Banana Fish #3 e #4 | Análise Semanal



De volta à análise semanal (que na verdade é quinzenal) de Banana Fish. Os episódios 3 e 4 acabaram sendo ritmicamente bem semelhantes aos dois primeiros, sendo o 3 bem mais rushado e o 4 um pouco mais calmo, valorizando momentos específicos como o desenvolvimento na relação dos personagens. Mas, vamos por partes.

O episódio 3 começa com um novo personagem, Max Lobo, que é um colunista que acabou sendo preso por agressão. Por ter contato com os policiais que estão tentando ajudar o Ash, é incumbido a ele o favor de proteger o garoto na prisão. Mas ganhar a confiança do Ash não é fácil e isso é um dos fatores explorados com respeito aos personagens.


Ash cresceu nas ruas, no meio do crime e das maiores sujeiras de um ser humano. E até aqui ele vem agindo como uma pessoa que conhece o submundo como a palma da mão, não é por menos que ele é tão áspero com todo mundo. Por isso até, é importante ressaltar aqui que um dos motivos do Eiji ter conseguido sua simpatia foi pelo jeito sincero e até mesmo inocente da sua personalidade. O garoto é esperto, sabe como sobreviver num ambiente hostil e está sempre com a guarda levantada, até mesmo com o Max, por mais que sua aproximação seja bem intencionada. Então ele, assim que tem a primeira oportunidade após chegar na prisão, garante alguns dias na solitária para ganhar um tempo pra pensar.

Após pouco tempo depois que saiu da solitária, alguns caras a mando do Papa Dino estrupam e espancam o Ash, ele é levado à enfermaria do presidio pelo Max, onde consegue uma capsula de remédio que vai usar para passar uma mensagem para as pessoas de fora.


Nesse meio tempo, Max se revela um ex companheiro do Griffin e que também está atrás do mistério que é Banana Fish e o Ash jura matá-lo por considerá-lo como um traidor de seu irmão. E bem, é mais uma grande coincidência. Além do Max, há mais outro personagem revelado no episódio 4 que também tem alguma relação com o Griffin. Não que eu esteja apontando como uma falha ou algo negativo, mas o roteiro tem essas pequenas facilitações que também diminuem o senso espacial da história. É como se tudo ainda estive girando apenas entorno de Nova York, e como se ela também girasse em torno do Papa Dino e algumas poucas zonas.

Bem, isso é algo que ainda voltarei a comentar em análises futuras.

O episódio 4, como mencionei, pisou mais no freio, e foi pra trabalhar o desenvolvimento na relação de confiança entre Max e Ash. 

Como dito na última análise, o narrativa de BF anda muito em cima da causa e consequência e isso permite que a história tenha muitas reviravoltas, como o começo desse quarto episódio onde o Griffin acaba sendo acidentalmente baleado após o Eiji ser seguido até ao médico. E bem, a culpa não é do Eiji, ele foi metido nessa furada pelo próprio Ash. Mas é legal como isso resulta na relação com o Max. Foi como um processo de escolha entre o que seria mais certo: esconder que o Griffin morreu, ou contar logo. No final, essa foi uma boa cartada, meio que sem intenção, que culminou na construção de um pouco de confiança entre os dois.

Anyway. Eu gosto muito do personagem do Max, ele acaba tendo uma presença bem mais humana e natural dentro da história, tanto que em apenas dois episódios ele já conseguiu se destacar bastante. E um pouco desse mérito também vai para o seiyuu Hiroaki, que a maioria deve conhecê-lo pelo seu trabalho como Sanji em One Piece, ou o Mutta de Uchuu Kyoudai. É um ator que particularmente eu gosto muito, pois ele realmente sabe pegar um personagem e deixá-lo convincente.

E bem, esses episódios se mantiveram bastante estáveis na sua parte visual, com uma animação bem consistente e a diretora conseguindo lidar de maneira positiva com o fato de ter que fazer muitas coisas caberem dentro de um único episódio. Claro que, eu preferiria que as coisas fossem trabalhadas da mesma maneira natural em que se desenrolam na obra original, mas convenhamos que ela está consigo colocar as coisas no anime sem deixar que o sentido nas cenas se perca. E, no fim das contas, já até nos acostumamos com esse ritmo. 

Polêmicas?
Retornando ao terceiro episódio. Para passar uma mensagem pra fora, o Ash colocou um pequeno bilhete enrolado na capsula de remédio e aproveita da inocência do Eiji para passar essa capsula de um jeito que ninguém perceba. E bem, ele provavelmente se divertiu em tirar proveiro desse jeitinho do Eiji (e.e).

Mas, como é de se esperar, um beijo gay (independente do contexto) sempre causa alguns rebuliços no meio otaku. São algumas pessoinhas de um lado comemorando de um jeito exagerado, ou umas pessoinhas do outro lado arrancando os cabelos de raiva como se a heterossexualidade deles fosse colocado à prova por causa disso. E um mimimi porque o bilhete poderia ter sido passado de outra forma e etc. Gente, calma!


Particularmente, eu fico muito incomodada quando vejo algo tentando polemizar em cima de algum relacionamento homossexual. Por exemplo, as novelas usam disso como um grande merchan pra ganhar audiência, e vários filmes também parecem querer comer desse prato. E o pior é que o publico cai nessa bait e parece ter se acostumado a ficar criando polemicazinhas em tudo.

Banana Fish não é esse tipo de obra que tenta se vender usando esses temas como marketing. Se pegarmos o Ash, ele é um personagem que cresceu num ambiente onde o relacionamento entre homens é algo mais comum, e isso já faz parte de sua vida assim como seu jeito mais agressivo e ativo de agir. Em outras palavras, sua opção sexual está longe de ser uma discussão levantada pelo enredo, pois é algo que está naturalmente dentro dessa história assim como deveria estar naturalmente dentro da nossa História.

O que eu quero dizer, em outras palavras, é que as pessoas deveriam parar como esse preconceito de que “não posso ver um relacionamento homo”, e xingar ou diminuir as coisas por terem isso. Mas o outro lado também precisa parar de fazer uma algazarra do tipo “ISSO, ISSO, BEIJO GAY UHUUU”, pois isso é também desrespeitoso. Esse tipo de coisa só vai se encaixar bem na sociedade quando for tratada com naturalidade e não como aberrações de circo, embaixo de vaias ou aplausos, como algumas pessoas fazem.

Destaques do episódio 3 e 4:

Eiji sendo discreto, LOL

Avaliação do Episódio 3: ★ ★ ★ ★  (++)
Avaliação do Episódio 4: ★ ★ ★ ★ ★