Major 2° Geração – Primeiras Impressões

Em época de Boruto, é muito normal ver os narizinhos torcendo para esse anime, mas será que esse é o Boruto do basebol? O autor Takuya Mitsuda (mesmo autor da saga original) faz algo inusitado, ao invés de repetir a história de Gorou, ele resolve brincar com a oportunidade e fazer as coisas ao contrário do que ele e a maioria das ficções esportivas costumam fazer.
Daigo Shigeno (Filho de Gorou) é uma criança que nascida numa família de viciados por basebol, cresce apaixonado pelo esporte e sonhando em ser igual ao pai. Mas os sonhos do garoto são quebrados quando ele percebe que não tem talento e o peso disso se torna ainda maior por ele ser o filho de Gorou, fator que multiplica as expectativas e posteriormente as decepções das pessoas em relação a ele. Assim, o personagem que pensava ter herdado os dons do Gorou, passa a viver as sombras da carreira de seu pai. O resultado é um pirralho amargurado que passa o dia todo jogando vídeo game. Pra “melhorar”, surge do além o filho de Satou (Antigo companheiro do Gorou e uma das estrelas da Major League no desenho). 

Esse menino, Hikaru Satou, ao contrário do Daigo, nunca jogou basebol na vida e sequer conhece as regras do jogo. No entanto, é um menino com um talento nato para esportes e que tem justamente os dons que Daigo sempre sonhou em ter. Se isso não fosse o suficiente para deixar Daigo emputecido, Hikaru ainda faz pouco do basebol.
É engraçado a posição em que o Daigo é colocado aqui, ele é a total desconstrução de um protagonista dos mangás/animes de esportes, assim como Hikaru, soando como se eles estivessem com papeis invertidos. É uma sacada genial do autor que re-inventa dentro do gênero esporte, brincando de desconstruir todos os clichês que ele mesmo seguia em Major.

Mais do que isso, em apenas 3 episódios, Daigo já apresenta uma profundidade muito grande, é um personagem cheio de camadas, conflitos e um enorme potencial para se desenvolver em diversos setores. O primeiro episódio veio explorando toda a construção do personagem que vai desde suas expectativas até a desolação, já os seguintes começam a explorar sua personalidade e suas frustrações. 

Um diálogo muito interessante é um que ele tem com Hikaru no 3° episódio, onde Hikaru argumenta que as outras crianças que estão jogando basebol não são talentosas e ainda assim pareciam felizes, então Daigo responde que eles não são filhos de jogadores famosos e por isso não são rotulados. Quer conflito mais real do que esse? Não precisa nem de esforço para enxergar a verossimilhança com o mundo real, aqui pelas terras tupiniquins mesmo, vemos direto a expectativa de muitos e a pressão em cima de filhos de algumas estrelas, que resolveram seguir a carreira do pai. Claro que no anime isso está em uma escala bem menor, mas é um ótimo espelho. De qualquer forma, se o autor tiver intenções de escrever o crescimento do personagem como fez com Gorou, essa pauta possivelmente será explorada em proporções muito maiores.
E Hikaro também trás camadas por trás de seu personagem, ele levanta muitas questões para a trama e estar carregado de mistérios o torna alguém bastante intrigante. Ele deve ser explorado aos poucos ao longo do anime. Acima de tudo, ele diz aquelas verdades na cara que nós sempre desejamos que sejam ditas.
Outro ponto muito positivo está no humor. Ter um personagem cheio de conflitos como Daigo apresentado em um tempo tão curto não é uma tarefa fácil e nem difícil, porém a forma como as coisas são conduzidas podem pesar no clima de uma obra. Aqui os personagens não recorrem a choros e trágicos flashbacks, o dramalhão é bem evitado dando espaço para algumas reações cômicas e outras bem mais humanas. Em outras palavras, o drama não é carregado o que o torna equilibrado, permitindo a variação no tom com facilidade.

Com esse brilhante primeiro passo, resta saber se a proposta será bem trabalhada, mas a confiança já foi plantada e independente de tudo, esse comecinho do anime tem uma grande importância para o gênero.

Porém, apesar dos pontos positivos, o roteiro tem umas inconveniências aqui e ali, mas nada gritante e que estrague de alguma forma os episódios. Fora isso, o ritmo está muito bom, seguindo mais ou menos o ritmo dos animes anteriores (Nada apressado e nem enrolado demais, basicamente no ponto). O anime também parece estar seguindo fiel ao mangá nessa etapa inicial. Entretanto, no 3° episódio o character já começou a se mostrar inconsistente e a própria animação também (que por sinal, é razoavelmente boa), desde que isso não afete as cenas durante o esporte não deve ser um grande incomodo. 

Ah! E não posso deixa de dizer o quanto a Ending do anime é um amor. Se a OST e a Opening passam meio desapercebidas por suas simplicidades, essa ending compensa com uma melodia muito linda. 

Por fim. A grande pergunta que resta sobre Major 2nd é: Então ele não é um “Boruto dos esportes”? Pode ser assistido sem ver o primeiro Major? – Claro! Esse anime insere novos personagens principais e um novo ponto de partida, no mínimo você só precisa saber quem foram Gorou e Satou, fora isso tem um personagem ou outro do elenco antigo e devem aparecer mais deles, mas sem ligações diretas.
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★