22/7 (Nanabun no Nijyuuni) | Primeiras Impressões

Originalmente, 22/7  foi um vídeo promocional comandado brilhantemente pela lenda do design de personagens e ex-kyoani Yukiko Horiguchi. Era um pedaço de poder da animação incrivelmente composto, que ressoava em cada canto a excepcionalidade da Kyoto Animation. Mas, a vida não é realmente justa – quando a equipe para a serie foi então revelada, bem, Horiguchi não estava por lá. Porque exatamente? Ninguém entende direito. Mas ela ainda está envolvida com a propriedade como um todo, obviamente (os designs ainda tem a sua mão), e ela pessoalmente retweetou algumas coisas relacionadas ao próprio anime. Eu não sei se ela não foi oferecida para trabalhar nisso depois de ter sido expulsa para a A-1 ou se ela recusou, o que faria sentido, já que ela não é mais uma animadora. Mas essa ultima é uma possibilidade estranha demais. Declínio dos principais deveres de AD? Certo. Mas recusar trabalhar nisso, mesmo na OP/ED? Eu não acho que ela faria isso… Enfim, Horiguchi é uma das maiores potencias em acensão atualmente, seus videos promocionais de 22/7 mostravam uma clara aspiração ao entendimento transcendental de Yamada sobre nuance e riqueza visual, então é de fato como ter uma faca me rasgando de uma ponta a outra ver ela fora desse projeto. 

Dito isso, a estréia de 22/7 atravessa uma deslumbrante jornada de drama adolescente de mal-estar; Horiguchi pode não estar mais aqui, mas ela ainda vive nesse projeto além de Majiro ainda ser um excelente designer e supervisor. Os primeiros minutos do show do sonambulismo de Miu através de seus dias apáticos é evocado por uma bela faixa instrumental, percorrendo a vida no ritmo de sua heroína Takigawa Miu, enquanto ela sai da escola, caminha até o trabalho e segue para casa, cortando a brisa do inverno. E assim ela passa seus dias passando por movimentos repetitivos, mas necessários, amaldiçoando essa sociedade que prometeu tudo, mas não forneceu nada.  Ah, talvez eu tenha me esquecido de dizer mas, esse é um show de idol.  Mas Miu certamente não é a protagonista padrão desse tipo de propriedade. 

Experimentamos a vida de Takigawa nesta estreia como uma série de movimentos rotineiros, devaneios meio acordados e nostalgia sempre melancólica. Só aprendemos no segundo semestre deste episódio sua ligação emocional com seu teclado, sobre seu sonho enterrado profundamente em seu ser. Realmente sabemos apenas das virgulas de sua backstory que é contada por sua narrativa visual, e, no entanto, isso não impede que as cenas deste episódio onde ela se vê vendendo seu teclado reflitam a dor da juventude. Em uma cena dolorosamente pessoal.  A infeliz vida doméstica de Miu como um todo caíram com mais impacto emocional do que qualquer outra estréia nesta temporada. Observá-la discutir com o chefe sobre perder o emprego sazonal ou atacar a irmã por lembrá-la de seus próprios sonhos abandonados, teve um impacto que apenas os dramas mais cuidadosamente observados podem se igualar. O que faz com que nada nessa temporada possa se igualar. 

Contar histórias graciosas é o nome do jogo aqui. Takigawa pode não ser uma pessoa expressiva, mas a excelente atuação de 22/7 e o seu enquadramento intencional tornam sua variedade de sentimentos sempre clara. Layouts evocativos e isolados e iluminação nítida completam a imagem da infelicidade juvenil, enquanto o rosto incrivelmente expressivo de Takigawa captura todas as suas mudanças de humor. Takigawa é amarga com o mundo que os adultos criaram, e ela tem todos os motivos para ser – embora ela ame sua mãe e irmã mais nova, a enfermidade de sua mãe significa que ela deve servir como renda da casa, bem como sua cozinheira e cuidadora.

Pessoalmente, fico levemente preocupado que essa história não siga em um drama tão agudo da adolescência. Mas, por enquanto, esse é um selvagem episodio de força tonal, com a amargura de Miu em relação à indústria do entretenimento parecendo merecida, e o estranho monólito (que cospe pedidos) que guia ela e as outras sete garotas ao estrelato promete ser uma narrativa rica em ganchos fantásticos e mordidas temáticas. Mal posso esperar para explorar mais do mundo estranho de 22/7, e ainda mais animado simplesmente para ver Miu crescer como personagem. Não é todo dia que recebemos uma historia de idol polvilhada com a descrença e raiva de sua heroína de seu sistema que tira de você mais pode dar; idéias estéticas e narrativas mais ousada (como uma parede que cospe ordens) é um prato que eu nunca poderei recusar.  

Avaliação:      ★(+++)