Mob Psycho 100 II #03 | Análise Semanal

Mob Psycho 100 é uma mistura fascinante de estilos e tons, em todo o seu mapa, visualmente e de qualquer outra forma, mas no final tudo se resume a Mob – porque não se engane, ele é uma figura muito trágica no coração desta série.

Talvez seja apropriado que o nome de Mob esteja a apenas a uma letra de “moe”, porque ele é um daqueles personagens que você quer proteger com todas as forças. É uma bênção ao mundo ter sido Mob quem foi amaldiçoado com os poderes que tem, e eles serem um fardo para ele. Ele se forçou a se isolar de suas emoções para proteger aqueles que ama, e de fato o mundo – mas ele é um garoto que sente emoções tão profundamente que suprimi-las constantemente é uma maldição por si só. E agora, quando ele finalmente chega a um acordo com a ideia de que precisa se permitir sentir, ele bateu de cara com toda a escuridão da alma humana – um lembrete das tentações de alguém que pode fazer o que Mob pode fazer sendo confrontado todos os dias.

Há os valentões – bandidos típicos de baixa qualidade que Mob poderia moer com um piscar de olhos. Mas ele não ousa, então ele é forçado a se permitir ser humilhado – mesmo quando Dimple, então Ritsu e depois o Club de Fermento Corporal aparecem para reagir em seu nome. Em seguida, um cliente desenhado pelo site vintage de Reigen ordena que ele amaldiçoe alguém por ele. Reigen nunca faria isso, claro, mas o homem não aceita um não como resposta. Para Reigen, que é tanto um homem bom quanto um vigarista, fazer uma maldição falsa e se recusar a aceitar o dinheiro é uma saída lógica, mas o pobre Mob já vê o quadro de forma geral – ele se preocupa em mandar um homem para o mundo acreditando que ele amaldiçoou alguém (por uma boa razão, como vemos com sua explicação).

O material do episodio não se acalma. Primeiro, temos outro cliente pelo site, uma mulher que acredita estar sendo perseguida por um espírito – mas acaba sendo a porta do pervertido ao lado. Mob fica horrorizado ao ver a mudança no tom da mulher quando ela descobre que seu perseguidor era um humano. E finalmente, alguns universitários idiotas que arrastam Reigen (e Mob) para as montanhas para protegê-los enquanto eles posam para uma foto em um local supostamente assombrado, depois fogem sem pagar e os protagonistas ficam encalhados. Pior ainda, quando eles realmente vêem um fantasma (um menino) em sua foto, eles insistem que Reigen os leve de volta para a casa abandonada nas montanhas para exorcizá-lo – porque é “assustador que exista”. Se assustar com a simples existência de algo é como definir a base de vida de algumas pessoas. Tome nota das maravilhosas tomadas do Tachikawa de Mob no banco de trás entre os estudantes – ele parece tão preso. É uma metáfora maravilhosa, já que quase todo mundo pode lembrar daqueles momentos quando criança, preso no banco de trás, impotente sobre onde você estava indo. 

Este é certamente até certo ponto o episodio mais visualmente desconjuntado de Mob Psycho II – e isso não poderia estar em mais sintonia com a bússola moral completamente em desordem de Mob. O nome principal por trás deste episódio é Kenichi Fujisawa. Mob esta lidando com algumas emoções conflitantes e Fujisawa e sua equipe habitual reforçam isso com sequencias mais introspectivas mas ainda artisticamente afiadas; mostrando que eles são capazes de mais do que apenas ação chamativo. A maneira como Fujisawa incorpora animação de fundo sem depender do 3DCG realmente me fascina. Eu suspeito que ele é o único que animou a sequência fantástica mostrada abaixo, e nesta linkada, uma vez que mostram sua fantástica compreensão do movimento espacial e de perspectiva. No caso desta, da animação no apartamento, é bem visível seu corte. Ironicamente, ele começou sua carreira como um in betweener na Bones.

Entre os animadores creditados estão Shin Ogasawara, que animou esta bastante solta sequencia de expressões faciais exageradas e contornos grossos e esboçadosmiyo sato novamente, pela terceira vez, com algumas “contribuições pequenas”. Sua sequencia mostra animação de fundo limpa, mas igualmente agourenta. A primeira imagem do post feito em óleo é dele, Mya Sato, e é genuinamente assustador. Também vale citar Yuuki Watanabe – também conhecido como Aninabe – a par da sequencia dos valentões. Talvez ele não tenha lidado com tudo, mas você pode facilmente pegá-lo na deliciosa elasticidade da animação. 

Voltando para o enrendo: para o pobre Mob, esta é talvez a sua maior crise existencial como um psíquico. Estes não são espíritos malignos, mas uma família que ficou para trás (depois de morrer tragicamente) porque eles não queriam se separar. Mesmo quando Dimple tenta incitar o pai a matar os alunos quando eles continuam a insistir em um exorcismo (isso pareceu duro e de má fé por parte de Dimple, mas em retrospectiva era necessário), o fantasma se recusa a se virar contra eles. Reigen está dilacerado, não querendo irritar o cliente e nem ver a magnitude do problema. Mas para Mob, essa magnitude é a de um terremoto devastador – ele está sendo forçado a uma decisão que ele nunca deveria ter que fazer, outro fardo amontoou-o por causa de seu poder. Mob é sem duvidas um personagem colossal mas Reigen recolhendo toda a sua culpa é um dos verdadeiros negócios aqui. 

Reigen é o grande protetor de Mob, sem dúvida, mas ele foi bem descuidado. Não importa o quanto ele tenha empatia por Mob, ele não pode realmente entender as pressões com as quais Mob se depara – e o que pode parecer trivial ou simples para Reigen é visceralmente aterrorizante para Mob. Mob não tem o luxo de se atentar apenas ao seu próximo passo. Reigen percebe isso apenas no momento certo – e é reconfortante saber que ele (e Dimple também) estarão sempre ao lado de Mob. Mas eu não posso deixar de ser destruído pelo que Mob tem que suportar, tudo por causa de algo que ele nunca pediu e não teve escolha.  E ainda de me relacionar pela responsabilidade de Reigen em cuidar para que esse peso não desça de uma vez em suas costas. A parte mais triste de tudo isso é que não importa quanto Reigen, Ritsu ou qualquer outra pessoa queira protegê-lo, Mob tem que enfrentar seus medos por conta própria – porque ele é o único que entende o que significa ser a pessoa que ele é; uma extensão de uma tarefa comum a todos nos.

Avaliação:      ★(++) 

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