14 viagens ao espaço com animes

Introdução

“Every thought is a dream, rushing by in a stream… 
Bringing life to our kingdom of doing… Take a ride in the sky, on our ship fantasy… All your dreams will come true, miles away” – Trecho da música Fantasy – EARTH WIND & FIRE.

Olhar as estrelas, a lua e a vasta escuridão do céu durante a noite e desejar “quero ver mais”. É uma ambição pelo desconhecido, por querer dar aos nossos olhos uma imagem bem mais ampla e nítida de um espaço cada vez mais apagado pelo próprio crescimento humano. Há um profundo e desconhecido desejo dentro de todos nós que almeja um lugar distante de tudo a nossa volta, a sensação de que cada um daqueles brilhantes pontos no céu estão nos chamando, quando na verdade é uma voz baixa e fraca de nossos corações.

Pensamos: “É impossível! Inalcançável!” ou “É impossível? Inalcançável?”. Um simples ponto faz uma diferença grande, uma vez que criamos barreiras em nossas mentes, mas questionar liberta pontes para lugares que fisicamente podemos nunca estar presentes, no entanto, nossos espíritos podem atravessá-las e respirar, criar, mudar, ver, ouvir e sonhar tudo o que há do outro lado. Muitos atravessaram essas pontes, criaram seus próprios mundos ou deram uma imagem para seus sonhos. E eles nos convidam: “Vamos embarcar nessa viagem?”.

Vamos para o Espaço?

“Face to Face…”
Antes de tudo, é preciso estar preparado para ser um astronauta, ou pensou que bastava entrar na nave e apertar uns botões que estaria tudo certo? É necessário fazer um longo treinamento de adaptação e aprender a se virar lá em cima. Nunca se sabe o que pode acontecer, talvez você tenha que plantar batatas com seu próprio adubo e produzir oxigênio; ou mandar uma mensagem para o passado usando a gravidade entre outras hipóteses (apenas torça para não ter que formatar algum computador da IBM).

Seu guia nesse percurso será Nanba Mutta, aquele com black power que tem um irmão loiro bonitinho; pois é, a genética também prega peças. O personagem vem de Uchuu Kyoudai (Space Brothers). Esse é um ótimo anime que segue a longa jornada do Mutta para se tornar um astronauta, porém, apesar do enorme carisma de seu elenco e do protagonista – o nosso guia com cabeça de microfone -, não facilita nos árduos treinamentos para tornar-se um astronauta e possui uma baixa porcentagem de aprovação. Mas não sejamos negativos, sua passagem de ida para as viagens desta lista já foram falsificadas caso você não passe desta etapa.Apenas um spoiler, um triste e trágico spoiler! O Pug não vai para o espaço, é um CLICKBAIT! Então, não alimentem as esperanças de seu cachorro o vestindo de astronauta, ainda mais se for um pug. Mais que isso, levem seus pets, você precisará de algo para acariciar durante milhares e milhares de quilômetros.

Enfim o primeiro passo foi dado, todas as informações necessárias foram dadas e se ocorrer a infelicidade de você esquecer algo, devem haver aplicativos para seu celular ou tutoriais no YouTube para casos como: peças se desgarrarem de sua nave ou você ter dormido nas aulas de pilotagem, afinal, não deve ser difícil sincronizar a rotação da sua nave com a rotação da base espacial, na mesma velocidade e num angulo preciso. Qualquer app pode fazer isso.

Bem vindos oficialmente a tripulação que te guiará nessa odisseia. Sua guia virtual com AI provavelmente danificada, Maya (eu, cof); o gato gorduchinho e piloto da nave, Aria (podem confiar, desde que ele não se engasgue com uma bola de pelos, estará tudo tranquilo); Nicky, nosso r2d2, encarregado dos reparos e das armas (espere, não temos armas); Sen holo, o copiloto (torçam pra que ele não tenha um filho); Muller, na câmara criogênica; e Gapso, nosso advogado em caso de acidentes, (não se preocupem, ele ganhou todos os 100 processos que nos defendeu). Agora estamos finalmente prontos.

Apenas não esqueçam de fazer o checkup antes do lançamento. A fita cassete, Awesome Mix Vol.1, está na bagagem? Certificou-se que o número dessa espaçonave não é 13? Major Tom está ao seu lado? E o Pug? Sério, não se esqueça do Pug!

Iniciando Contagem Regressiva…

Planetes – Nosso ponto de partida não é tão distante, logo acima dos céus, na órbita da Terra, somos levados para uma realista ambientação do espaço, da gravidade e do vácuo. Planetes é uma história que se passa num futuro não muito distante, mas com um tema atual: O lixo espacial.

Acompanhamos recentemente o drama da base chinesa Tiangong-1 e com ela o problema em evidência sobre o lixo que cresce em nossa órbita. No anime, a história explora o perigo desses artefatos quando houverem civis em viagens espaciais. Por conta de um acidente com uma nave tripulada onde um parafuso atingiu o vidro dela resultando numa tragédia, foi criado o setor de limpeza para recolher toda a sucata nas proximidades de uma grande estação.

Esse excelente anime lançado em 2003 pela Sunrise e com uma ótima animação, trabalha sua ambientação com muito perfeccionismo, como o importante fato do som não se propagar no vácuo; a gravidade zero; os interiores das espaçonaves; os riscos e etc. Também trás um elenco de personagens divertidos e interessantes, que aos poucos são aprofundados juntamente com os laços entre eles que não se agarra em conveniências, alem de se desenvolver gradativamente. A direção de Gorou Taniguchi (Code Geass) fez um excelente trabalho, não apenas por ter cuidado com os detalhes, mas também em transitar entre os tons de comédia e drama. Há cenas espetacularmente emocionante e outras muito engraçadas, e tudo isso com uma maravilhosa trilha sonora de fundo. Esse com certeza é um ótimo ponto inicial para essa longa jornada, aqui ganhamos acesso ilimitado para ir à Lua e voltar para a Terra. A experiência também foi importantíssima e ainda teve direito à uma boa dose de emoções. Infelizmente eu esqueci de mencionar que o salário era muito baixo.

“Aerodynamic…”

 

Gunbuster – Está tudo pacifico demais, não é? Mas enquanto a humanidade está dando seus lentos passos e marcando pegadas na Lua, os seres de outro mundo olham para nós com seus olhos cobiçosos. Temos duas opções, nos preparar e lutar, ou esperar que eles saiam da terra e sejam derrotados por bactérias. Se você escolheu a primeira opção, está pensando que lutar vai ser fácil? Para seguir adiante nesta etapa jornada, primeiro terá que passar por um forte treinamento militar e se tiver sorte, ou não, ser enviado para os treinamentos espaciais.Gunbuster é mais uma das perolas da década de 80, que ainda serão mencionadas. Esse daqui foi dirigido por Hideaki Anno e produzido pela Gainax. Preciso dizer o quanto a animação disso é boa? Mas não só isso, essa série de OVAs é trabalhada em cima de um roteiro muito bem escrito que evolui gradativamente em cada episódio, trazendo coisas novas e expandindo cada vez mais o mundo. E esse também é provavelmente um dos maiores clássicos do gênero sci-fi, explorando o universo de maneira bastante teórica, como as diferenças de tempo em viagens na velocidade da luz e dimensionais, além de fazer todas referências ao clássico Ace wo Nerae! de Osamu Dezaki.Parece que vocês se perderam por algumas horas em outra dimensão, isso resultou em milhares de anos para as pessoas na Terra. Agora que voltaram, talvez precisem de um rápido guia recapitulando os avanços da humanidade durante esse tempo que ficaram fora.

“Voyager…”

Space Fantasia 2001 –
Este é um dos raros casos de animes que vieram para o Brasil na década de 80 em formato VHS com direito até versão dublada, a sua premissa é uma das mais essências da ficção científica (sci-fi): “a humanidade está diante do seu fim e precisa encontrar um novo lar”.Algo bem apreciado em sci-fi é que, mesmo sendo fantasias, há neles base reais e comprovadas ou referências a ideias que vemos, ou seja, uma contextualização mais próxima de quem assiste e ajuda a sentirmos a essência do filme, portanto sabemos que não há como pessoas ficaram muito tempo no espaço ou suportarem altas velocidades (há perda óssea, problemas no coração e etc.) então a única forma de enviarmos pessoas para longe é antes delas nascerem.A ideia conceitual do filme se mostra bem realista e visualizamos não o sentimento de aventura, mas o motivo de se arriscar por uma aventura a favor de toda a humanidade. O drama do casal que doou seu DNA e sementes para nem saberem se vão nascer, o drama de quem ficou e o drama das crianças que estão prestes chegar.

O drama é o grande foco desta obra, um drama público e estranho, o efeito de união durante todo o filme é inegável há nele o renascimento da era de ouro da literatura sci-fi. A animação e arte é uma das melhores dos anos 80, a trilha sonora nesta época recebia muita atenção – então o filme tem ótima ambientação, mas devido a somente ser encontrado em VHS, tende a ter um vídeo muito escuro. Se você suportar este fato e gostar do “old school” dos sci-fi, Space Fantasia 2001 é então uma gema escondida para você.

“Harder, Better, Faster, Stronger…”

Macross – Parece que já se acostumaram a ficar tanto tempo no espaço, passaram por guerras contra outros seres enquanto a humanidade evoluía alem da imaginação. Agora talvez seja a hora de cessarmos as batalhas e tentar outro contato com os extraterrestres?Ali no comecinho da década de 80 nascia uma franquia de grande importância para o mundo dos animes. Mechas, Idols e muitas aventuras espaciais, tudo garantido à bordo na colossal nave chamada Macross que tem a capacidade de virar um baita robôzão. E ainda tem gente babando pra um tal de camaro amarelo. Bitch, please!

A franquia é um pouco grande, muita coisa vale a pena, mas dentro dela eu especialmente gostaria de destacar o filme de 1984: Do You Remember Love?. O longa é praticamente um resumo da primeira série de Macross, porém mais focado nos personagens principais, deixando os secundários bem de lado. Assim, a trama ganha um aspecto mais objetivo e direto, mas dentro de um bom ritmo narrativo. O melhor de tudo é que somos presenteados com uma belíssima animação, recheadas de detalhes, batalhas espaciais épicas, movimentações bem orgânicas e lindíssimos cenários.

Dentro da história, o que resta da humanidade vive dentro da Macross, mas essa existência é ameaçada por uma raça alienígena de gigantes. Essa raça dividiu-se em duas facções, a dos homens e a das mulheres, sendo uns inimigos dos outros, e por terem a capacidade de se auto reproduzirem, um não necessita do outro. Eles não têm amor, não entendem as emoções, perderam qualquer cultura, vivendo dessa forma apenas em prol de uma guerra que não há sentido.“Você se lembra do amor?” Olhando para o mundo, hoje, fico imaginando se não estamos seguindo rumo ao esquecimento, perdendo o amor, a cultura, as nossas relações. Talvez nossa salvação também esteja em meio as estrelas.

“Digital Love…”

 

Joe Crusher Espere, espere. Então você quer uma viagem mais descontraída agora? Viajar em lata velhas, ir em baladas cósmicas, ser um mercenário espacial? Então que tal um universo semelhante ao de Guardians of the Galaxy? Joe Crusher vai te proporcionar justamente isso, em uma história que não se leva a sério, é cheia de ação, aventura e uma animação excelente pelo espaço. O enredo segue uma tripulação que trabalha com serviços de transporte (geralmente cargas e não pessoas), então pessoas suspeitas vem atrás dos serviços deles para transportar uma pessoa que segundo eles, ela estaria “doente” e por essa razão está num casulo criogênico. Isso, como esperado, vai colocá-los no meio de problemas.

Bem, é um roteiro simples e superficial. Os próprios personagens se sustentam em suas carismas, mas como dito mais acima, é uma obra mais descontraída e voltada para um público que quer ação e aventuras espaciais. E esse filme, cowboy, faz bem esse papel.“Veridis Quo…”

Memories Mas quem disse que o espaço proporciona apenas aventuras? Há armadilhas criadas pelo acaso, pelo tempo e pelos profundos mistérios em nosso universo, coisas que a ciência acredita ter controle quando na verdade não compreende aquilo que nos cerca. O minimo descuido pode nos levar aos lugares mais obscuros e perigosos.
Assim como há obras que nos apresentam uma galaxia mais divertida apesar dos perigos, há outras que nos mostram um lado aterrorizante e o alerta para não mexermos com o desconhecido. Alien, Life, Dead Space mostraram esse lado, mas não como Magnetic Rose, pois o perigo nem sempre vem propriamente do espaço – talvez do próprio homem – mas ali ele evolui.

Primeiro filme do projeto Memories, que constitui em três filmes relativamente curtos, Magnetic Rose é magicamente tocado por Satoshi Kon (Perfect Blue, Millennium Actress e mais), que mesmo não dirigindo o filme deixa suas características únicas tão marcadas na animação que é como se tivesse o dirigido. Desde o design de personagens mais realista até a animação orgânica; um roteiro enigmático; tensão e sustos silenciosos que te pega desprevenido. Esse anime tem o que precisa para uma forte imersão nessa viagem. Nomes como o do lendário Katsuhiro Otomo, conhecido por aqui principalmente por Akira, também marcam presença no projeto. Apenas confira imediatamente.“Short Circuit…”

Trava – Você não é da Terra? No Problem. Trava é um anime totalmente isento de humanos e aborda um universo cartunesco assim com o próprio design de personagens que puxa mais pro lado do cartoon ocidental estilizado, no entanto, rico em detalhes. Aliás, esse anime é uma divertida experiência artística porque não inibiram a enorme ousadia e qualidade que sua animação ostenta, essa que por sua vez é bastante frenética nas cenas de ação, feita tradicionalmente e com uma direção cheia de recursos criativos para os enquadramentos e storyboard. Sem contar na maravilhosa paleta de cores que conta com o preto absoluto como cor principal para criar os contrastes com um vermelho bastante vivo e cores secundárias foscas, todas aplicadas em tons minimalistas lembrando páginas de HQ’s.A história é bem divertida e recheada de diálogos afiados que dão muita personalidade aos seus personagens; esses que alguns talvez os reconheçam de outro anime: Redline. Yes, Trava Fist Planet compartilha o mesmo universo do filme Redline! E não só compartilha o mesmo universo como também tem os melhores nomes que poderiam ser dados a um personagem. Travastila e o impronunciável nome real de Shinkai.Infelizmente a viagem é curta, esse projeto da Madhouse teve combustível apenas para um pequeno tanque que pelos meus cálculos devem durar um pouco mais de 40 minutos.

“High Life…”

Megazone 23 – Esta viagem não os levará apenas para o espaço e para o futuro, ela também os levará para o passado, mas talvez vocês fiquem tanto tempo lá que esqueçam de que estão em uma espaçonave. 
Se alguém me pedisse algo que representasse os anos 80, provavelmente eu não conseguiria pensar em uma recomendação melhor do que Megazone 23. Essa série de filmes absorveu muito da cultura de sua época e foi como se tivesse armazenado junto em sua nave tudo aquilo como prova existencial daqueles dias. Bowie, Flash Dance, Punks, Fliperamas, propagandas excessivas de cigarros, da Coca Cola, do McDonalds, referências a Silver Hawks, Thunder Cats, The Thing, Mad Max, Escape from New York, além das bandas de Heavy Metal, a trilha sonora pop, os efeitos de som feitos em teclado, computadores IBM e muito, muito mesmo, de Macross, principalmente no primeiro filme. Fora as coincidentes semelhanças com alguns elementos de Akira.

Mas, se sua ambientação não fosse fascinante o bastante, Megazone carrega na staff excelentes diretores da época e ostenta uma absurda animação cheia de ação com perseguições de carros e motos, seguidas de muitas destruições. O interessante é que, por cada filme contar com diretores diferentes, o estilo de arte e animação também mudam, ampliando ainda mais a sua instigante e convidativa variedade ausiovisual.No entanto, por mais interessante que seja esse ambiente, viver ali é outra história, ainda mais com uma ditadura militar sendo implantada e saber que tudo a sua volta não passa de uma mentira bastante manipulada. Hora de fugir para o espaço, será que podemos viver de alguma forma independente ou quem sabe virar piratas?

“Something About Us…”

Space Battleship Yamato Se chegou até aqui através dessa longa jornada de milhares e milhares de anos-luz, certamente está mais que preparado para conhecer um dos maiores astronautas dos sonhos, o pioneiro nippon Leiji Matsumoto. E você que achava o DiCaprio um dos maiores arquitetos dentro da mente, é porque não conhecia o homem que criou universos inteiros. Esse marinheiro galático (atualmente com mais de 80 anos) lançou sua primeira expedição em 1974 com o anime Space Battleship Yamato. A ambientação desse anime é bem semelhante ao de Star Trek, lançado anos antes, que indubitavelmente foi a grande fonte de inspiração para a criação de Yamato, exceto pelo fato da espaçonave ser um um baita navio de guerra.E o sucesso não poderia ter sido maior, o anime teve uma popularidade merecida e foi exibido em outros países, incluindo o nosso. Porém, pode se questionar que o anime tenha ficado datado, pois é bem antigo e possuí traços que não agradam a muitos por ser decorrente do estilo da época. Particularmente, acho esses traços charmosos e a animação é quase como uma máquina do tempo que nos leva de volta ao passado. Mas se você se incomoda, a recomendação pode ficar para o remake, Space Battleship Yamato 2199, que foi lançado em 2012 no formato OVA com 26 episódios.Essa grande produção restaura com muito carinho a sério do anos 70 e com um excelente trabalho de seus diretores que conseguem se impor, deixando o ritmo e o tom narrativo equilibrado, também extraindo um excelente trabalho técnico e boas atuações de vozes de seu elenco de seiyuus. O roteiro é bom apesar de poder se contestar alguns pontos e não ter explorado uma trama politica bem promissora.

A animação é o grande diferencial aqui entre o novo e o antigo. Ela é bem movimentada e polida e carrega cenários muito bonitos, como belíssimos planetas e uma visão espacial carregada tudo aquilo que nossos olhos mais desejam alcançar. Há bastante computação gráfica, inclusive nas espaçonaves, mas muito bem utilizada e com uma boa taxa de frames. Os efeitos são muito bonitos e o moldes bem trabalhados, que se encaixam no cenário. O design de personagens é renovado sem remover a essência do original e as características da arte de Leiji Matsumoto. Essa é provavelmente a melhor viagem em termos visuais que podemos recomendar.

“Superheroes…”

Captain Harlock – Assim como sair da USS Enterprise e entrar na Millenium Falcon, Leiji sai de Yamato e vai para a Arcadia, com um anime mais aventuresco e voltado para um publico mais jovem (talvez, cof). Lançado em 1978 pela Toei no embarque do sucesso que foi Yamato, Uchuu Kaizoku Captain Harlock é o primeiro anime de uma grande franquia carregada de piratas e heróis solitários. Porém, as histórias deste novo universo passou pelas mãos de tantos estúdios e diretores que ficou confusa e desconexa apesar de interessante.
O anime de Captain Harlock começa bem infantil e esquisito, tem alguns episódios apenas que se destacam até chegar na metade, e mesmo passando desse ponto, os episódios são bem repetitivos, porém melhoram no roteiro e na animação. O anime, apesar de ser ruim em alguns pontos, como sua narrativa, tem a ótima direção de Rintaro e é perceptível o esforço dele em dar alma para a série. Há cenas muito legais e uma notável influência de Star Wars durante a execução. O misterioso Harlock apareceu em vários outros animes da franquia assim como teve algumas “continuações”,  dentre elas, The Endless Odissey de 2002 que traz de volta a direção de Rintaro, mas desta vez pelo estúdio Madhouse. O anime mantém toda a essência da arte de Leiji Matsumoto em uma boa animação e na melhor história do pirata.A viagem poderia ser ainda mais bela pelos convés da Arcadia com o filme Captain Harlock em full CGI lançado pela Toei em 2013. Mas aquilo destrói a história original e nem deve ser visto como parte da franquia.

“Crescendolls…”

Sayonara Ginga Tetsudou 999 – Na ultima escala dessa viagem pelo universo Leiji, saímos de um navio para fazer um tour mais pacifico dentro de um trem, o Expresso Galático. Mas cuidado com a Pedo-san Maetel, garotos. Ainda pela pela Toei e com a direção de Rintarou, Ginga Tetsudou 999 foi lançado em 1979 como filme.
O anime conta a história de um menino, Tetsurou, que viu sua mãe morrer assassinada por um homem mecanizado, quer conseguir um corpo mecanizado também para ir atrás do assassino. Mas o único jeito dele conseguir isso é embarcar no Expresso 999 que tem como parada final um planeta que fornece a mecanização. O filme ganha vária sequências e entre elas, Sayonara Ginga Tetsudou 999 que é ótimo, uma das melhores obras da franquia.Entretanto, antes de ganhar esses filmes, o anime foi lançado para TV um ano antes, contendo no total 113 episódios, só que dirigidos por outra pessoa – Nobutaka Nishizawa. A série acabou sofrendo o mesmo que Captain Harlock em relação ao ritmo episódico – que não é ruim – e repetitivo.

Enfim, passamos tempo demais entre as estrelas, não? Talvez nem se lembrem mais da Terra depois dessa longa viagem. Acho que vamos ter que redescobrir nossas origens em nosso ultimo percurso, que também foi nosso ponto de partida: a Lua.

“Nightvision…”

Freedom – Este é um pequeno OVA de 7 episódios animado pela Sunrise, o ano é 2006, e temos Katsuhiro Otomo na equipe trabalhando como design dos mechas/robôs e personagens então o que temos é a série para relembrar a arte de Akira (1988) com direito até as motos, apesar que Freedom é totalmente em CGi.Os pontos fortes de Freedom são sua arte e animação quase tão detalhada e minuciosa como a de Akira, ela envolve o espectador no cenário magnifico que é o domo na Lua e a Terra, mas talvez seja necessário se acostumar com o 3D para aproveitar isso tudo. A sua história reside nos personagens são 7 episódios bem ágeis para contar a aventura de Takeru que busca a verdade sobre a Terra e outras coisas.Também vale dizer que o projeto Freedom veio para referenciar os 20 anos da Nissin, então há uma constante participação dos cup noodles, o que chega a ser engraçado e passa sem problemas, como quando eles vão viajar no espaço e só levam miojo para comer. Apesar de todos estes contratempos diferentes, Freedom é uma obra muito interessante e capaz de te prender do começo ao fim e que recomendo para os fãs de qualquer gênero bastando apenas superar o preconceito pelo CGo.

“Too Long…”

Bonus Track:
Interstella 5555
Não podemos viajar sem música, certo? Por isso várias músicas compuseram nossa trajetória. Todas elas pertencem ao álbum Discovery do Daft Punk e misturam os gêneros dance, nu-funk e acid jazz. É certo que músicas clássicas ou sintéticas combinam com a temática, mas as músicas desse álbum trazem a imagem de discotecas, ou seja, luzes coloridas piscando e aquela ambientação de nave espacial. Elas pintam a imagem de um sonho onde há aventuras espaciais. Quando foi citado Joe Crusher, a gif escolhida representa justamente tudo isso e a música tocada no anime também era uma mistura de nu-funk e acid jazz.

Essa imagem fica ainda mais marcante com o filme Interstella 5555, que na verdade trata-se de vários clipes animados para esse mesmo álbum do Daft Punk. A animação, lançada em 2003, pegou ali a época do Synthwave e abraçou o visual retro junto da paleta de cores e juntamente com músicas fazem uma viagem não somente ao futuro e ao espaço, mas aos anos 80, época que ficou muito marcada pelas tendencias futuristas. E tem como combinar mais? Basta olhar para o visual incrível do anime e sabemos que as mãos de Leiji Matsumoto tocaram ali. As faixas desse álbum não foram colocadas em ordem aqui, mas recomendo que se for ver o anime, assista ele na ordem certa, pois a animação possui um roteiro com começo, meio e fim. 

A nossa viajem acabou, passamos juntos pelo treinamento, por universos diferentes e no fim voltamos para a terra. Mas essa é uma viagem que pode ser repetida várias vezes e há muitos universos ainda que podem ser conhecidos, como Space Dandy, Legend of the Galactic Heroes ou Luluco, ainda não há uma fronteira final! E quando achar que há, não houver mais animes, músicas, filmes, livros, séries e qualquer outra mídia que te leve ao espaço, saiba que você ainda poderá criar o seu próprio cosmos. Agradecimento especial ao Aria que ajudou a montar o texto dando sua contribuição para algumas das obras aqui apresentadas.


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