Nana e o medo da solidão

Autor do texto: Kaybleiber

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Sabe aquela pessoa que entra na sua vida e que desperta sentimentos profundos e uma forte conexão logo no primeiro momento em que se encontram? É até difícil de explicar essa sensação, muitos dizem que o destino convergiu para esse momento acontecer, outros deixam na conta do acaso, o fato é que muitos desses primeiros contatos parecem se desenrolar em situações propicias que potencializam essa ligação, muitas vezes essa primeira impressão ocorre em oportunidades onde existem diversas coincidências que os unem, mesmo que eventualmente essa outra pessoa tenha uma personalidade diferente da sua, a conversa rende, vocês riem juntos e o clima vai ficando confortável ao lado da pessoa como se a conhecesse a anos. Então me diga, você se lembra do primeiro momento que conheceu alguém especial na sua vida?

Essa reflexão citada anteriormente vem do primeiro episódio de Nana, mangá escrito e ilustrado por Ai Yazawa, publicado em 2000 até julho de 2009 na revista Cookie através da Shueisha, a série entrou em hiato porque a autora ficou doente e até hoje não foi retomada. Em 2006 ganhou uma adaptação para anime feita pelo estúdio Madhouse e dirigida pelo Morio Asaka. A animação possui 47 episódios e adaptou até o 12º volume do mangá. Essa review, com spoiler, é baseada no anime.

A obra conta a história de duas garotas chamadas Nana que se encontram por acaso em um trem rumo a Tóquio, Nana Komatsu viaja com o intuito de encontrar seu namorado e arrumar um emprego, já Nana Osaki está em busca de se tornar um grande ícone da música, as duas logo ficam amigas e acabam morando juntas.

Apesar de ter sido publicado por uma revista shoujo, Nana tem muitas características que lembram um josei, com uma abordagem mais madura e realista nos seus conflitos, a obra retrata adultos em busca de estabilidade e sentido para suas vidas, a própria mudança das protagonistas a Tóquio é em função disso. O anime não é maduro apenas nos relacionamentos interpessoais, mas também nos pequenos detalhes do dia a dia; vemos a Hachi enfrentando diversas dificuldades em sua nova vida, buscando emprego, juntando as economias para pagar o aluguel, se questionando se ela realmente está feliz com a vida que está levando e trazendo incertezas sobre seu futuro, do outro lado temos a Nana sendo atormentada com as feridas do passado, procurando crescer na sua careira musical, ensaiando com sua banda, lutando para fechar com uma gravadora e marcar um show. Para completar, é mostrado um foco em vários outros dilemas da vida adulta como sexo, gravidez, aborto, drogas e prostituição, acima de tudo é um anime bem humano com dilemas morais que o espectador consegue se identificar.

Antes de entrar nos meandros da trama gostaria de ressaltar o valor da narração na história, ela é feita pelas duas Nanas, mas principalmente pela Hachi, que depois você entende que são feitas já no fim da obra. A narração introduz e conclui todos os episódios, ela consegue traduzir em palavras os mais profundos sentimentos que os personagens estavam vivendo naquele momento, mas que nem sempre conseguiam desabafar, são relatos transmitidos por uma voz doce que conecta o espectador a obra. A Hachi é uma personagem que devido a sua insegurança e medo de desagradar muitas vezes não falava o que estava verdadeiramente sentindo, e a autora usou esses momentos da narração para ela poder abrir o coração completamente. Logo no começo do anime, tem um episódio que se inicia com a narração da Nana, onde ela está relatando o que sentiu quando conheceu o Ren, que esse novo sentimento é tão intenso que não chega perto de excitação ou amor, ecoou dentro dela de uma forma única, e que não importa o que faça sente que nunca vai conseguir alcançá-lo, todo esse depoimento é algo que ela dificilmente falaria para o Ren, devido ao seu orgulho e necessidade de manter a pose de durona, mas foi passado em forma de narração trazendo seus pensamentos mais verdadeiros.

Entrando na história

Ai Yazawa tomou uma decisão muito acertada no começo da obra, ela resolveu mostrar o passado das duas Nanas num flashback que durou 4 episódios no anime. Isso traz um background muito sólido para conhecer melhor a origem das personagens. Primeiro vemos o da Hachi, é mostrado como ela recorrentemente sofre por amor, depositando todas suas expectativas e ambições em um relacionamento, ficando dependente e vivendo a vida em torno dos namorados, ela está sempre em busca de uma paixão, pois acha que vai ser preenchida e curada de todas as angústias dando sentido a sua vida; Hachi é muito imatura e apegada emocionalmente as pessoas em sua volta, não quer desagradar ninguém, ela é constantemente usada em um relacionamento, sofre e depois parte para outro, até que conhece o Shouji, que é o primeiro que olha primeiro ela como ser humano e depois como namorada, ele a ama, mas sempre que necessário aponta os erros dela. A Hachi não tem uma projeção para o futuro, não sabe qual carreira quer seguir, não planeja, apenas vai vivendo a vida tendo como sentido única e exclusivamente seus relacionamentos, tanto que o Shouji vai para Tóquio em busca de um emprego melhor, os dois mantêm um namoro a distância e ela já fica pensando em ir atrás dele.

Já no flashback da Nana somos apresentados aos outros integrantes do Blast, temos o Nobu, um cara engraçado e bem humorado, que tem uma fonte de renda bem considerável, mas resolve ignorar tudo para viver a carreira musical, já totalmente diferente temos o Yasu, que é mais sério, paizão e com uma visão mais responsável; ele acredita que essa carreira musical é sonhar demais e prefere se manter no seu emprego de advogado. A Nana não sabe quem foi seu pai e tem pouca memória de sua mãe, que sempre trocava de homem e não dava atenção para a filha, ela foi criada pela a avó. O Ren tem um passado semelhante ao dela, logo bebê foi abandonado pelo pai em um galpão, mas usou essas dificuldades em sua vida para crescer e se fortalecer, os dois tiveram uma forte conexão quando se conheceram, ele a ensinou tocar guitarra. A Nana se apoia no Ren e o vê como um vencedor, contudo chegou um momento que ele sentiu que precisava alçar voos maiores e também foi tentar a vida em Tóquio como músico, convidou a Nana, mas ela com o coração apertado não aceitou, pois percebeu que seria apenas uma dona de casa e iria atrapalhar o sonho do Ren, sem falar que também tinha grandes ambições, mas não se sentia preparada ainda.

Pouco tempo depois somos apresentados ao Shin, o último integrante do Blast, é um garoto jovem e doce que fica encantado quando vê os outros tocando na banda, logo descobrimos que ele se prostitui para se manter; Shin admira muito a Hachi, pois é uma das poucas pessoas que vê ele como ser humano e não quer nada em troca, as outras geralmente almejam seu corpo, coração ou talento. Depois do Shin, o último núcleo central de história aparece, o Trapnest, é a banda que o Ren foi quando viajou para Tóquio, ela é formada pelo Takumi, um garanhão com uma personalidade fria e centrada, ele formou a banda e é bem profissional, é o tipo de pessoa que fez a Hachi se apaixonar facilmente, mas ele só quer se aproveitar dela, a usa como se fosse um objeto. Temos também a Reira, que é a vocalista e que carrega uma grande pressão em suas costas, de ser a princesinha perfeita e ter uma imagem de idol. Seu pai é americano e morreu quando ela tinha 6 anos, mas a Reira não pode revelar isso, pois as pessoas têm que achar que ela é 100% japonesa, ficar lidando com essa vida de aparência a está cansando de tudo. E para fechar a banda temos o Naoki, que possui uma personalidade parecida com a do Nobu, bem animado e otimista, infelizmente ele é o único personagem da obra mal trabalhado.

O simbolismo de um amor imperfeito

“Ei Nana, se nós fossemos amantes, será que um abraço seria suficiente para espantar a solidão?”

O laço que une as duas Nanas é muito profundo e resistente, mesma que elas tenham muitas diferenças, ambas estão interligadas e acabam se completando, as duas são egoístas e não conseguem superar feridas passadas, se sentem acuadas quando percebem que uma estão perdendo a outra para alguém, foi assim que a Hachi se sentiu quando a Mai, que é fã do Blast e da Nana ficou colada com ela dividindo vários momentos, ficou com receio de perde a Nana, e naquele momento a Hachi estava se sentindo excluída, Shouji havia a traído e o trabalho estava horrível. Em outro momento a Nana ficou com medo de perder a Hachi quando ela se apaixonou pelo Takumi, o Trapnest já tinha tirado o Ren dela, a Nana não suportou a ideia de perder outra pessoa que ela ama, e chegou até a usar o Nobu para trazer a Hachi de volta para ela, um pensamento extremamente individualista, sem se importar com os sentimentos dele.

Mas apesar dos ciúmes e medos, a relação das duas é recheado de amor e união, a Hachi sempre soube que enquanto a Nana estivesse ali, ela nunca se sentira sozinha, e em todas as crises e momentos de dor as duas estavam juntas para se ajudarem e passarem por aquilo juntas, trazendo força para continuar. A Nana via que a Hachi era uma mulher ingênua, animada e gentil, e isso encorajada ela, esse lado otimista dava força para Nana seguir em frente. O momento que selou definitivamente a amizade das duas foi quando elas foram ao show do Trapnest, toda resistência e defesa se foi, a Nana se abriu para Hachi mostrando que confia plenamente nela.

Um momento chave na história é quando a Hachi vai embora com o Takumi para cuidar da filha e não atrapalhar ninguém do Blast, foi a ocasião que mais ameaçou uma ruptura da ligação entre as Nanas, as duas ficaram sem se falar e passaram por maus bocados por se separar, esse acontecimento foi muito bem representado simbolicamente quando a Nana acidentalmente quebra o copo de morango que as duas compraram juntas em um dos seus primeiros dias em Tóquio, aquele copo representava a amizade delas, quando a Hachi viu o copo quebrado, chorou muito, sentiu que a Nana estava com raiva dela e que sua decisão não tinha mais volta. Mas apesar da teimosia e do egoísmo o sentimento entre as duas ainda existia, antes de ir embora a Hachi deixou uma carta para Nana, que não era de despedida, e sim de amor, dizendo que os 6 meses que ficaram juntas foi especial, vai torcer para ela e a assistira no palco para brilhar, e que um dia deseja vê-la novamente. Depois de falhar nas várias tentativas de se reencontrar, a Nana subiu no palco em um show e disse que vai vencer na música e que é para Hachi a esperar.

No quarto 707 ocorreu muitos acontecimentos marcantes no anime, é o local que desenvolveu o amor e a amizade das Nanas, é onde o Blast se reunia para festejar, foi onde o Nobu trouxe as primeiras notas de Rose e viu a Nana cantando a forma embrionária da canção e a Hachi só de olho admirando, foi onde o Takumi disse querer criar o filho da Hachi depois dela dar o fora nele e se esconder no banheiro, esse quarto praticamente criou vida e virou um personagem na obra, são muitas lembranças armazenadas naquele lugar, o número é 707, pois 7 significa Nana, e são duas Nanas. Numa interpretação mais abstrata dá para dizer que o “0” do 707 é um espelho que reflete os dois “7”, as duas diferentes personalidades que estão interligadas por um ponto comum, onde muitas coincidências e até o destino entrelaça suas jornadas.

As feridas de um sentimento possessivo

O relacionamento humano é abordado constantemente no anime, como não poderia deixar de ser numa obra de romance, você torce e sente a progressão de todas as relações apresentadas, elas são aprofundadas com a abordagem de cada conflito, e que muitas vezes está interligado a outras temáticas da obra, nesse sentido tem um que está conectado a vários núcleos da história, que é o sentimento de posse. Isso fica claro em momentos como o da Nana querendo convencer o Nobu a aceitar o bebê da Hachi, para não perder o controle dela para o Takumi e o Trapnest, outro exemplo disso é com o Takumi, ele deu o nome da banda de Trapnest que significa “caixa que não dá para sair”, e fez a mesma coisa com a Hachi quando descobriu que ela estava grávida, queria ter ela somente a seu alcance, e não deixou a Hachi dar atenção para Nana. O maior símbolo de toda essa mensagem é o cadeado que a Nana colocou no pescoço do Ren, fica bem representativo como ela é uma mulher possessiva, esse sentimento egoísta, de afastar a pessoa que você gosta de outras só para estar no controle é o reflexo de um amor que as vezes é sufocante.

O impacto da música na obra

Tem alguns temas que eu tenho uma tendência enorme de gostar quando vejo em uma obra, como esporte, jogos de sobrevivência, abordagens existencialistas, mundo diatópicos, e claro, música. Meus olhos brilham e meu interesse sobe imediatamente, e Nana utiliza esse elemento de maneira sublime, a trilha sonora do anime é impecável, potencializa vertiginosamente a emoção de cada cena apresentada, é por esse motivo em particular que eu prefiro o anime ao mangá. Só de ouvir “Oyasumi Nana” vem à tona fortes sentimentos da minha experiência com a obra, eu sinto saudade dos personagens e logo quero ir para o meu cantinho chorar em baixo do meu cobertor. As aberturas geralmente têm um clima mais energético na pegada punk rock no estilo do Blast e as endings uma abordagem mais suave e doce na pegada da Reira, as músicas representam os estilos de suas vocalistas. Falando nela, uma curiosidade é que o nome verdadeiro da Reira, que é Layla, é por causa da música do Eric Clapton, que ele compôs para então esposa do George Harrison a quem ele estava apaixonado.

Rose, música da Anna Tsuchiya, foi a escolha perfeita para ser a primeira abertura do anime, a canção é um forte retrato da mensagem abordada na série, a começar pelo nome da canção, a flor de lotus rosa está tatuada no braço esquerdo da Nana, que no oriente tem um significado de pureza espiritual. Diversos trechos da letra lembram os conflitos dos personagens, como, por exemplo “Quanto mais luto, mais essa mágoa penetra em mim”, lembra a insistência da Hachi procurando ser preenchida com o amor de um homem, e quantos mais relacionamentos ela tem mais feridas ela traz e mais se sente vazia. A parte do refrão que diz “Eu preciso do seu amor, eu sou uma rosa quebrada” é o mais claro resumo da temática da obra, nos relacionamentos amorosos, onde os personagens procuram se encaixar e dar sentindo a suas vidas, mas principalmente na dualidade entre as duas Nanas, o amor delas é o sentimento mais forte que liga todos os acontecimentos da trama e que move a história para frente. Outro ótimo trecho é o “Sua música dispersou a tristeza, minha vida solitária não tinha rumo”, mostrando como a música une os personagens e constrói suas motivações, o Nobu largou seu ótimo emprego para viver da música, a Reira sente que se não fosse a música ela não teria utilidade para as pessoas, esse elemento liga todos os personagens.

A música não tem apenas um impacto temático na obra, mas também narrativo, foram diversas às vezes que ela moveu a história para frente e serviu de motivação para os personagens, os aprofundando. Um exemplo disso é quando a Nana diz que se identifica com o Nobu, ela entende a dor dele, pois também foi abandonada, e que a primeira vez que se sentiu em casa foi na banda com todos os outros fazendo shows e vivendo essa vida, o Blast é muito mais que um grupo, é o alicerce que trouxe o sentimento de pertencimento aos integrantes, até o Yasu que é o mais responsável e menos sonhador da banda, no fundo, sabe que não conseguiria ficar longe da Nana e do Blast.

Hey Nana, adeus e obrigado por tudo

Na reta final do anime foram abordadas várias relações, a Nana ficou um tempo sem ver o Ren, pois não queria depender dele e nem atrapalhar sua carreira, eles evitaram abordar temas mais sérios como morar juntos e ter filhos, esse distanciamento foi maléfico para ambos, acabaram sendo autodestrutivos para si mesmos, a Nana com crise e ansiedade e o Ren abusando de drogas, então ele finalmente tomou coragem e pediu a Nana em casamento. No início a relação da Reira com o Shin era mais sexual, mas ela começou a se apaixonar por ele; Shin tentou resistir, mas começou a nutrir um sentimento por ela também, existe um conflito entre eles se pessoas unidas pela luxúria podem se encontrar no amor, no fundo ele usa a prostituição como escapismo por nunca ter tido uma estrutura familiar, mas depois de muito tempo a conexão sincera entre os dois começa a fluir naturalmente sem culpa. E por fim quando a Hachi vai morar com o Takumi, ele é grosso e insensível com ela em vários momentos, a rebaixando apenas para uma mãe e dona de casa, por sua mãe ter morrido e seu pai ser um alcoólatra que nunca deu atenção para a família, ele sentiu no dever de cuidar do bebê e fazer diferente de seu pai, ele está mais preocupado com a criança do que com a Hachi.

Um momento mágico e especial dentro da obra foi quando todos se reuniram para soltar fogos perto do rio, foi uma ocasião que estavam todos juntos, se divertindo e aproveitando cada segundo, na primeira vez que acontece mostra como a Hachi está feliz de estarem reunidos, ela está abraçando o Nobu tentando acender os fogos com ele e a Nana fica apaixonada vendo isso. Já no final do anime, a Hachi toma coragem e manda uma mensagem pro Nobu, convidando-o para ver os fogos com todo mundo junto novamente e dizendo que tudo que eles viveram não foi mentira e que ela ainda o ama, mas quando chega na hora ele não tem coragem de encarar ela, existe esse claro contraste na relação dos dois nas duas vezes que os fogos aconteceram. Mas o resto do pessoal está lá esperando a Hachi, eles não se viam a semanas, é um reencontro muito emocionante, pelo brilho no olhar e o tom de voz dos personagens percebemos que a família está reunida novamente.

Nana é a obra mais importante da minha vida, contando todas as mídias, toda vez que vejo algum trecho do anime meu coração se embrulha, eu tive uma das melhores experiências da minha vida vendo e revendo a série, já perdi as contas de quantas vezes eu chorei copiosamente assistindo, a história me remete a um tipo de amor que eu nunca tive e que estou em busca, fiquei encantado com a jornada dos personagens, me identifiquei em algum nível com todos eles, sempre que eu penso em Nana me vejo cercado de memórias felizes em minha mente, é meu ponto seguro que já me deu força em diversos momentos que eu ameacei desacreditar do amor, espero que um dia Ai Yazawa conclua o mangá e uma nova temporada do anime seja lançada, contudo, mesmo que isso não aconteça, a obra já marcou profundamente minha vida e enquanto respirar irei revisitá-la.


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