Dororo (2019) | Primeiras Impressões

Dororo é um mangá de 67 que teve uma adaptação em 69, entrando esse como o primeiro anime da World Masterpiece Theater… Pois é, WMT não contém apenas histórias trágicas de crianças da Europa, há histórias trágicas de crianças japas também. 


Well, Dororo to Hyakkimaru, o anime de 69, é um ótimo show que passava fielmente a arte do mangá para as telas, tão fiel que era até monocromático (e.e). Mas esse foi talvez seu grande charme, o contraste entre o branco e preto era muito bonito e faziam parte de uma atmosfera sobrenatural. O anime ainda contavam com alguns nomes importantes como a participação de Osamu Dezaki. Mas, apesar de ser muito bom, infelizmente ficou bastante datado. Não só por sua animação e seu estilo visual, mas a própria história continha muitas coisinhas que não funcionariam para a maior parte do publico nos dias de hoje.

A notícia de um remake de Dororo foi muito mais do que bem vinda, pois diferente de algumas obras que recebem remake mesmo não sendo tão antigas, esse sim merecia ter sua história recontada em anime por já não ser tão acessível e convidativo a sua versão antiga. Porém, a pergunta era: será que as pessoas vão aceitar algumas coisas que não fazem muito sentido sobre Hyakkimaru?  Mas depois dessa estreia de Dororo, não só as minhas expectativas foram muito superadas, como a pergunta acima teve uma resposta dos próprios produtores por meio de algumas mudanças no enredo. 


Não ser fiel nem sempre quer dizer algo ruim, sempre há coisas que podem ser melhoradas nas histórias. E a staff de Dororo fez muito bem na escolha do que mudar nesse primeiro episódio… Pois como eu disse, certas coisas poderiam não funcionar bem hoje. Por exemplo, na obra original Daigo não faz um contrato com 12 yokais, mas com 48… Ou seja, 48 partes do Hyakkimaru são consumidas por eles, incluindo órgãos internos. Mas quando ele aparece pela primeira vez, ele tem pele, olhos, nariz, orelha e etc… e mesmo que sejam falsos, parecem reais. Até mesmo falar o Hyakkimaru falava, e a desculpa para isso era que os outros podiam ouvir sua voz em suas mentes. No fim das contas, ele não era um personagem perturbador, sendo que deveria ser. Porém, nesse remake fizeram a escolha certa e dar mais “sentido” para a existência dele: mudo, sem a pele, com olhos falsos estáticos, uma mascara e bandagem por todo seu corpo.

Antigo Hyakkimaru / Novo Hyakkimaru

A origem com seu pai, Daigo, fazendo o pacto, também ganhou mais pano no roteiro e a impressão que fica é a de uma história mais objetiva e focada. Pois diminuir o número de yokais deve deixar o anime menos episódico, e o enredo pode ficar mais amarrado entre a jornada do Hyakkimaru com Dororo, e a família de Daigo. E claro, as surpresas não foram só com as mudanças iniciais que por si só já fizeram muita diferença. A animação de Dororo está muito boa, fluída e com um visual muito bonito, O character design mesmo, sofreu algumas mudanças no traço mais infantil do original sem tirar a essência estética dos personagens e ficou muito bonito, principalmente o Dororo que ficou uma fofura. 


Mas então, o que esperar de Dororo? Há um longo caminho ainda para esse anime, no entanto começaram com um pé direito tão firme no chão que é difícil não se iludir e criar muito mais expectativas para seus próximos episódios. O que posso dizer é que gosto da produção do estúdio Mappa, eles conseguem manter um equilíbrio em suas animações sem oscilar muito e o diretor responsável pelo anime, Furuhashi, é um bom diretor com experiência em anime com samurais, sendo um de seus trabalhos, o ótimo OVA de Himura Kenshin: Tsuioku-hen.

E não duvido de que há uma certo cuidado especial, ou até mesmo paixão na produção de Dororo, porque o roteiro de seu primeiro episódio é bastante respeitoso na escolha de suas mudanças alem de todo carinho com sua parte audiovisual. Dito isso, estarei esperando entusiasmada pelos próximos episódios dessa homenagem aos 50 anos de Dororo. 
Avaliação:      

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