdo desnecessário e acontecimentos sem valor ao longo destes 43 episódios, mas há muito valor também, foi sem dúvidas umas obra muito a frente de sua época. Bem melhor seria se tivessem perdido menos tempo de tela com as batalhas e focam-se ainda mais nos personagens, mas isso seria pedir demais. Aos mais antenados com a história da indústria de anime, é uma experiência extremamente válida.
Direção: 8 (Ótimo)
Roteiro: 5 (Mediano)
Produção visual: 7 (Bom)
Trilha Sonora: 8 (Ótimo)
Entretenimento: 7 (Bom)
 
Nota Final: 7 (Bom)
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