Sakurada Reset #1, #2 e #3 | Análise Semanal


Antes de iniciar a análise, vamos colocar algumas ponderações relevantes que precisam ser pautadas:

Proposta

Os 3 primeiros episódios de Sakurada Reset tinham como proposta inicial do anime trabalhar personagens, muitos dos contextos deles agregaram o “worldbuilding” da obra, sendo algo que “uniu o útil ao agradável”. E é nesse quesito que a obra se mostra capaz, construindo diálogos mais densos, que conseguem aprofundar mais os personagens e lhes dão um maior senso de dimensionalidade, de forma a construir diálogos que trazem a tona pontos que são base para conflitos do dia-a-dia deles, temas como confiança, empatia, tristeza, etc. Mas dentro desse contexto ainda temos uma outra base na narrativa,que são os poderes especiais retratados na obra, que trazem outras questões a serem exploradas, mas o que realmente traz um brilho para a obra é a união dessas 2 bases na construção e desenvolvimento da narrativa. 

Andamento

No entanto, o andamento da obra é singular, usando os dois episódios iniciais como um pseudo-prólogo, sendo uma espécie de mini-arco para introduzir o espectador na obra. Porém, logo no final do episódio 2 já temos a morte de um personagem e no 3 um “timeskip” para 2 anos no futuro, no qual, agora os dois protagonistas(sem a Souma) fazem missões de monitoramento sobre os poderes dos locais. Tudo isso ficou muito “jogado”, é óbvio que a obra quer criar pontas soltas para serem exploradas futuramente, e não só isso, ela quer manter o espectador instigado e atento, o que nesse caso funcionou, o ponto é que isso pode vir a se tornar um problema futuramente, esse dinamismo forçado é um “faca de dois gumes”, resta aguardar para ver se acelerar o desenvolvimento narrativo foi a melhor forma de lidar com a situação.


Aspectos Técnicos 

A produção está nas mãos da David Production, que vem apresentando uma animação bem consistente, com traços firmes e que fluem bem. Nos primeiros episódios ficou em evidência a qualidade de detalhamento, muitos dos ambientes retratados tinham um alto nível de fidelidade com a realidade, desde os backgrounds a um “orelhão”, sendo algo que facilita a imersão do espectador. Mas não é só isso, a obra apresenta quadros muito bem polidos, sem aqueles bugs visuais, no entanto, esse processo se simplifica devido ao “jogo de câmeras” do diretor, onde ele usa alguns quadros estático com movimento horizontal para dar sensação de movimento e repetição de quadros, que apesar de tudo, não são problemas realmente relevantes. Já a trilha sonora é um show a parte, com um alto nível de melancolia e peso, sendo um meio de medir o teor da cena, já que a direção é bem constante na sua construção de cena. Sendo recorrente ver que a trilha sonora dita se a cena é um diálogo mais denso e pesado ou um alivio cômico, por exemplo, assumindo um papel de trilha sonora de impacto e não de plano de fundo.

Agora vamos a análise:

Os dois primeiros episódios são basicamente um mini-arco, tendo como base três acontecimentos, quem é a Misora, o caso da mãe e filha e o suicídio. Como já dito acima, a obra tenta desenvolver o mundo e os personagens nesses primeiros episódios, por isso esses “conflitos” funcionam tão bem juntos.

Quanto aos acontecimentos vale notar a qualidade dos diálogos no episódio 1, seja em momentos como o dialogo sobre a maldição da Souma ou no dialogo do fim do episódio, a obra mantém uma qualidade de roteiro bem acima da média, muito se deve a forma como ele consegue criar contexto, já que criar diálogos complexos e específicos como os da obra exigem uma preparação previa e isso a obra faz muito bem. Sendo realizado isso com maestria durante todo esse processo de aproximação entre a Misora e Key. Ainda no episódio 1, temos um uso bem singular do conceito de “personagem quebrado”, em que a Misora se vê daquela forma por algo como “empatia extrema”, o que agrega muito ao senso de humanidade do personagem, a forma como usa seus poderes e a mentalidade que ela apresenta, ilustra bem o nível de dimensionalidade do personagem. O interessante é a forma como o diretor conseguiu encaixar um cliffhengar duplo, um pela garotinha e outro pelo aparente suicídio da Souma, sendo a trilha sonora um ponto mais complementar nesse momento, resultando em um impacto audiovisual gigantesco.

Já no episódio 2, o foco muda para a garotinha que estava chorando na escola no episódio passado. O ponto aqui é o impacto dos poderes na sociedade, sendo meio que o processo inverso, já que o foco anteriormente era impacto da sociedade no seus poderes(caso da Misora). Começando de forma a resgatar a carga emocional do ultimo episódio, mas ainda mantendo o foco logico da situação, com um “insert-song” muito bem colocado que auxilia nesse processo. No entanto,o mais marcante foi a sua conclusão, com uma construção de cena incrível, muito devido a qualidade do storyboard, alinhando bem os diálogos e a dramatização da cena, mas sem tirar os devidos créditos da direção em alinhar bem a carga dramática de ambos os planos, assim como o ótimo trabalho de sonoplastia da cena, não só pela composição sonora, mas pela dublagem também. Além disso, ainda tivemos a confirmação que a Souma se suicidou e que ela tem alguma habilidade que possibilita manter a memoria mesmo após o reset, como se ela não fosse influenciada pela habilidade, mas o que mais me surpreendeu foi eles usarem o “timeskip” para aliviar a carga emocional, como se não quisesse que o publico sofresse com aquilo, o que é no minimo estranho. 

E por fim o episódio 3, aqui nós já entramos em um narrativa pseudo episódica, com missões a serem concluídas pela dupla. Sendo um episódio mais leve se comparado com os anteriores, se focando em mostrar a relação da Misora e do Key, o que é meio que um recurso de roteiro para pular o processo de “humanização” da personagem para ir direto ao “estagio final” e principalmente a diferença dessa relação sem a Souma. Contextualizaram novos personagens e uma em especifico foi a base desse episódio, que se utilizou da habilidade de resetar para alterar alguma coisa, e que posteriormente gerou um efeito em cadeia que resultou em uma colega de escola planando em cima da cama do Key. Além da Nono é claro, que também teve papel vital no desenrolar do episódio, sendo algo que ainda soou muito como um recurso de roteiro e acabou quebrando um pouco o senso de realidade para com a obra. Mas ainda conseguiu fazer seu papel como um episódio de introdução, o próximo tende a ser bem mais movimentado e conclusivo, fazendo com que essa queda seja palpável e entendível.

Avaliação Episódio 1: ★ ★ ★  
Avaliação Episódio 2: ★ ★ ★  
Avaliação Episódio 3: ★ ★ ★  ★

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