Shoujo☆Kageki Revue Starlight #08 – Pungência Visual | Análise Semanal

Depois do Plot da semana passada, com Banana, eu teria dado a Revue Starlight uma folga visto que faria sentido descompactar o público e seus personagens. Mas, em vez disso, o show levou esse impulso para outro episódio emocionante, cheio de drama e outras revelações sobre as misteriosas audições. Hikari está no centro, e agora que sabemos o significado adicional de sua aparição súbita, é hora de descobrirmos o que realmente aconteceu em Londres e como isso se relaciona com o nascimento, a morte e o renascimento de uma garota do palco.

Tudo vai bem para Hikari, inicialmente, na prestigiada Royal Academy of Theatrical Actors, na Inglaterra. Quando ela descreve seu currículo, ele ecoa a programação tradicional de um Takarazuka. Quase uma propaganda que passaria na Televisão ou em um comercial de youtube. Ela felizmente trabalha duro, sempre lembrada da promessa que compartilha com Karen – através de cartas, de seu grampo e também de uma foto em sua mesa que é a mesma que fica na mesa de Karen na Seisho Music Academy. O nome de Hikari não significa apenas “leve”, mas ela incorpora isso por dentro através de seus esforços, ganhando uma das pontas de liderança no desempenho do palco da Royal Academy.

Seu brilho é rapidamente reconhecido pela girafa, que a recruta para os duelos, prometendo-lhe um palco predestinado. Hikari derrota adversário após adversário, subindo no ranking, enquanto continua a ofuscar suas colegas nas aulas e no palco. Até que Judy Knightley apare.

Semelhante a Banana , Judy é naturalmente predisposta a se tornar uma top star. Apesar de não sofrer de pouca quantidade de talento, Hikari não é – ela não tem a altura nem a forma de uma. Judy é uma reminiscência de Maya no modo como sua presença requer atenção, respeito e reverência. Como Maya, ela incorpora o sonho das estrelas simplesmente existindo. Isso não quer dizer que ela não trabalhe duro, tanto ela quanto Maya não são apenas prodigiosas, mas diligentes. No entanto, suas vantagens naturais lhe dão uma vantagem sobre suas concorrentes; vantagem essa que Hikari não consegue superar. Não é coincidência que as estrelas mais bem classificadas que foram reveladas até agora na Revue Starlight sejam Banana, Maya e agora Judy. A ascensão de Judy ensina a Hikari a lição de que, não importa o quanto Hikari trabalhe, sempre haverá alguém mais adequado para a posição de estrela do que ela. Não só um enquadramento do palco teatral, mas do palco da vida. 

Hikari conecta a revue com a perda de seu brilho enquanto um esqueleto de girafa aparece acima dela. A girafa, árbitro do revue, está morta, assim como qualquer esperança que Hikari tivesse de vencer os duelos de Londres. Por isso que ela diz a Karen que quando ela perder, ela perderá algo inerente para fazer dela uma garota de palco: o seu brilho. A girafa não confirma nem nega suas suspeitas e apenas diz que é necessário muito brilho para se tornar uma verdadeira estrela.

Esta é uma crítica direta não apenas à natureza estrita do Takarazuka, mas ao que acontece com as principais estrelas quando atingem esse ápice. A insistência de Banana em reviver o mesmo palco quando chega ao topo não é uma simples reviravolta na trama, é um reflexo do que acontece com as top stars (na vida real) quando elas alcançam a posição zero: depois de todo esse trabalho, treinamento e preparação, elas muitas vezes se aposentam logo depois, especialmente se elas atingiram a “idade de casar”. 

Nós já sabemos que a suposição de Hikari de que a sua derrota para Judy é responsável pela perda de seu brilho e ambição não é inteiramente verdadeira uma vez que ela recupera em seu duelo com Banana. Ela perdeu seu brilho por si própria, talvez. Não foi por terceiros. Desanimo ecoa em derrotas. Uma personagem que é  possível criar um elo com Hikari é Mahiru. É por meio da derrota que Mahiru recupera seu brilho esplendoroso no episodio 05, porque aquela derrota para Karen lembrou Mahiru por que ela queria ficar no palco. Como Mahiru, Hikari momentaneamente perde de vista por que ela estava frequentando a Royal Academy. Ela a afastou para se tornar melhor para si mesma porque ficou tentada a simplesmente ficar ao lado de Karen – e as páginas em branco de cartas de resposta não escritas à diligente correspondência de Karen. Relações em Takarazuka são proibidas, e Hikari segue isto tão estritamente como ela faz o seu curso. 

Na Seisho Music Academy, Hikari renasce. Sua promessa e amor para com Karen anula seus medos e dúvidas trazidas pela chegada de Judy e a dura realidade da natureza injusta do sistema, permitiu que ela vencesse Banana. Nós aprendemos que o amor de Hikari pelo palco nasce de seu amor por Karen, e de compartilhar o estágio de top star com ela. A promessa de Hikari e Karen é de que elas fiquem juntas no palco. É por isso que vemos uma fase – em meio as chamas – de repetição do fracasso de Hikari no palco contra Judy em meio a sua luta contra Banana. Nesta mesma paisagem ardente, em uma posição similar, Hikari escolhe recuperar seu brilho através de sua promessa.

Banana luta por seu desempenho repetido do Starligh no primeiro ano, um diorama em que seus amigos podem experimentar os belos momentos de sua primeira audição, sem ter que suportar as perdas e decepções do mundo real. No contexto do que sabemos sobre as audições hoje, a distorção do tempo é também uma gentileza que as impede de perder o combustível que elas teriam que desistir se falhassem na audição. No entanto, Hikari está lutando por algo maior – ela luta pela possibilidade de que um futuro melhor possa existir e merecer uma chance, não importa quanta tristeza possa se arriscar. Ela mesma é a prova de que uma pessoa pode perder muito, mas ainda deter paixão o suficiente para seguir em frente. Hikari está lutando contra si mesma, bem como contra Banana. O palco se transforma no momento em que ela percebe o que perdeu. Uma mão enorme se abaixou para obliterá-la enquanto Banana, ainda deslumbrante, ainda cegante, fica entre as chamas.

Talvez a cena mais importante desse episódio seja quase uma nota de rodapé: Karen consegue vencer Claudine. Isso é algo que nunca deveria acontecer se tudo fosse vagamente predeterminado pelo sistema, e um resultado direto da chegada de Hikari junto com a renovação de sua promessa de infância. No fim, a narrativa visual essa semana foi tão boa que você poderia silenciar o som e ainda ser lavado emocionalmente, mas o enredo e a caracterização também não são ruins. Quase todos os layouts neste episódio eram inerentemente belos e cheios de tons emocionais, desde o drama apocalíptico das performances de Hikari até os planos sinistros que ela compartilhava com a girafa. Enquanto o episódio de Banana perturbava profundamente o tempo todo, criando uma atmosfera de tensão e horror constante que revelava os segredos de Banana, o episódio de Hikari foi simplesmente desesperado, descrevendo a dura realidade do fracasso no palco do Revue. O entendimento da Revue Starlight de como transmitir o drama visualmente e como configurar um layout evocativo é quase inigualável. Enfim as bases do vilão do programa estão deliberadamente estabelecidas –  um vilão natural, o própria Revue.

Avaliação:       ★ 
***