Sora Yori mo Tooi Basho #1 ao #5 | Análise Semanal

   

Sora Yori mo Tooi Basho (A Place Further Than The Universe) foi uma surpresa para mim em todos os sentidos, não esperava que fosse o que é (até então), as minhas expectativas para o anime estavam divididas entre uma obra que viesse a ser um Slice of Life raso, sem muito o que dizer e entre um anime que aparentemente fosse simples e mundano mas na verdade escondesse uma trama com um viés psicológico complexo, pesado e de atmosfera opressora, mas não obtive exatamente nenhuma dessas duas coisas, encontrei nesses cinco episódios um plot relativamente simples, porém bem executado, com personagens aparentemente rasos, mas que na verdade são muito mais profundos do que aparentam ser e também pude contemplar certas abordagens temáticas que jamais achei que presenciaria ao assistir essa obra.   

Sora Yori é uma obra de aventura realista, Slice of Life, comédia e drama, que conta a história de Mari, uma garota que detesta a sua rotina e o seu estilo de vida atuais, porém, por acaso e por necessidade, encontra Shirase, que possui o objetivo de ir para Antártica e encontrar sua mãe. Mari acaba por se interessar pela Antártica e pela motivação de Shirase e se junta a ela nesse objetivo, ambas juntas encontram em seus caminhos outras duas garotas que compartilham essa vontade: Hinata e Yuzuki.   

O estúdio responsável por Sora Yori é a Madhouse, o que por si só já gera alguma expectativa em algumas pessoas, não foi o caso comigo, pois tenho a ciência de que a Madhouse está atualmente instável, utilizando muitos freelancers e que de vez em quando faz obras  consideradas pela ampla maioria como medianas ou ruins, aquéns de quaisquer expectativas. No entanto, com Sora Yori, é perceptível que, durante esses cinco episódios, puseram cuidado e dedicação em cada um dos aspectos técnicos de produção. A trilha sonora é belíssima, mas ao mesmo tempo sutil — se faz notar apenas em momentos chave ou de pico dramático, o que eleva a escassez da mesma, criando um efeito de necessidade e quando aparece torna-se um catalizador, aumentando com sucesso a intensidade emocional das cenas e suas catarses. A animação é perfeitamente suficiente e funcional, há cenas fluidas quando necessário e há cenas mais estáticas e contemplativas no momento certo, no ritmo correto. O character design é simples mas ao mesmo tempo contém um ar de unicidade, além de conter um bom grau de expressividade. Os cenários são belos e um tanto quanto realistas, mesclando-se bem com o character design, no entanto, há desnecessariamente muitas cenas de desfoque de fundo, o que acaba por fazer com que o cenário seja ofuscado por outros elementos visuais. A direção é precisa e incrivelmente adaptativa, tratando com maestria tanto as cenas dramáticas, quanto as cenas cômicas, fugindo da mesmice, do monótono.
As personagens foram muito bem escritas até aqui — são tridimensionais. Durante esses cinco episódios as personagens principais partiram de um ponto e chegaram a outro, houve um desenvolvimento notório em cada uma delas — Mari, Shirase, Hinata e Yuzuki. Além de exibirem vastas nuances emocionais e comportamentais, com múltiplas facetas para diferentes situações, também demonstraram que têm suas motivações para agirem do jeito que agem, motivações condizentes com seus passados, porém, algumas interações iniciais entre as personagens pareceram levemente artificiais, destoantes do geral.  
Há uma sinergia muito grande entre as personagens até então: os diálogos e ações das cenas em que ocorrem suas interações até agora são, na maior parte do tempo, muito bem escritos e reais, transitando perfeitamente entre o divertido e o dramático, com pontos altos e baixos, assim como é a vida, o roteiro brilha nesses momentos. O plot — a viagem das garotas para a Antártica, pode ser utilizado como uma metáfora para vários objetivos da vida e para, de forma não clichê, abordar as temáticas de busca por significado, sonhos e objetivos, relevância social, necessidade das amizades e as raras conexões verdadeiras entre os indivíduos — onde tudo fica mais fácil, pois há um apoio. A história pré-Antártica (o momento até o episódio 5, possivelmente até o 6) é contada (storytelling) de forma muito interessante, deixando o espectador sempre curioso e instigado a continuar assistindo para saber se as garotas conseguirão ou não prosseguir para a expedição — o objetivo em comum delas. O desenvolvimento da trama de ida à Antártica foi muito bem executado até agora, mas peca em certos momentos: algumas poucas soluções envolvem muita coincidência e são simples demais. No entanto, é muito bem feito em se tratando de detalhes técnicos da vida real, onde há uma série de obstáculos que parecem ser intransponíveis a priori, mas que podem, eventualmente, ser superados
Avaliação Geral: ★ ★ ★  ★ (++)

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