Eizouken ni wa Te wo Dasu na! #01 | Análise Semanal

Eizouken ni wa Te wo Dasu na! foi provavelmente o programa mais esperado pela maioria das pessoas para esta temporada de inverno. Afinal, em questão de diretor este é um show abençoado por um dos melhores. De Tatami Galaxy a Ping Pong the Animation, a peças de animação dentro da franquia Shinchan, Yuasa certamente já deixou seu nome na folha mais alta da industria. 

Além de seu próprio talento (também do profundo talento de seus colaboradores na Science SARU, que liderarão este projeto), Yuasa também tem a tendência de escolher apenas os melhores materiais para suas adaptações. O que me leva a como Eizouken ni é, assim como ele já vem fazendo há algum tempo,  uma mudança ““inesperada““ de tudo o que ele fez antes. Como ele pode fazer tantas curvas em sua carreira sem recauchutar o mesmo terreno é um mistério. Primeiro, tivemos Kemonozume, com seus desenhos realistas, porém ousados, e animação solta e áspera, atmosfera bizarra de horror alegre. Então havia Kaiba, tão polido e unificado em comparação, uma épica fantasia de ficção científica. A sua ultima serie até então, Devilman, é um dos maiores nomes das propriedades de ultraviolência exagerada e masculinidade de sangue quente. Eizouken ni wa se passa no Japão moderno como Tatami Galaxy, Mind Game e Kemonozume, mas se sente diferente de tudo o que veio antes.  Parece curiosamente o tipo de obra perfeita para o atual estado da carreira de Yuasa – tendo preenchido um lote inteiro de obras, um número que muitos criadores passam a vida para chegar, todas encharcadas de tentativas de empurrar as bordas do que a animação pode oferecer, nesse ponto, qualquer um pode afirmar que ele definitivamente ama animação, mais especificamente os animes.  Eizouken ni wa é um show sobre o quão apaixonante são os animes, sobre o seu potencial visual ilimitado, nas mãos de alguém que fez uma carreira comemorando tal verdade.

Em Shirobako, a melhor referencia que temos hoje de um “anime sobre fazer anime“, vimos a protagonista Aoi e suas amigas de colégio terem um sonho. Como colegas do clube de animação do ensino médio, elas queriam trabalhar em um anime de verdade. Após um “dois anos e meio depois.” Aoi aparece sobrecarregada e mal alimentada, correndo para pegar os quadros chaves de seu novo programa.  Esse corte abrupto era tanto uma declaração de propósito quanto uma piada por si só – a industria e trabalho em si é difícil, e muitas vezes um saco. Mas enquanto Shirobako era um show que verbalizava de anime como uma industria, Eizouken ni wa está muito mais interessado na animação e seu potencial ilimitado como um difusor da imaginação. Embora todos os trabalhos  de Yuasa parecem cartas de amor para animação em geral, Eizouken ni wa realmente leva a reverência de Yuasa pelo potencial da animação a novos e belos extremos.

O anime adapta a historia sobre três garotas que estão determinadas a criar seu próprio anime, e toda cena a partir dos primeiros segundos desta estréia estão repletas de maravilhas visuais que falam precisamente, com todas as letras, sobre o poder transformador da arte. A sua primeira parte, pré-opening, era a construção do argumento de ”por que animação?” e de ”por que animes?”. A sequência de Midori explorando sua nova casa labiríntica e traduzindo no papel como bases secretas e aventuras mentais falava de uma experiencia infantil universal, mas também ilustrava os primeiros blocos de construção da paixão criativa. 

Midori é uma garota criativa, que descobre nos animes uma forma de canalizar isso e se expressar. A cena em que a ela encontra a nova personagem, Tsubame, é um tremendo destaque em particular, pelo menos para um nerd como eu; toda a plena compreensão de Midori do poder único da animação é ilustrada através de sua apaixonada análise de uma sequência de Mirai Conan, que fez a estreia de Hayao Miyazaki como diretor. A minha sensação de alegria e surpresa ao ver lendárias animações, como as de Tomonaga, sendo recriadas era  pessoalmente indescritível. E isso só poderia ser ofuscado por um clímax de tirar o fôlego como foi.  Enquanto as três garotas colocavam em prática a teoria de designs de Miyazaki (já escrevi sobre), sobrepondo seus desenhos e começando a adicionar ao design optimizado de seu navio, o estilo de arte então muda e vemos a alegria de descobrir um novo parceiro criativo sendo ilustrado por Asakusa e Tsubame literalmente pegando um voo na sua autoral nave voadora. As metáforas de Eizouken para o processo criativo são inteligentes, engraçadas e pungentes, tudo em um. Momentos bem observados como o vento passando por Tsubame e ela delirantemente sorrindo, cantavam verdadeiramente a alegria de finalmente estar se expressando. 

Como prenunciado e já citado, a direção e o design artístico de Eizouken ni wa são duas de suas características mais potencializadoras, honrando a reputação de seu estúdio e diretor. Ao mesmo tempo que a diretora Motohashi afirmou estar comprometida a ser o mais profissional possível, fazendo algo que pareceria do Yuasa (aqui a entrevista)você pode ver claramente que a voz do Yuasa não abafa de forma alguma todas as outras pessoas talentosas nessa produção. É uma estréia absolutamente bonita do começo ao fim, repleta de cenários exuberantes, personagens expressivos e alguns layouts com uma compreensão espacial que lembra shows modernos de comédia.  O mundo de  Eizouken  é uma maravilha que ilustra naturalmente, através de sua própria existência, a alquimia de transformar a experiência vivida em inspiração artística  Os impressionantes layouts elevam o conceito lúdico desse mundo a uma bela selva de concreto, que me parecem ter um frescor diretamente Ghibli. A animação de personagem é incrivelmente consistente e constantemente animada; todos os personagens desta estréia são animados com animações encantadoras e bem observadas, todas as suas fisicalidade e posturas emergem naturalmente de suas personalidades. Eu realmente gostaria que tivéssemos nomes para esse arranha-céu de cortes

Se você olhar para esta cena, verá o quão flexível é a atuação de personagem. Você pode acompanhar o fluxo dos padrões de pensamento da personagem apenas através dos desenhos.  Assim como acontece aqui também. Ou observar o peso e a fluidez desta cena. E, claro, como um otário por rosto não posso deixar de dizer como eles são ótimos. Uma boa amostra de como shows com design de personagens expressivos e trabalhos de expressão fluidas realmente trabalham com uma paleta muito maior de ferramentas dramáticas. 

O que nos leva aos designs dos personagens – que combinam o delicioso e complexo trabalho de design do manga de Sumito Owara com a atual politica e expansão do Yuasa no movimento 3D apoiado (/facilitado) pelo Flash. O efeito final é uma boa mistura de formas interessantes e personagens de anime com sentimentos convencionais. O primeiro episódio de Eizouken ni wa é uma impressionante carte de amor a um meio inteiro e uma maravilha visual que você provavelmente deveria conferir. Referenciando dês de Miyazaki, recriando um dos maiores clássicos dos animes como Conan, até o dream team – eu ainda não consigo acredito que esse show exista. 

Avaliação: