Rokuhoudou Yotsuiro Biyori (2018) | Review

| Episódios: 12 | Estúdio: Zexcs (Fune wo Amu) Fonte: Manga Diretor: Tomomi Kamiya Roteiristas: Hitomi Mieno (Akagami no Shirayuki-hime) 


Sobre
Quatro rapazes – Gure, Sui, Tokitaka e Tsubaki – ajudam, cada um, a dirigir uma loja de chá japonesa chamada Rokuhoudou. Quando alguém visita a loja, são recebidos calorosamente, é servido com chá e muitas vezes são ajudados com quaisquer problemas que possam ter.


Análise
Rokuhoudou é uma série de clima muito mais maduro do que é normal encontrar aventurando-se pelas temporadas de anime: a obra carrega consigo quatro rapazes cuidando de uma casa de chá (que também serve uma diversa culinária de pratos e doces), trabalhando a dinâmica dos personagens na execução de suas funções de maneira divertida para quem assiste – a personalidade de cada um deles se destaca por alguma coisa, eles acabam se completando como um bom quarteto para o entretenimento. Não só isso, mas o anime aborda suas rotinas de trabalho no estabelecimento juntamente dos clientes que sempre aparecem por lá para relaxar ou para ter uma nova experiência; 

Primeiramente, vale dizer que o anime não é um BL (boys love), não tem fanservice, e simplesmente nada que indique uma relação – como alguns julgam que acontece sem saber – entre o elenco principal, formado por personagens masculinos. O anime se trata de um slice of life healing, que aborda o cotidiano no serviço dos personagens, bem como as pessoas que passam a frequentar o lugar. Já ocorreu de muitos julgarem o design de personagens antes de dar oportunidade a obra e realmente pensar que se trata de alguma outra coisa, mas a série executa uma narrativa madura e trabalha muito bem com seu elenco e os personagens secundários que episodicamente aparecem recebendo desenvolvimentos próprios – há mulheres também entre esse segundo grupo.

O anime não é sobre a culinária e esse passa longe de ser o seu tema central, mesmo que de vez em quando mostre ou aborde os personagens preparando ou pensando em alguma receita – isso é natural porque, afinal de contas, se trata de um anime que se passa em uma casa de doces e chás. A obra foca mesmo no desenvolvimento dos clientes que visitam o local, de forma que a cada semana uma pessoa diferente é introduzida e a narrativa sutilmente mostra sua situação, mostra as suas dificuldades – desafios em algum problema pessoal, ou no trabalho, etc, seus pensamentos e a própria rotina desses que, por motivo x ou y, acaba escolhendo a casa de chás Rokuhoudou para ir aproveitar a culinária e, de certa forma, pensar em uma resolução  melhor para os seus problemas. Ou simplesmente esquecê-los por algum tempo. 

Essa anestesia é passada muto bem para quem assiste devida a fácil simpatização e pelo convívio agridoce que o ambiente proporciona. Em várias situações, as pessoas de fora – que o anime quer desenvolver – primeiro ficam em dúvida sobre o lugar, ou mesmo receosos se vale a pena experimentar um estabelecimento tão diferente, rodeado pelo jardim esverdeado com o gato de estimação na entrada; no fim das contas, esses personagens são agraciados e notam a acomodação que o local faz para adultos de todas as idades, que aparecem por ali e ficam impressionados com a criatividade da culinária que os rapazes proporcionam. Enquanto isso, quem assiste percebe os dois aspectos do ambiente: dos que trabalham e dos que visitam, de forma que a série tome um foco divertido e varie para uma configuração sólida e ao mesmo tempo suave de comédia.

Entre divertidos episódios sobre as pessoas que visitam o local, e a forma como o elenco interage com suas obrigações, o anime não se prende apenas a esta natureza e mostra a participação dos quatro em outros momentos: situações em que ajudam as pessoas na rua, divulgam a casa em eventos, ou mesmo em alguns festivais em que há uma maior interação – como o festival do mochi em que eles vêem quem consegue fazer o melhor “trabalho braçal” para preparar o arroz amassado, com muito humor. A série também desenvolve a personalidade do seu elenco, e aqui vale o destaque de Sui – que entre os rapazes, é quem herdou a casa de chá de seu avô para cuidar. 

Há um desenvolvimento pessoal mais elaborado desse personagem pelo fato dele ter a intrínseca importância para a narrativa. O anime explora bem em seu decorrer – de maneira bem sútil sem dar muita cara ao drama – a relação dele com seu irmão, onde há certo conflito, e mesmo sobre seu passado. O anime além de ser interessante em proporcionar boas experiências semanais no que diz respeito ao que é episódico, ainda traça um desenvolvimento mais linear para enriquecer a série na medida do que é possível, soando natural e mais minimalista possível.

No que diz respeito a parte técnica, Rokuhoudou não exige muito, mas faz bonito. A ZEXCS mais uma vez transforma um slice of life em uma animação muito bem trabalha nos detalhes e na atuação de personagens. A gesticulação e a suavidade dos movimentos corporais são bem trabalhados, e é muito raro ver isso em um anime de TV – embora tenhamos tido isso em Hinamatsuri e em mais um outro anime nesta temporada de abril 2018. O estúdio já demonstrou habilidade para ser capaz de fazer histórias mais maduras e bem trabalhas nos detalhes como mostrado aqui e em Fune wo Amu, e a direção dessa série também se saiu bem para encarregar as boas e divertidas cenas, sem perder o balance geral dos capítulos e tornar a experiência desagradável ou chata.

Conclusão
A partir do que foi dito, Rokuhoudou é evidentemente um divertido e relaxante slice of life para se assistir e levar como bom entretenimento. Bem escrito, possui um visual agradável e com diversidade de desenvolvimentos mais maduros e realistas, sem perder a suavidade da sua comédia e dos momentos mais relaxantes de que um bom slice of life healing deve ter. Não é um anime para agradar todos os públicos, mas serve muito bem para quem deseja uma história mais leve e bem executada no que diz respeito à sua própria proposta nada mirabolante de narrar o cotidiano de um grupo de personagens exercendo suas funções, além das pessoas que ali visitam.
O mascote da casa de chá.
Direção: 7 (Boa)
Roteiro: 7.5 (Bom/Ótimo)
Produção visual: 8 (Ótimo)
Trilha Sonora: 7 (Boa)
Entretenimento: 7 (Bom)

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