Just Because! #6 | Análise Semanal

Esse episodio foi muito satisfatório. Os dramas românticos em Just Because!, muitas vezes, parecem amarrados à ideia de “amor destinado” – onde dois personagens estão predestinados a verdadeiramente estarem juntos, qualquer que seja o destino deles e independente do que aconteça eventualmente eles ficaram juntos.

O conceito de amor destinado inspirou diversas histórias excelentes, mas aprecio como Just Because! parece enfatizar de forma consciente o contrário dessa ideia. Às vezes, as pessoas são compatíveis, todavia algumas pessoas não podem ser preenchidas por uma pessoa compatível. Por vezes, nem estamos certos de que gostamos de alguém, mas quanto mais tempo passamos junto dessa pessoa percebemos a alegria espontânea que sentimos. Às vezes, caímos fora do amor pelos motivos mais inesperados, e por vezes as coisas simplesmente não funcionam. 
Essa sensação de ambiguidade e quase falta do destino resume todos os conflitos deste episódio, já que Mio, Hazuki e até a Ena tentaram resolver essas duvidas que estão dentro delas.


Embora Just Because! continua a falhar no aspecto visual, sua sutileza emocional o mantém acentuado e íntimo. Observar essas garotas lutando com seus sentimentos que estão escapando é bem agradável, sendo um dos charmes de Just Because! essa compreensão das experiências de adolescentes na escola. 

Eita e Haruto passaram a maior parte deste episodio desconfortáveis, sem saberem o que fazer quanto a seus sentimentos. Embora no início Haruto tenha recebido uma mensagem da Hazuki , ele não estava seguro de como responder ela, e sua demora na resposta acabou por se tornar seu próprio conflito interno. Sua atitude em demorar responder a mensagem foi somente um reflexo de sua ambiguidade interna – em que ele queria saber a verdade ao mesmo tempo que tinha medo da verdade. 

 “Eu não tenho ideia do por que dela querer me ver, e eu estou com medo de deixar as coisas claras!”. 

O medo da rejeição confirmada pode facilmente manter alguém preso nessa estagnação. Enquanto isso, do lado do Eita, suas tentativas de copiar o Haruto “se eu ganhar este confronto de beisebol, eu vou me confessar!” levaram ele no fim incapaz de enfrentar a Mio. Esses garotos são extremamente ruins em expressar seus sentimentos, e Just Because! continua conseguindo deixar toda essa dificuldade muito convincente e fiel à vida. 

Do lado das meninas, os sentimentos em constante mudança da Mio e da Hazuki para com o Haruto fizeram uma excelente exemplificação da natureza mutável do amor. Mostrando como sentimentos de paixão são voláteis. 

Mio abriu seus sentimentos (que ela cultivava desde do ensino fundamental) com o Haruto quando finalmente o confrontou, ela ficou satisfeita com o simples fato de devolver uma borracha. Mio estava apaixonado pela ideia de estar apaixonado pelo Haruto, porem quando ela finalmente o confrontou, sentiu um alívio por simplesmente ter deixado esses sentimentos passarem.

Do lado da Hazuki, embora nunca tivesse pensado em Haruto em um sentido romântico , estava claro que a confissão do Haruto realmente a levava a considerar a perspectiva de talvez gostar dele. Nem sempre reconheceremos um possível par românticos desde o momento em que nos encontrarmos pela primeira vez. Foi dado um motivo para que ela realmente pensar em Haruto desse jeito, parecia claro que os sentimentos de Hazuki estavam mudando. Gostei de como o vínculo emocional da Hazuki foi ativado através do jogo de beisebol do Haruto, levando ela a retornar à trombeta. Foi feita uma conexão bem legal da Hazuki “querendo tocar perfeitamente” e do Haruto querendo acertar um lance. 

Todavia o auge do episodio foi o encontro da Hazuki com o Haruto no rio. Seus sentimentos se juntaram maravilhosamente no pico dramático do episódio, uma performance de trombeta do rio que encapsulou a característica silencioso de Just Because!

Claro, ter a Mio e a Hazuki mudando seus sentimentos, e em seguida permitir que a Mio se conecte com o Eita seria quase tão conveniente como qualquer “amor destinado”. Assim, caiu para Ena evitar a conveniência deste “amor destinado”, aproximando-se do Eita em uma série de encontros amigáveis e encantadores. 

Agora fica claro que o Eita realmente gosta de passar momentos com a Ena, e as suas energias e estilos diferentes desempenham um relacionamento muito mais natural do que com a Mio, que é francamente muito mais parecida com o Eita. Gostei muito como o episodio trabalhou o amor destinado, como se a obra brincasse com isso.

Parece que a Mio de repente/finalmente percebeu a ameaça da Ena na cena final deste episódio, mas dada a narrativa geralmente naturalista da obra, é uma questão que está em aberto se a Mio poderá fazer algo a respeito ou não. Às vezes, percebemos que as coisas que pensávamos que queríamos não nos deixam realmente felizes, e por vezes só reconhecemos as coisas que nos deixam realmente felizes quando elas já se foram…

Avaliação:   ★ ★ ★ (+++) 

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