KADOKAWA pretende produzir 40 novos animes por ano

No final de abril a KADOKAWA publicou seu relatório financeiro anual para seus investidores, referente ao ano fiscal que se encerrou no dia 31 de março de 2021 mostrando que os negócios tiveram um saldo positivo e a distribuidora planeja a produzir pelo menos 40 títulos em anime por ano no futuro.

Em 2020, as vendas líquidas da KADOKAWA subiram 2,6% em relação a 2019, com aumento nos ramos de light novels, vídeo e especialmente em videogames, onde a empresa teve um aumento de lucro em 114,6%. Um dos setores que ela mais se saiu bem foi no de publicação, que é responsável por tudo relacionado a light novels, mangás e afins. As vendas líquidas aumentaram 10,5%, enquanto o lucro operacional aumentou 105,5%. Tudo isso graças ao aumento de vendas ocorridas durante o período de lockdown, principalmente no ramo de e-books, em detrimento à venda de cópias físicas. Isso reduz o custo de produção enquanto aumenta as vendas, tornando-o um setor muito lucrativo para a empresa. As vendas no exterior por meio do Bookwalker Global aumentaram em 22% e, no mercado interno, um dos nichos de maior desempenho foi o isekai para o público feminino.

Talvez por causa disso a KADOKAWA também informou em seu relatório que está buscando se aproximar mais de empresas estrangeiras (como a recém-adquirida J-Novel Club) com o objetivo de distribuir light novels ao redor do mundo em uma escala maior e com mais rapidez. Eles também estão buscando contratar mais de 100 editores para aumentar o número de série pertencentes à KADOKAWA de 500 para 600.No setor de vídeo, que engloba animes e live-actions, as vendas líquidas tiveram uma baixa de 8,2%, enquanto o lucro operacional subiu em 7,1%. Isso se deve ao fechamento de diversos cinemas durante o primeiro estado de emergência no Japão, além de toda a dificuldade em realizar as gravações para filmes quando a pandemia começou, resultando em atrasos, adiamentos e em uma perda de 8 bilhões de ienes nas vendas.

Entretanto, o aumento no lucro operacional se deve graças ao negócio no segmento de vídeo, com títulos como Re:ZERO -Starting Life in Another World- e KONOSUBA -God’s blessing on this wonderful world!, que ajudaram a impulsionar o lucro no exterior para 22%. Esses títulos conseguiram este impulso não apenas pelas suas adaptações em anime (apesar que os royalties adquiridos através do streaming e vendas do home video tenham tido um grande impacto nesse aspecto), como também pelos jogos para celulares e outros produtos licenciados.Junto o aumento no número de séries em light novels, a KADOKAWA quer aumentar também o número de animes que eles ajudaram a produzir, de 33 de 2020 para mais de 40 títulos por ano (apesar de, como Tadashi Sudo do Animation Business notou, a KADOKAWA já atingiu essa meta em 2020 mesmo, com 31 animes para TV, 5 filmes para cinema e 4 OVAs/exibição para eventos). A empresa também quer aumentar a sua receita de licenças, além de fazer colaborações mais próximas com empresas como Sony e CyberAgent para ajudar a produzir mais jogos para celulares baseados de suas séries mais populares. A receita de licenças aumentou 136% em relação a 2020, com o licenciamento de jogos para celulares e colaborações aumentando em 165% ano a ano.

A ideia, em um primeiro momento, parece boa, mas sabemos como ocorrem péssimas condições para a produção de animes na indústria. Já existe uma demanda muito maior de animação do que de mão de obra humano para dar conta dessa carga de produção, além de que as condições de trabalho são precárias para aqueles envolvidos diretamente com sua criação (ex: animadores), enquanto as grandes empresas por trás de distribuição lucram milhares ou bilhares todos os anos. Um aumento ainda maior na produção de séries em massa é preocupante.