Depois várias análises semanais, já não restou tanta coisa para se comentar nesse epílogo se não um overview da série, uma vez que as conclusões de praticamente todos os personagens já constam nas últimas análises (recomendo darem uma olhada pois não pretendo repetir as mesmas coisas mais uma vez).
Ao final, Yui enfim retorna ao clube e pergunta se Hachiman e Yukinon ainda querem ser amigos dela, apesar de tudo. Obviamente, a resposta é positiva, mas Hachiman aparenta ficar meio desconfortável.
Ele pode estar incerto se Yui nunca vai superá-lo e se ela vai acabar agindo contra ele. Com o tempo, esse sentimento de dúvida irá embora. O trio ainda tem muito mais provações e crescimento para passar, embora seja um fato que seu relacionamento daqui para frente será algo “genuíno”. Yui pedindo para eles ajudarem com seu caso, fazendo a confissão na frente de todos seus amigos e colegas, é o primeiro passo em direção a isso. E como disseram, será uma longa conversa para tudo se resolver.
Isso também remete ao diálogo da Hiratsuka-sensei falando sobre o trio pensando que o presente significa tudo quando na realidade não significa. Yui acreditando que levará “uma eternidade” para superar Hachiman é uma demonstração disso. O sofrimento passageiro de adolescentes descobrindo ou se frustrando com o primeiro amor é evidente. Claro, é importante reconhecer que eles ainda precisam amadurecer.
As poucas cenas de Haruno neste final também revelam que, após ser mostrado por Hachiman o que ele considerava “genuíno”, Haruno começa a expressar alguma esperança. Haruno enfrenta um novo começo no qual ela pode finalmente fazer suas próprias escolhas e encontrar seu próprio produto genuíno. No entanto, isso não significa que ela baixará completamente a guarda. Ela continuará a exercer pressão sobre Hachiman e testá-lo, assim como está fazendo com Yukinon. Porém, Haruno reconhece Hachiman como uma pessoa de quem ela gosta muito.
As resoluções de personagem de Yui e Haruno foram sutis, mas ao mesmo tempo bem questionáveis. Principalmente em relação a segunda. Watari implica que ambas ainda não estão “completas”; todos estão entrando em um novo estágio em suas vidas. Por exemplo, Haruno apenas começou a perceber que não sabe tudo. Ao mesmo tempo, Haruno foi literalmente uma advogada do diabo durante a série. Ela não teve realmente seu arco de personagem, sua estrutura foi montada a partir de poucas cenas em que ela batia de frente dos protagonistas mostrando sua faceta como coringa. A personagem não mostrou todas suas camadas, soando quase como se ela não tivesse tirado nenhuma experiência passada e sua relação com a trama de Hachiman fosse a que envolvesse e a fizesse crescer – afinal é essa a conclusão evidente da personagem até este final. Bem, isso talvez possa ser consequência da forma como Oregairu carrega sua narrativa. Afinal, é uma história sobre a dificuldade de se comunicar. E talvez isso tenha ficado transparecido até mesmo na forma da narrativa da personagem. É irônico que a personagem tenha dependido dos desdobramentos de Hachiman para conseguir crescer e seguir adiante, não acham?
Se vocês bem lembram (e acompanharam), fiquei várias semanas sem escrever nada sobre essa temporada porque simplesmente seria perda de tempo. Quando retornei, ainda esclareci que era da natureza da obra ter um ritmo mais natural que percorria o cotidiano dos personagens e seus minuciosos diálogos durante todos os problemas que estavam enfrentando. Porém, talvez eu não tenha sido claro ao dizer que, embora isso não seja um problema na light novel, ou seja, da obra em si, com certeza foi no anime. Até então, minhas análises eram para interpretar a história e o que os personagens expressavam, o que fazia sentido uma vez que a temática da história é sobre (a falta de) comunicação. Mas agora é hora de consideramos alguns pontos sobre a execução dessa 3ª temporada.
Esse ponto que comentei, que resultou no fato de ter ficado várias semanas escrever sobre a história – que não estava avançando -, não é um problema da estrutura do roteiro da obra propriamente, mas da execução na mídia de animação que não fluiu tão bem como gostaríamos. Certamente um problema de adaptação do roteiro. Tudo parecia inevitável, a temporada começara com o drama do trio à beira de romper sua amizade, as coisas ficaram intensas, começamos a ver Yui chorar ou forçar situações por alguns episódios, Haruno jogar o coringa na cara do protagonista diversas vezes e um ritmo monótono sobre o baile estudantil surgir. O problema em adaptar uma light novel de romance escolar fica desta forma, não foi a toa que tanta gente que conhece o original ficou insatisfeito com o resultado. Não foi a toa também que falei que se eu tivesse feito um texto para cada episódio dessa temporada, seria redundante sobre mesmas conclusões tiradas das situações de novo e de novo. A repetição é uma ferramenta para um roteiro.
É fácil afirmar que que o ritmo na light novel é melhor. No original, não escondem os monólogos de Yukinon ou de Hachiman sobre ela como ocorre na série, onde tentaram colocá-la sobre uma personalidade gélida que foi se derretendo aos poucos conforme o avanço da história – que demorou para avançar. E estes são apenas dois exemplos.
No fim das contas, Oregairu 3 resume-se em início e reta final mais produtivos, pois são nesses trechos que a história flui e realmente acontece. É o conflito do trio e a conclusão da bagunça amorosa respectivamente. Mas o resto, o ínterim da série, se perde bastante no seu próprio ritmo com poucas cenas realmente proveitosas.
É claro que isso não invalida o resultado da história, que é boa. Oregairu discorre bem os riscos bizarros subjacentes à trama que ainda soam dolorosamente realistas mesmo anos após termos passado pelo colégio. Período conturbado. A intencionalidade e personalidade dos personagens diante as situações expostas em muitos casos soa quase de maneira didática. O seu tema central é precioso e bem escrito, apesar de muita gente também discutir sobre a decisão amorosa do protagonista, mas é uma pena que a execução para essa mídia não tenha brilhado tanto quanto um título desse merecia.
Extras
Isso daqui foi puro fanservice.
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