Sangatsu no Lion #37 | Análise Semanal


Como bem observado por um dos espectadores da partida entre Souya e Kiriyama, se o protagonista de um drama para TV estivesse em vantagem contra um dos jogadores mais prestigiados, um Meijin que carrega consigo esse título tão grandioso como um dos melhores jogadores, seria porque o tal protagonista iria perder o jogo. E não foi diferente o que aconteceu.

A aventura do jovem protagonista com Souya em meio a uma cidade alagada exacerbou a forma diferente e estranha como a fera albina age. As falas de Kiriyama parecem não atingi-lo, sua cabeça e pensamentos literalmente aparentam estar em outras dimensões. Rei observou como o Meijin é introvertido e até insociável, trazendo reflexões sobre a forma do mesmo em agir quase como um deus, ou um anjo. Um ser devotado ao shogi que parece transcender a realidade humana – com o bom uso da metalinguagem, para se devotar sua vida somente ao xadrez japonês com algum estado de espírito bem diferente (e “superior”).

A partida entre os dois não foi feia, e embora Kiriyama tenha cometido um deslize, percebeu que não sentia nenhum tipo de frustração ou angustia pela derrotada já esperada; enfrentou o grande adversário como pôde e tentou levar as jogadas o máximo possível para frente. Talvez a própria preocupação e pressão psicológica de Rei em seus monólogos durante a partida, vendo um adversário tão estranho e fabuloso agir como nunca antes pudera ter oportunidade de observar, em sua frente, fizera com que o garoto se perdesse um pouco em meios as suas jogadas. A verdade é que Rei não conseguiu dar tudo de si na partida, e talvez nem consiga com a falta do hábito de enfrentar Souya. A jovem tormenta branca cria um ambiente alienado e ilusório para Rei, no qual sente essa energia e calmaria estranha de forma diferente do que poderia ser com qualquer outro adversário. Mesmo com a revisão das jogadas após a partida, ambos continuaram conectados e em silêncio em uma formosa correção da batalha em que não foram necessárias palavras para que Kiriyama percebesse seu erro – e para que Souya o reconhecesse.

A tempestade no caminho de volta para Tokyo apenas é uma metáfora ao próprio Meijin que agora se encontra mais próximo de Kiriyama. Foi graças a essa para do metrô que Rei conseguiu consentir, falar e se manter próximo do lendário jogador – da mesma forma como foi sua derrota, um pouco antes, fazendo os dois se conectarem e trocarem o silêncio pelo entendimento mútuo das jogadas de shogi.


Com o monólogo final de Kiriyama comparando Souya a uma espécie de deus que o segue quando ele anda, e para quando o garoto para, o episódio se encerra com uma nova concepção do que virá depois, após a tormenta física ocorrer talvez os dois aprendam alguma coisa juntos. Ou talvez Kiriyama apenas deslumbre mais o estranho jogador albino enquanto seu fascino desconhecido aumenta.

Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★ (+++)

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