Sakurada Reset #11 | Análise Semanal

Enfim temos um episódio mais leve e até certo ponto despretensioso, mas que ainda 
mantém o costumeiro estilo de narrativa!

O episódio começa revivendo um diálogo do Kei com a Misora onde eles falam sobre amizade, sendo esse o ponto de partida para todo o desenvolvimento adiante. Nesse momento a Nono se torna o foco dessa tentativa da Misora em conseguir amigos, algo que é bem clichê nos animes, sendo um tema bem recorrente, mas o que se destaca aqui é a união de um contexto bem especifico do personagem, somado a uma qualidade notável no conteúdo dos diálogos. Durante a conversa da Nono e a Misora fica bem claro a tentativa de dar a naturalidade para um diálogo forçado, com pausas e um “jogo de câmera” com tomadas mais abertas, visando deixar o ambiente mais leve e agradável, corroborando com o trabalho de sonoplastia. 



Além disso, a obra fez questão de deixar claro que a discussão do significado de amizade é bem mais amplo e complexo do que parece, fazendo uso de diversos exemplos que tentavam ilustrar o significado da palavra dentro dos contextos apresentados, desde o impacto das palavras se comparado com ações até o valor do expressionismo. E tudo isso fica mais palpável a partir do ponto em que o episódio roda em torno da perspectiva da Misora, fazendo com que a dinâmica mude e o espectador consiga ter mais variáveis para entender esse personagem, principalmente devido ao bom uso da inclusão dos pensamentos e reflexões no meio aos diálogos, que dão mais base para a sua falta de “bom senso” que sustentam suas respostas honestas.



Após isso a Misora vai para escola e tem uma outra conversa como uma colega de classe que se mostrou preocupada com ela, o que é uma boa sacada, já que a toda construção do personagem roda em torno da dinâmica dela com o Kei, é coerente que ela transpasse essa ideia quando ele não está por perto. E aqui é aonde a mentalidade da Misora se destaca, fazendo com que um simples diálogo sobre “visitar a casa de alguém doente” vire uma reflexão extensa sobre o valor das atitudes fora do contexto lógico, que é até certo ponto bem cômico, já que ela tem uma visão bem realista das coisas e a sua colega de classe vê a situação de uma forma mais “romantizada”, trazendo uma dinâmica bem singular para a cena, mas que ainda mantém a qualidade dos diálogos. Sendo algo realmente incrível, como a obra sabe construir conversas ricas a partir de pequenos “gatilhos”.



Vale notar também o nível da síndrome de “super empatia” da Misora, toda essa parte da narrativa em que ela se prepara e tenta ir a casa do Kei deixa isso bem claro, que para ela uma simples ação de “visitar a casa de alguém que está doente” é algo tão complexo ao ponto de dar agonia no espectador, como se nos forçasse a pensar “apenas vá!” ou “por que está se preocupando com isso?”. E isso é fruto do já citado recurso de colocar a Misora como protagonista do episódio, onde fica muito mais claro os resquícios desse problema apresentado no começo do animê, ou seja, a obra quer deixar claro a situação em que ela se encontra de forma ao espectador acompanhar essa situação em primeira mão, tentando justificar o porquê ela é e age daquela forma. Além de servir de base para entender a necessidade dela ter uma pessoa ao seu lado para auxiliá-la, visto que toda ação que ela realiza por si só é derivada de um processo incrivelmente agoniante e só é tomada depois de muita, mais muita reflexão, visando prevenir qualquer chance de isso afetar negativamente alguém, ao ponto de isso parecer algo doentio. E que querendo ou não, é algo que faz com que tenhamos mais empatia e maior entendimento quanto ao personagem.



E quanto ao episódio terminar antes de ela apertar a campainha e entrar. Resumindo, o ponto da segunda parte do episódio foi, “Misora não sabe se vai a casa do Kei e cria barreiras para realizar essa ação”, isso significa que a partir do ponto que ela realizou a ação de apertar a campainha o objetivo do episódio foi concluído. No caso, o conflito foi criado, discutido e superado, fazendo total sentido terminar dessa forma e dando mais estrutura para essa narrativa episódica, com início, meio e fim. 



Avaliação Episódio 11: ★ ★ ★  ★ 

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