Eizouken ni wa Te wo Dasu na! #11 | Análise Semanal

Abrimos esta semana com Asakusa se encontrando com o clube de arte. Eu realmente amo a grande diversidade de designs de personagens no elenco de apoio deste programa, bem como a diversidade de talentos vocais também. Assim como no design de personagens, a dublagem de anime tem uma tendência a se envolver em alguns tipos vocais específicos, minando seu potencial como uma ferramenta dramática. Esse tipo de encontro continua sendo uma experiencia estressante para Asakusa – ela se sente muito desconfortável explicando cuidadosamente seus conceitos grosseiros. As perguntas que o clube de arte sempre fazem para ela vão além de sua própria concepção até então da narrativa – mas, diferentemente do que aconteceu anteriormente com o presidente do clube de robôs, ela efetivamente sabe que a culpa está do seu lado e, portanto, fica constrangida.

O confronto entre Kanamori e Sakaki continua, com Sakaki surgindo com o que equivale a um mandado para assumir o caso de prisão do grupo criminoso que estava a negociar com KanamoriEssa é uma circunstância bastante interessante, que sugere um mundo maior de atividades estudantis clandestinas entre todos esses clubes. Esse anime escolar é insanamente rico em profundidade criativa. E então Asakusa passa a lidar com um problema – coisas como a audições de dublagem começaram, mas ela ainda nem terminou o cenário básico. Novamente, um tema recorrente. Asakusa é o tipo de artista que só é produtivo em surtos maníacos de criatividade e depois se atrapalha, dificultando para seu produtor, no caso Kanamori, agendar as coisas com eficácia. O eterno conflito de tentar agendar inspiração criativa. 

Como de costume, a escrita deste programa é brilhantemente compacta – o conselheiro delas dá alguns conselhos valiosos, validos, de fato, a todos. “Trabalhe apenas o estritamente necessário, e, quando tiver tempo, vá se divertir. Esse é o segredo da vida profissional.“ Esse é um comentário concretamente gentil em um sentido universal e, que, principalmente sublinha a terrível situação das indústrias criativas sendo mantidas em grande parte através da exploração insensível do entusiasmo juvenil. Infelizmente a arte não é particularmente valorizada em nossa sociedade. 

Asakusa e Mizusaki estão bem com esse conselho, ele não é realmente muito difícil de seguir, enquanto Kanamori se encontra aborrecida. É outra ótima maneira de caracterizar a diferença entre o artista e o capitalista, mas a sabedoria do conselheiro do clube ainda convence Kanamori a seguir junto por enquanto. O trio desce um rio em busca de diversão, e, então, caem em um achado, um pneu balança perigosamente perto de um precipício na beira de um rio de concreto. As trocas aqui entre as personagens são tão divertidas e inteligentes; a escrita e os dubladores são tão bons que basicamente qualquer cena em que elas divagam é um deleite. 

Chegamos a uma área inundada da cidade com um monte de carros abandonados e uma estrada que basicamente parece ter se transformado em um rio. O anime parece sugerir que esta historia acontece em uma realidade futura próxima; talvez a arquitetura de seu mundo seja naturalmente reflexiva do aumento das águas em todo o mundo. O programa mantem um equilíbrio deliberado nas suas fotos aqui – ele usa planos maiores, dedicados a transmitindo a beleza e o mistério de seu mundo, e depois uma foto da perspectiva das personagens e vice-versa; formando um equilíbrio tonal e ajudando a nos manter apegados na perspectiva do trio.

Todo esse mundo deslumbrante alimenta a mente de Asakusa, e, então, ela traduz alegremente isso ao curtaO que se segue é uma pungente metáfora visual giratória para aquele momento na vida de todas as pessoas criativas, quando de repente suas idéias se complementam, se encaixam e você finalmente as entende. Mais uma vez, este programa articula a experiência criativa como nenhum outro. 

Voltamos a três anos atrás, quando a Asakusa um pouco introvertida estava na aula de ginástica se vendo forçada a encontrar um parceiro de exercício. “Tenho medo de ficar sozinha, mas também tenho medo dos outros” – droga, isso é forte, e exemplifica como os animes infantis lidam com temas como a ansiedade social em um tom muito mais maduro. Testemunhamos aqui o nascimento de uma amizade incomum e duradora, afinal, a unica outra pessoa que estaria sozinha seria Kanamori. A articulação do que realmente é o relacionamento dessas duas e como elas veem é belamente escrito – Kanamori vê isso não como efetivamente “amizade”, mas sim “coexistência”, o que se encaixa sutilmente na ansiedade que Asakusa tem em relação as outras pessoas. Nossa linguagem fundamental pode ser assustadora, é mais fácil além de gentil usar linguagens distanciadoras para manter efetivamente relacionamentos com pessoas vulneráveis.

Descobrimos que Kanamori está doente, – maldita pandemia! – mas então como ela vai lidar com a vice-presidente? Na verdade, ela ainda tem tudo sob controle – suas habilidades no manejo de mídias sociais são tão proeminentes que basicamente não conseguiram dizer não à ela, conseguindo promover simultaneamente a escola e a cidade. Kanamori é tão essencial. E então ela se dá conta do tempo que as duas estão perdendo ali, conversando – a animação é bastante fluida e a atenção ao movimento da coberta é ótimo. 

Eu amo como o “clímax” e a “vitória” de muitos episódios desta serie não são essas garotas derrotando qualquer oposição externa, mas chegando a um conceito que as inspirará. Como era esperado, a historia que Asakusa chegou é bastante complexo do ponto de vista de construção de mundo, e sua narrativa parece de longe a mais complexa e a mais plenamente pessoal e bem realizada – enfocando um argumento coletivista versus individualista, pensando na compassividade com as outras pessoas e seus problemas, na visão de humanidade compartilhada. É sobre a importância da comunicação entre todos os seres vivos, bem, é, de fato, sobre coexistência. É uma escolha emocionalmente inteligente e, novamente, se encaixa harmoniosamente bem com muitos dos temas deste programa sobre o quão importante é a comunicação – o Eizouken é formado por colaboradores criativos diferentes que são diariamente obrigados a encontrar um terreno comum. É uma escolha que espelha a pessoa profundamente empática que Asakusa é – e, é claro, espelha totalmente seu relacionamento com Kanamori. Oh meu Deus, esse anime se esforça para canalizar todas as minhas paixões pessoais em um único lugar!  

Eizouken é brilhantemente executado, realmente, mas é também uma peça absolutamente maravilhosa de escrita. Yuasa escolhe apenas o melhor material de origem para suas adaptações, como sempre. Este anime semana após semana é um presente incrível de um show.

Avaliação:      

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