Os Animes do Yuasa Sempre têm as Melhores Aberturas

Olá a todos e bem-vindos de volta a mais um de nossos ensaios! Hoje estou com músicas de OPs em mente, afinal o meu feed do twitter não me deixa esquecer o quão icônico é a abertura de Eizouken ni waE sobre o fato de Masaaki Yuasa factualmente criar aberturas poderosas. Ele e seus colaboradores realmente trabalham duro para constatar que uma opening eficaz pode elevar um bom show. Hoje vamos detalhar os pontos que fazem as aberturas de Yuasa tão poderosas e icônicas, enquanto comemoramos boas aberturas!

Realmente consigo lembrar perfeitamente da sensação de ver o meu primeiro Yuasa-Show. Sobre como fui completamente desmontado na forma com que a criatividade visual e o potencial expressivo da animação eram constantes em Ping Pong, começando pelos diversos estilos de animação presentes na sua assombrosa música de abertura (e continuando até os quadros finais). A maneira como Peco entra na arena como um idiota totalmente confiante é uma linguagem corporal perfeitamente verdadeira que você raramente vê no anime, fora da rotoscopia. O ritmo discreto de Smile é tão bom. E é enquadrado pelos movimentos de varredura e rotação da câmera para proporcionar um nível extra de dinamismo à atmosfera. É uma peça de atmosfera incrível, que principalmente setar/estabelecer tudo o que está por vir, articulando – o encarregado disto [Yuasa] é um artista infinitamente inventivo e você está prestes a ver um show completo desse cara”. Além de enquadrar imediatamente a personalidade de seus protagonistas, Peco e Smile. 

A grande coisa sobre as melhores OPs e EDs é que elas não são apenas atraentes por conta própria, elas realmente contribuem e elevam seus shows, definindo o clima ou criando um chute emocional no final. “Melhor música” e “bons visuais” nunca devem ser o guia para a montagem de uma abertura. Em vez disso, sua abertura deve ser escolhida para amplificar ou complementar a energia dramática do próprio show.

Yuasa entende isso como ninguém; ele é incrivelmente dedicado quando se trata de aberturas. O que não deve ser uma surpresa para os seus fãs mais dedicados. Começando com seus trabalhos como animador em programas infantis como Crayon Shin-chan e Chibi Maruko-chan, ele sempre esteve envolvido em aberturas e sequências músicas. Literalmente suas primeira contribuições para o anime são aberturas para a serie Maruko-chan. 

Essa sua notável sequência musical em Maruko-Chan: My Favorite Song (1992), um absoluto clássico, informaria o que seria os princípios de suas qualidades estéticas. Os layouts aqui não são tratados como meros conjuntos que pensam na cinematografia do cinema live-action; os fundos são tratados como telas maleáveis, respirando e fluindo com os personagens – um grande aceno das suas crenças no potencial ilimitado da animação. Obviamente, a dificuldade de animar completamente todo o quadro ou criar um novo plano de fundo para cada transição de cena significa que a maioria das produções não consegue se igualar ao que Yuasa faz.

Esta sua sequência em My Favorite Song pode não ser uma abertura propriamente dita, mas lida com muitos dos seus fundamentos estéticos que se seguiriam. A sua abertura da segunda iteração de Maruko-Chan (1995), por exemplo, espelha mais dessas suas preferencias pelo tipo de movimento ativo da câmera e unidade. Assim também acontece neste seu corte da OP7, com um plano em travelling bastante compostoEste tipo de movimento ativo da câmera que ele prefere na animação é algo realmente difícil. Ter o ângulo de perspectiva em relação ao plano de fundo constantemente se alterando, faz com que você redesenhe os fundos inteiros, não apenas os personagens. E além disso, tanto aqui quanto na sua sequencia em My Favorite Song, as suas unidades de intenção artística de personagem e fundos se estendem aos personagens e à música; esses dois mundos estão dançando em uma única música, uma escolha que incorpora a preferência de Yuasa pelo holismo estético e em transmitir diretamente a experiência sentida de um momento que é acima de qualquer tipo de realismo estável.

A abertura de Kaiba também puxou o senso visual de fluidez estética de Yuasa usando ideias semelhantes, embora tenha buscado um tom diferente. Tanto o holismo estético quanto a batida ameaçadora, mas reflexiva, de sua trilhainvocam inerentemente a sensação de coração e atmosfera pesada de ficção científica esperando logo à frenteA variedade louca das formas dos vários personagens é uma delícia, e as suas sobreposições permitem a Yuasa infundir seu gosto pela unidade de intenção artística; mas ao contrário de em My Favorite Song e Maruko-Chan OP7, Yuasa não está centrado aqui em comemora um mundo, mas sim personagens. Os diversos personagens respiram e fluem uns com os outros e com a musica, com seus visuais perpetuamente morphingCriativo, distinto e vividamente retratado – é uma abertura realmente adequada para um show de um dos diretores mais visualmente aventureiros dos animes.

Para outro exemplo de definir o tom inicial de um show, tente a abertura de The Tatami Galaxy. Sua combinação de viajar por uma sequência interminável de salas de tatami e funky-rock amplifica o senso de aprisionamento do programa e precipitação de um passeio incrivelmente selvagem. Ping Pong the Animation também é incrível nesse sentido, como já mencionei. Embora as obras de Yuasa sejam regularmente infundidas com um trabalho totalmente selvagem de cor, quando ele ainda acaba com a cor quase inteiramente, como em grande parte de Tatami Galaxy e aqui na abertura de Ping Pong, o cineticismo de cada quadro salta da tela. Em última análise, tanto Tatami Galaxy quanto Ping Pong encontram novas maneiras de ver a paixão pelo movimento ativo da câmera de Yuasa em funcionamento; transmitir isso é uma das maiores dificuldades na animação como já mencionei, portanto não é surpresa que ele tenha buscado inovações em técnicas de animação, ao lado de suas inovações estéticas, como o uso de CG e fotos live action. 

No seu trabalho mais recente, em um programa que trata principalmente de celebrar o processo criativo, a OP de Eizouken ni wa evoca através de uma explosão de gostos aleatórios e batida pop o grande ponto de como o que consumimos informa diretamente nossa compreensão do que pode ser arte e como, no coração da série, transformar ideias em uma história é uma combinação de inspiração e paixão pessoal. Embora as nossas personagens sejam ambas apaixonadas por anime, até as coisas sobre o anime que as inspiram são completamente diferentes; cada uma das suas telas pessoais na abertura reflete isso. Essa sequência como um todo retrata a familiaridade e o carinho de Yuasa pelas batidas visuais e narrativas da animação infantil como quase nenhuma outra anteriormente. E, claro, uma ótima música como sempre – afinal, as produções do Yuasa sempre têm as melhores músicas para suas OPs. É uma música que convida a cantar junto, perfeito para este show, convidando você a explorar a alegria da animação. No fim, é a OP perfeita sobre tentar capturar a essência do programa em miniatura. 

Yuasa trabalhou e usou uma variedade de aberturas únicas em suas várias series, desde a relevância narrativa de Kaiba até o estranhamente adequado Ping Pong. Todas essas OPs possuem suas próprias forças tonais e, se tiverem algo em comum, seria algo como “se sentir uma extensão natural de sua série”. Seus trabalhos pularam épocas e gêneros várias vezes através da corrida formidável de sua carreira, e sempre encontrando novas maneiras de elogiar seus espetáculos bombásticos. Espero que você tenha gostado dessa jornada através do poder de boas aberturas e, por favor, deixe-me saber suas próprias aberturas-Yuasa favoritas nos comentários!

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