Explorando franquias: Mahou Shoujo Lyrical Nanoha

Esse será o primeiro texto de um segmento que tentarei criar, em que como o título já fala, eu tentarei fazer diversas reviews a respeito de uma determinada franquia. Em que irei comentar e debater sobre o desenrolar, as mudanças e as peculiaridades de cada temporada, ou a evolução (ou declínio) presentes em cada uma delas. Com a obra dessa vez sendo uma franquia bastante querida e uma das referências dentro do seu gênero, Mahou Shoujo Lyrical Nanoha. Em que os textos irão cobrir as três temporadas da série clássica, os seus dois Spin-Off, e a sequência de filmes Reflection e Detonation. Em que não irei resenhar sobre os filmes que compilam do material da S1 e S2, e nem sobre o mangá do Nanoha Vivid, visto que esse segmento sempre dará ênfase as adaptações em animes. Dito isso, vamos começar.

Antes de falar sobre a primeira temporada propriamente dita, devo dizer que um dos aspectos que mais me chamou a atenção em relação a franquia em um geral, é o fato de eu considerar Nanoha mais um Battle Shounen ao invés de um Mahou Shoujo. Sim, pode soar esquisito, mas é muito curioso de como toda a narrativa e a trama possui elementos que são muito característicos de Battle Shounen, com o aspecto do Mahou Shoujo se focando quase inteiro na estética (visto que são garotas que lutam usando magia, obviamente). E enquanto eu assistia, foi engraçado como eu fiquei com a impressão de que houve uma diferença na forma de abordagem em relação as outras obras do gênero que assisti até então (incluindo Madoka e Utena, que são desconstruções). Em que nessas obras, eram como se as lutas fossem apenas meios para explorar ou representar algum conflito interno das personagens, com elas sempre ficando como um elemento secundário na trama. Um belo exemplo disso era como as lutas de Precure eram vencidas apenas quando os conflitos de uma determinada personagem abordada no episódio em questão eram resolvidos por elas mesmas, como se fosse uma analogia para a superação desse problema em específico, e não como uma afirmação de um ideal já estabelecido, como é o padrão dos Battles Shounens.

O mesmo vale tanto para Madoka, em que por mais que as bruxas fossem derrotadas, isso nunca trazia nenhuma sensação de resolução para a trama, já que o problema estava na própria psique das personagens. Quanto para Utena, já que todo o conflito se iniciava pela livre e espontânea vontade da própria protagonista, e não como se ela não tivesse tido escolha, senão ser obrigada a participar disso, como acontece em vários Battle Shounens também. Mas isso não acontece com Nanoha, já que os conflitos internos de cada personagem se desencadeia através da busca de determinados objetos que acabam movimentando a trama (também conhecido como MacGuffin), que surge a cada temporada. Seja o conflito da Nanoha e da Fate na S1, que só ocorre por causa das Lost Logias. Seja o conflito da Hayate e da equipe da Sigurd na S2, que só ocorre por causa do livro das trevas. Seja no conflito da Tea que é causada por causa do fracasso dela na missão, mais o arco da Vivio e da Nanoha, em que o encontro é causado por toda a questão das relíquias e do experimento abordado no arco, e incrementado através das ciborgues de combate. Uma introdução meio longa, mas que vai ser necessária para dar um contexto a forma como eu avaliei cada temporada.E quanto a temporada em si, das três temporadas que compõe a série clássica, essa acabou sendo a mais fraca pra mim. Por mais que ele ainda tivesse essa certa diferença na narrativa que citei acima, o que acabou me deixando um tanto intrigado, ainda sim, houve certas coisas que não consegui fazer vista grossa e acabou afetando um pouco a minha experiência, especialmente em relação a conveniências. Já que por mais que a obra sempre vendesse a questão de que a Nanoha tinha um incrível poder latente dentro de si, não deu para aceitar de que ela já era uma profissional ao ponto de saber usar magia de longo alcance, rastreamento, voo e tudo mais, sem nem sequer um suporte do Yuuno em meros 3 episódios, sendo que nos episódios anteriores, ela mal sabia usar magia de proteção, mostrando que ela era uma completa amadora em relação a isso. Em que deveriam ao menos, ter mostrado essa suposta evolução dela mais para frente, já que isso afetou a credibilidade com relação a isso. E isso se reafirmou até na aparição da Fate, já que na teoria, ela deveria ser superior a Nanoha tanto por questão de experiência, quanto pelo fato da Fate também ser considerada um prodígio. Mas ela só consegue derrotar a Nanoha na primeira luta pela distração da mesma, já que a obra insinua que elas estavam lutando exatamente de igual para igual, o que também não soou nem um pouco convincente. Visto que a Fate deveria vencer ela com certa facilidade levando em conta as questões citadas acima. E mesmo pensando que poderia ter acontecido uma passagem de tempo entre o episódio 2 e 3, o anime não contextualiza nada disso, então ainda se mantém como uma falha.

Outra questão que soou um tanto quanto incômoda foi a grande vilã da temporada, a Persia. Visto que por mais que a obra tivesse colocado ela como uma grande ameaça, ela não conseguiu passar o senso de perigo e urgência que deveria. Principalmente pelo fato de no fim das contas, ela não ter passado de uma muleta para o desenvolvimento da Fate. Tanto que o momento mais tenso acabou sendo mais a luta final da Nanoha e da Fate do que a luta contra a própria Persia, se mostrando uma personagem bem unidimensional, mesmo que a motivação para isso fosse compreensível. Além do fato de que ela não aparentava ter um plano realmente eficiente para atingir o objetivo dela, fora usar a Fate. Tanto que a própria tentativa de captura dela não conseguiu oferecer o ameaça necessária levando em conta o que a personagem representava na obra. Além dos pseudo fillers em determinados episódios que pouco agrega na trama principal, que também foi outro agravante.Logo, a grande qualidade dessa temporada acabou sendo o quarteto de protagonistas e a interação entre eles. A Nanoha por mais que ainda não estivesse no ápice do seu desenvolvimento como personagem, conseguia ser uma protagonista bem funcional junto com o Yuuno. Já que era muito legal ver ele auxiliando a Nanoha nas batalhas, mesmo ele estando na forma de um mascote (fazendo o que muitos personagens em forma humana em outras obras por aí não consegue, aliás). A Fate também conseguiu ser uma personagem bem interessante com essa questão da relação abusiva que ela sofria e como isso a afetava. Além da Arf, que também conseguiu ser bem humanizada graças a essa relação com a Fate, com ambas as duplas conseguindo ter uma ótima química entre si. Mais o conflito pessoal da Nanoha e da Fate, que conseguiu ser bem eficiente. Tanto que esse embate pessoal da Nanoha e a tentativa desesperada dela de salvar a Fate desse caminho deturpado, me lembrou um pouco o conflito do Naruto e do Sasuke, só que com suas próprias peculiaridades.Quanto a produção, ela é eficiente. É engraçado perceber que essa primeira temporada foi dirigida por ninguém menos que o famoso Akiyuki Shinbo. Mas com um estilo bem mais contido e diferente da direção ultra experimental que fez ele se tornar tão conhecido, principalmente na Shaft. Mesmo contendo algumas cenas com uma estética mais psicodélica em momentos bem específicos, como nas transformações por exemplo. Mas fora isso, ela é OK. Ela não me chamou muito a atenção, visto que algumas lutas não soam tão fluídas. Mas ainda sim, elas conseguem entregar bons momentos quando necessário, como na terceira e quarta luta da Fate e da Nanoha, por exemplo. Além de outras cenas e takes bem interessantes.E juntando tudo isso, ela é uma temporada legal. Claro que ela não é perfeita, e ela tem seus defeitos, como citei acima. Mas no fim, a experiência ainda consegue se tornar bem válida devido ao carisma de seus protagonistas. Que faz com que você fique curioso para ver o que virá a seguir, e como a franquia irá trabalhar eles em temporadas futuras.Se você gostar do que escrevemos, como este texto, e gostaria que continuássemos escrevendo, por favor, considere colocar um ou dois reais no nosso Apoia.SE


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