Aliens Area | Primeiras Impressões

Aliens Area, de Fusai Naba, é um dos novos títulos da Weekly Shounen Jump. O primeiro capítulo saiu oficialmente neste domingo (05/06/2022) no serviço Manga Plus, em inglês, marcando a estreia da obra na revista. Na trama, Tatsumi Tatsunami perdeu seus parentes ainda jovem e agora cria seus irmãos sozinho. Uma mudança física abrupta passa a afetá-lo, culminando num estranho episódio envolvendo aliens, um episódio que irá transformar sua vida.

Abrimos Aliens Area sob a perspectiva de um adolescente, ainda estudante de escola, mas já com grandes responsabilidades. Conciliando trabalho e estudos, ele sustenta a ele e aos irmãos. O design, aliado ao traço grosseiro que lembra a rusticidade de Gege Akutami em Jujutsu Kaisen, expõe cansaço nas feições do protagonista, revelando o peso da rotina do personagem.

Entretanto, esse é um capítulo muito mais sobre vinhetas curtas da vida dele para uma contextualização geral do que propriamente uma ambientação pomposa de seus sentimentos para nos afeiçoarmos ao protagonista. Isto é, você entende que o Tatsunami trabalha enquanto estuda e que isso provavelmente rouba muitas coisas dele, mas isso fica pra sua cabeça completar, porque não é o que a narrativa escolhe mostrar e se aprofundar. Em detrimento disso, temos essa contextualização geral e uma situação extrema de perigo cuja transição para que fosse alcançada é abrupta. Ficamos mais com um arquétipo cliché, um protagonista bom, alguém que daria a vida por seus irmãozinhos, “antes eu do que eles”. É eficiente e dentro do que a pressa por consolidação dentro da WSJump ordena, mas não deixa que nos aproximemos tanto de seus dramas logo de cara.

Honestamente isso não é em si um problema. O problema é o futuro dessa história: se Aliens Area quiser se apoiar em situações episódicas em que a força dramática dependerá dos dramas emocionais de Tatsunami, ele vai precisar entregar mais. E essas obras às vezes gostam de “ganhar no grito”, em discursos emocionados, mais do que em de fato mostrar e explorar sentimentos devidamente. Mas, tudo bem, pode ser apenas um Leo aqui frustrado por não ver mais do que nosso protagonista está perdendo da sua adolescência, o quanto isso afeta suas relações, seus lazeres etc.

Indo para o combate no final, apesar de ser chato, a sensação de perigo ser nula e os caminhos (seus, que o precederam e sucederam) serem previsíveis (ok, talvez eu tenha achado que os irmãos dele seriam mortos e que teríamos uma história de vingança tal qual Kimetsu no Yaiba), o traço de Fusai Naba é ótimo para uma obra com criaturas bizarras. Os aliens, ao menos os do primeiro capítulo, trazem a energia de criaturas como ET de Varginha ou os ETs de Invasor Zim, aqueles olhões esbugalhados saltando da cara. O espaço para o bizarro e o medonho está aberto. Agora, nada no mundo me faz engolir aquele alien do nada explicando a fonte dos poderes do protagonista. Deslocadíssimo.

Alien de Aliens Area e Et de Varginha

O desfecho tem um gosto interessante e ameniza meu incômodo com a proposta inicial de contextualização. Aliás, um jovem em condições econômicas difíceis, necessidade de dinheiro… como não lembrar de Denji e Chainsaw Man nesse final, não é? O singular policial Hajime Sharaku, com uma malícia caótica nessa cara sorridente que me faz olhar torto para ele, com aquela desconfiança com que eu olhava para a Makima, oferece um “emprego estável do Estado” para o sufocado Tatsunami. Como bom pobre, eu digo que quando a esmola é muita, o santo desconfia. Oportunidade boa ou contrato com o Diabo? Só o tempo dirá – se a TOC e o departamento editorial da Jump permitirem. No fim das contas, era mais para entendermos que Tatsunami estava fodido e agora será forçado a topar esse emprego – e aí vamos ver se vai ter valido a pena o autor ter começado ou seguido por esse caminho.

Falo de Chainsaw Man, mas como o Mangáteria conversou comigo no Twitter, é possível também que tenhamos algo mais para The Promised Neverland, visto que parece haver uma visão de superioridade dos aliens para com os humanos (o protagonista foi vítima de um experimento, por exemplo). Os demônios de Neverland iam por esse caminho, Emma e seus amigos reivindicavam a liberdade humana e o direito de viver. Só espero que a história não faça uma discussão boba em torno de raças, dualidades, justiça, porque a primeira expectativa é a de que vai ser o mesmo que já vimos trezentas vezes sem muito de novo a oferecer temática e esteticamente (desculpem a negatividade).

É só o primeiro capítulo. Teremos algum tempo com Aliens Area ainda. A ver o que poderemos tirar dessa experiência.


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