Quem recruta animadores para um anime? – Q&A dos Apoiadores #03

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Q&A dos Apoiadores

Pergunta: Quem é o responsável por recrutar animadores para um anime ou filme?

Nick: Diretor, production desk, assistente de produção, produtor de animação – cada um destes é responsável. É mais provável que o diretor se concentre em posições-chave, então, se for um animador, provavelmente será para um papel maior. Inclusive, é normal que diretores mais experientes tenham contato de alguns animadores, com quem trabalhou anteriormente, para pedir ajuda. Os PD estão mais preocupadas com a gestão, com gerenciar os animadores, estúdios de terceirização e basicamente tudo com a produção já em andamento, então talvez o menos provável dessa lista, mas ainda com algum efeito. PA (assistente de produção) é absolutamente o menos provável de fazer isso, e os produtores de animação têm um papel semelhante aos diretores a esse respeito. Mas, realmente, todos eles desempenham algum tipo de papel aqui. Para resumir podemos deixar assim: produtor de animação> diretor> PA> production desk.

E temos as escolhas de animadores para as cenas: a atribuição do animador (KA e ADs) é algo que é feito no início das reuniões de animação, então pode ser a equipe da diretoria comandando (ou pelo menos propondo) ou um artista assumindo um papel proativo e pedindo uma cena que ele realmente gostaria de fazer. Em produções que podem proporcionar isto, você verá até momentos especificamente com o storyboard feito com uma determinada pessoa em mente que poderia trazer aquela cena ao seu potencial máximo (eu imagino que Miyazaki fizesse isso com Ohira em seus filmes). Mas e o que acontece no mundo real, na produção média? Muitoooo mais caos. Muito trabalho é dado a quem quer que esteja disponível e vivo no momento.

E quando falamos sobre padrões baixos e altos, temos que falar sobre Kyoani – que além de seu gerenciamento geralmente bom, tem a vantagem de que todos conhecem as habilidades uns dos outros perfeitamente, como o estúdio mais integrado que existe. Isso significa que eles têm muito mais facilidade em fazer as coisas acontecerem daquela maneira teórica ideal que falei acima. Às vezes, você ainda ouvirá falar de casos em que alguém teve que marcar presença por motivos não planejados para evitar quebrar muito a programação, mas na maioria das vezes eles exploram as especializações de todos.

Pergunta: Você acha que um autor deve ser separado de sua obra?

Nick: Uma pergunta sobre narrativa mais ampla – o meu tipo de pergunta! Acontece que não acredito em separar a arte do artista. Eu acredito em contextualização. Porque se diretores que amo como Anno, Kunihiko Ikuhara ou Scorsese fizessem algo inimaginável como, por exemplo, negar o holocausto, eu não me separaria deles e de tudo que fizeram. Eu diria “meu deus, que horrível” e procuraria as maneiras que aquela visão influenciou seu trabalho – e quando algo é tão horrível, você sempre inclui isso na conversa. Quando se trata de um artista como Polanski (desculpa, não tenho conhecimento de um exemplo no anime/manga), é como se você colocasse a essência da natureza problemática direto na conversa. Porque no fim, eles sempre fazem parte da mesma coisa.

Gapso: Separar exatamente nem sempre, mas sim contextualizar. A princípio, o artista/autor de alguma obra transpassa por ela o que sente. A obra fala aquilo que seu criador quer e tem a dizer sobre o mundo, também mostra aquilo que ele não pensou em certos aspectos, não falou conscientemente — às vezes simplesmente por ele dar representação sobre algum assunto a partir de sua visão. No entanto, por outro lado, sim, a obra pode estar separada, pois, a partir do momento que ela está para mundo, para o público, ela pode se tornar (não quer dizer que vai) fruto das interpretações de cada pessoa de maneira isolada. É necessário entender o contexto tanto do tempo quanto do autor.

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