Yoru wa Mijikashi Arukeyo Otome (2017) | Review

Sobre
Uma menina de cabelos negros está caminhando pelas ruas de Quioto, da cena noturna de Pontocho para uma feira de livros de segunda mão em Shimogamo, depois para uma feira da faculdade. O personagem principal que tem um sentimento romântico por ela a segue e procura as oportunidades para encontrá-la de uma maneira que faça parecer uma coincidência. Infelizmente para ele, ela não está interessada no amor, e ainda não percebe os sentimentos dele. O que espera que esses dois personagens são incidentes causados por indivíduos como uma criatura mítica japonesa Tengu, o deus dos livros de segunda mão ou um agiota em um veículo de três andares.

 
Análise
Outra obra do autor de The Tatami Galaxy pela Science Saru com a direção de Masaaki Yuasa, utilizando [visualmente] os mesmos personagens da série dos quatro tatames e meio. Yoru wa Mijikashi Aruyeko Otome conta a história de uma garota que gosta de beber e o senpai que quer conquistá-la.
 
Com o bom uso da sátira à outra série, o conto se passa em vários momentos de uma única e extensiva noite que poderia muito bem ser vista como vários dias de acontecimentos, com a mesma desventura maluca e quase psicodélica da outra série em diversos eventos distintos.
 
A premissa novamente é simples e não chega nem arranhar os céus de complexidade exposta, há apenas muita comédia em um ambiente bizarro de socialização comum do povo japonês: vários assalariados – e outros tipos de pessoas – descarregando o stress diário, semanal, em copos e mais copos de bebidas. Dessa forma, as relações melhoram e todos ficam muito confortáveis e soltos com os teores de álcool liberando suas angustias e tornando-os mais soltos. Esse tipo de noite revela uma farsa das pessoas que saem de si próprias para relaxar, descontrair e terem mínimos momentos felizes em meio a uma vida monótona e arrastada.
A produção brinca com o fato dos personagens serem visualmente os mesmos de Tatami Galaxy, isto é, eles possuem literalmente o mesmo design, fazendo com que os que já viram a outra série façam conexões e busquem ligações com os personagens. Se é que isso existe. Apesar de algumas referências trocadas pelas obras, o conceito aqui é mesmo uma reciclagem visual para uma nova história que dessa vez gira em torno da mocinha – a “Kurokami no Otome”. Enquanto ela tenta afogar as lágrimas nos copos de bebida quase que literalmente, e faz um rumo natural dos acontecimentos com seus encontros com os amigos no bar e em diversos locais, o Senpai tenta interferir de várias maneiras para tentar declarar seu amor, buscando alguma forma de chamar atenção da garota – o que inclui tentar pegar um antigo livro que ela lia na infância para então devolvê-la e ser notado.
A análise e mensagem do filme, no geral, são essas simples nuances que são facilmente captadas inicialmente. Aqui Yuasa transforma tudo em várias aventuras em que o psicodélico e o pseudo-sobrenatural (talvez por causa do álcool?) tomem conta. As desventuras se seguem como uma forma de cruzar a linha dos dois personagens principais enquanto os outros secundários mostram empatia e caráter interessantes – novamente, alguns com possíveis semelhanças aos anteriores de Tatami Galaxy. O desenvolvimento amoroso é ingênuo e praticamente proposital na forma da narrativa de mostrá-lo como um incansável objetivo a ser conquistado. O anime brinca com esse fator e ainda coloca um final relativamente satisfatório nessa questão, o que apenas completa o ciclo de uma longa e viajada noite de diversão e buscas pela fuga da rotina e o desespero fictício pelo platônico. Yoru wa Mijikashi Aruyeko Otome, que se traduz como “A noite é curta, ande garota” faz um jus literal ao seu título como um divertido longa-metragem que aborda história simples com um toque criativo junto de uma mensagem já não tão original que apenas extrapola com sua forma diferente e artisticamente cômica de execução.
A produção, como esperado, é bem feita e não decepciona com sua expressividade visual já conhecida, além dos detalhes muito bem fluídos e sutis colocados em cena. O abstratismo e surrealismo junto do expressionismo marcante fazem uma execução muito boa no filme – por mais simples, humilde ou ingênua que possa ser uma história, Masaaki Yuasa não decepciona em tornar a experiência singular de alguma forma. E sabemos como.
É uma personagem muito fofa!
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