Os episódios recentes da incrível produção Wonder Egg Priority têm sido difíceis de digerir em um primeiro momento. Não só pelos temas sensíveis e os pontuais gatilhos envolvidos nos acontecimentos, mas pela quantidade de informação e a cautela necessária para absorver tudo.
Muita gente após esse episódio 11 entendeu que o roteiro havia perdido seu rumo ao colocar uma “vilã” e tentar transformar a trama em uma batalha. Após conversar com algumas pessoas, e até assistir o episódio pela segunda vez, com calma, pude enxergar melhor vários pontos sobre a garota IA como uma vítima da história, além de outras nuances que, na verdade, chegam a ser óbvias aos olhos cuidadosos de quem viu a execução do 11º episódio.
Não sei como tive o descuidado, mas ao ver o episódio sobre novo ponto de vista, fica claro. Frill é cronologicamente a primeira das vítimas que WEP apresenta. Ela é tentativa de criar uma garota perfeita, uma filha ideal, sob o ponto de vista de um homem. Todas as cenas de Acca e Ura-acca falando de suas características e o empenho que tiveram ao criá-la explicitam muito isso. A garota IA é a tentativa de criar uma filha perfeita, em um molde de características x ou y específicas, para uma sociedade de homens.
O episódio mostra que ela se encaixa perfeitamente nesse padrão idealizado por Acca e Ura-acca, eles aproveitam bem seus momento juntos. Chega um hora, no entanto, que só isso não é o suficiente. O homem quer ir além e ter mais. Agora, quer conseguir uma esposa que se encaixa no padrão socialmente aceito por homens: com boa aparência e dona de casa. É a partir disso que Frill é reprimida e literalmente abandonada. Jogada fora. Acca e Ura-acca disputaram a conquista da mulher, como algo novo para elevar seu próprio ego e não se importar em deixar para trás o que tinha antes.
Os sentimentos reprimidos, a pressão da “filha ideal”, matam a mãe a partir do momento que Azusa tem sua função exercida para reiniciar o ciclo: conseguir uma filha. Dessa forma, tudo recomeça, pois a filha deles assume o novo papel desejado de “filha ideal” que a sociedade masculina deseja. WEP quer demonstrar o padrão que homens enxergam para ser seguido: as mulheres devem ser boas filhas ou boas esposas. A morte da Azusa é a morte da mulher na sociedade por culpa dele próprio.
Os diálogos de Himari (acima) nos dá a entender que ela está sob controle da Frill, que já tivera demonstrado interesse pelo Ura-acca. Ela é uma interferência sim, de algum modo, nos suicídios, mas também um símbolo disso tudo. Cada um daqueles “monstros” estranhos que mataram os mascotes das protagonistas, como a borboleta e a libélula, podem ser representação da verdadeira face de Frill impondo seus sentimentos reprimidos por tudo que aconteceu.
*Agradeço a Sayukar e a todos as outras pessoas que conversaram sobre a trama e ajudaram de uma forma ou outra nas junção de ideias aqui expostas.
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