Explorando franquias: Vivid Strike

Após a adaptação de Nanoha Vivid, eis que uma nova obra original surge dentro da franquia. Com ela sendo considerado um Side Story deste Spin-Off. Visto que aqui, a Vivio e as suas companheiras se tornam personagens secundárias para dar espaço a um novo elenco, chegando ao nível das protagonistas da série clássica nem sequer aparecerem aqui. O que a primeira vista não me pareceu nada demais… Até o momento em que finalmente fui assisti-lo. Pois eu não farei rodeios e direi logo de cara que ele é péssimo. Ao ponto de conseguir o desprazer de ser ofensivo em um nível que nunca poderia pensar que a franquia chegaria, nem em minhas piores hipóteses. Em que além de certos erros vistos em temporadas anteriores serem agravados, novas falhas acabam surgindo, com essas sendo um tanto preocupantes. O que é algo bizarro, visto que o criador da franquia e o responsável pelo enredo da série clássica, o Masaki Tsuzuki,  também está creditado no roteiro dessa obra. O que só faz com que eu me pergunte o que diabos aconteceu para isto ter saído tão ruim.

O primeiro episódio já começa com uma serie de decisões que já me causou uma certa estranheza. Em que ao contrário do Nanoha Vivid, que continha um estilo mais cômico e leve. Ele assume uma pegada bem mais contrastante, sendo muito séria e dramática. O que não seria algo ruim, se as falhas não começassem a aparecer de uma maneira quase que imediata. Com os erros graves de construção nas composições das personagens, em que a Fuka é vendida quase como uma delinquente, com uma personalidade bem violenta, impulsiva, raivosa, e arisca. Para no começo do episódio seguinte parecer uma outra personagem. Sendo super simpática, alegre e obediente com a Einhald e as outras sem absolutamente nenhuma explicação ou cena que fizesse isso soar crível, se provando nada mais do que um mero recurso preguiçoso de roteiro. Com cena do treinamento sendo igual, em que após ela levar uma surra da Vivio e das outras no treino e a Einhald falar sobre a técnica para contra atacar a Vivio, na exata cena seguinte ela já aprende a técnica, revelando mais uma falha de contextualização. E se no Nanoha Vivid ainda tinha a desculpa de ser uma adaptação, logo era inevitável certas coisas ficarem de fora. Isso não se aplica aqui, já que essa temporada é original.A direção também soava muito estranha em certos momentos. Especialmente pelo uso exagerado dos quadros estilizados não apenas nas lutas, como no duelo da Rinne com a oitava do ranking. Que mesmo sendo nada mais do que uma mera luta rápida para demonstrar o quão forte a Rine era, o diretor enfiou tantos quadros nela que acabou quebrando a fluidez da batalha, sendo que apenas 1 quadro no nocaute já seria suficiente. Mas também fora dela. Em que ele tentava dar tanto peso e inserir esse tom ultra dramático com os quadros em tantas cenas, que elas acabavam soando um tanto melodramáticas ou forçadas. Fora o fato deles infelizmente terem se rendido ao protagonismo descarado, em que eles nem sequer tentaram deixar as vitórias convincentes como nas temporadas anteriores. Em que tanto nas lutas finais com a Vivio, quanto na luta final com a Fuka, a Rinne perde de formas no mínimo, muito duvidosas. Já que querer me convencer que a Vivio conseguiu ganhar dando um grande ataque especial de 10 golpes com uma perna, um braço e costelas quebradas, enquanto a Rinne só tinha levado apenas alguns socos no rosto foi demais para mim. Com a luta da Fuka sendo pior ainda, em que eles tentam criar uma luta que se resume a apenas trocas de soco para dar um tom mais cru e visceral. Mas com a explicação medíocre de que a Fuka conseguiu ganhar dela por ela copiar o estilo da Einhald, da Vivio, da Rio e da Corona em 4 meses, sendo que a Rinne tinha treinado 4 anos. Que é bem ridículo. Bem diferentes das lutas de qualquer outra temporada, incluindo até mesmo o Nanoha Vivid. Visto que lá as lutas soavam muito mais elaboradas e convincentes do que aqui.Mas no fim do dia, a pior parte de toda essa temporada acaba sendo as personagens. Em que muitas delas não se tornam apenas muito rasas e esquecíveis, como a Nove. Que basicamente se torna um mero enfeite na trama, assumindo uma postura terrivelmente passiva em relação a atitudes de certos personagens que só se torna algo bastante frustrante, sendo algo bem oposto do que vimos dela no Nanoha Vivid. Mas com algumas chegando a ser realmente desprezíveis de uma forma involuntária. A Fuka se tornou facilmente a uma das piores personagens da franquia inteira. Ao ponto dela ser completamente mimada, irresponsável, insensível, e extremamente egoísta. Visto que apenas fiquei indignado ao ver que depois de ouvir sobre o passado sofrido da sua suposta melhor amiga, ela simplesmente soltar uma série de diálogos estúpidos, artificiais e grosseiros típicos de um coach de empreendedorismo. Com ela querendo apenas impor essa “mensagem otimista” completamente chula em cima da Rinne, sem nem compreender o grave problema psicológico que ela tem. Resumindo ele a uma mera “atitude mimada”, como se o fato de você sofrer de depressão e ficar completamente abalado devido a isso fosse um sinônimo de fraqueza, que é apenas nojento. Especialmente quando você percebe que a motivação dela para isso não vem de um senso de empatia pelo estado da sua amiga, mas sim pelo fato dela ter se sentido menosprezada pela Rinne e achar isso inaceitável por ter ferido o ego frágil dela. A situação foi tão ruim que até a Vivio, que era uma personagem que não tinha nenhuma intimidade ou ligação com a Rinne, conseguiu ter uma postura muito mais empática em relação a situação dela do que a própria Fuka, que deveria ser a sua melhor amiga. Que ironicamente, conseguiu ter mais desenvolvimento nessa temporada no que a adaptação em que ela era a protagonista principal, mesmo que por um breve momento. Com a questão da suposta fragilidade do corpo dela e tudo mais.E com isso, chegamos na Rinne. Em que ao mesmo tempo que ela foi a personagem que eu mais gostei, e a única que eu consegui sentir empatia devido a toda a trágica história dela e das graves sequelas causadas por isso. Ela também foi a responsável por revelar todos os elementos mais podres da obra, visto a maneira como eles decidiram explorar isso. Em que mesmo ela tendo sofrido o que ela sofreu, a obra faz questão de colocar ela como se ela tivesse culpa de ser da forma como ela é, e não uma vítima de diversas circunstâncias. Principalmente pela questão dela ser simplesmente abusada pela sua treinadora, a Jill. Que é facilmente a personagem mais desprezível e nojenta de toda a franquia. E que mesmo com tudo isso, eles não trabalham as problemáticas da Rinne com algum mísero pingo de cuidado ou responsabilidade. Ao ponto da obra sempre fazer questão de lembrar que ela sempre está errada por não conseguir enxergar “o lado bom das lutas” e tudo mais. E mesmo quando você tem raríssimos diálogos que soem aceitáveis, ou que transmitam algum mínimo de empatia pela situação da Rinne, eles são apenas anulados pelo fato disso estar sendo resolvido com uma luta ultra violenta entre ela e a Fuka. Que nesse contexto, só insinua que a depressão ou qualquer problema psicológico desse tipo pode ser contornado desde que você force essas ideologias na pessoa, sem se importar com a forma que você faça isso, soando como um imenso desserviço. Ainda mais quando você tem uma plateia durante a luta, com personagens soltando frases como essa sobre a Rinne, que… Urgh!E pior que tudo isso, apenas o desfecho da luta final e a resolução do conflito da Rinne. Pois além dela obviamente perder para Fuka por uma razão absolutamente estúpida como citei acima, você tem a conversa final da Rinne com a Jill. Em que durante a luta, a Jill não apenas assume que ela enxergava a Rinne como um mero objeto para realizar os seus sonhos e esconder o fato dela ser uma completa fracassada, mas como a obra mostra ela se aproveitando do delicado estado mental da Rinne para fazer ela passar por uma série de treinamentos completamente abusivos e sádicos, enquanto fazia uma lavagem cerebral nela.Com o ápice do absurdo deles terem tido a audácia de romantizarem o abuso e ainda insinuar que a culpa e a responsabilidade disso foi da Rinne e não da Jill. Querendo vender essa cena como algo muito feliz e comovente, mesmo ela falando que ainda continuaria abusando dela. E apagando totalmente toda a depressão que ela sofria, como se a luta final com a Fuka tivesse libertado ela desse mal e ela não tivesse mais nada a se superar, como se isso fosse algo muito simples de ser superado. Que chega a me faltar palavras para expressar o quão extremamente desconfortável e indignado eu fiquei ao assistir isso, honestamente.E sinceramente, eu não sei mais o que dizer a respeito desse Spin-Off. Fora o fato dele não ser apenas a pior obra que eu assisti não apenas da franquia, mas provavelmente uma das experiências mais desagradáveis que eu tive com animes em um âmbito geral. E por mais que eu pudesse falar que a direção consegue acertar em certos momentos, conseguindo criar cenas que realmente soam bem intensas, impactantes, ou viscerais. Ou aspectos que soassem interessantes como o conflito da Vivio durante o torneio, e a própria Rinne. Nada disso importa quando o enredo simplesmente decide abordar um tema tão delicado, de uma forma tão nojenta e irresponsável quanto essa. Especialmente quando você percebe que a série clássica conseguiu abordar os mesmos temas de uma forma bem mais cuidadosa. Ao ponto de que uma obra como essa estar associada ao universo de Nanoha ser algo simplesmente vergonhoso. Visto que no fim do dia, ele não é nada mais do que um mero caça níquel medíocre e vazio, feito apenas para arrancar dinheiro dos fãs da forma mais cínica e preguiçosa possível. Levando em conta que até certas cenas gráficas ou violentas, dão apenas a impressão de serem postas apenas para causar choque de forma gratuita. Somado ao “desenvolvimento” péssimo de seus personagens. Sem absolutamente nenhum aspecto que fez Nanoha ser uma obra tão querida e aclamada dentro de seu gênero, visto que até mesmo as lutas soam inferiores em comparação a qualquer outra temporada da franquia. Tanto que eu honestamente não recomendaria essa obra para absolutamente ninguém. Especialmente pelo fato de que ele poderia causar gatilhos emocionais para diversas pessoas devidos aos motivos citados acima. Principalmente em seus 3 episódios finais. Realmente algo muito triste e deplorável.

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