A aventura do jovem protagonista com Souya em meio a uma cidade alagada exacerbou a forma diferente e estranha como a fera albina age. As falas de Kiriyama parecem não atingi-lo, sua cabeça e pensamentos literalmente aparentam estar em outras dimensões. Rei observou como o Meijin é introvertido e até insociável, trazendo reflexões sobre a forma do mesmo em agir quase como um deus, ou um anjo. Um ser devotado ao shogi que parece transcender a realidade humana – com o bom uso da metalinguagem, para se devotar sua vida somente ao xadrez japonês com algum estado de espírito bem diferente (e “superior”).
A partida entre os dois não foi feia, e embora Kiriyama tenha cometido um deslize, percebeu que não sentia nenhum tipo de frustração ou angustia pela derrotada já esperada; enfrentou o grande adversário como pôde e tentou levar as jogadas o máximo possível para frente. Talvez a própria preocupação e pressão psicológica de Rei em seus monólogos durante a partida, vendo um adversário tão estranho e fabuloso agir como nunca antes pudera ter oportunidade de observar, em sua frente, fizera com que o garoto se perdesse um pouco em meios as suas jogadas. A verdade é que Rei não conseguiu dar tudo de si na partida, e talvez nem consiga com a falta do hábito de enfrentar Souya. A jovem tormenta branca cria um ambiente alienado e ilusório para Rei, no qual sente essa energia e calmaria estranha de forma diferente do que poderia ser com qualquer outro adversário. Mesmo com a revisão das jogadas após a partida, ambos continuaram conectados e em silêncio em uma formosa correção da batalha em que não foram necessárias palavras para que Kiriyama percebesse seu erro – e para que Souya o reconhecesse.
A tempestade no caminho de volta para Tokyo apenas é uma metáfora ao próprio Meijin que agora se encontra mais próximo de Kiriyama. Foi graças a essa para do metrô que Rei conseguiu consentir, falar e se manter próximo do lendário jogador – da mesma forma como foi sua derrota, um pouco antes, fazendo os dois se conectarem e trocarem o silêncio pelo entendimento mútuo das jogadas de shogi.
Com o monólogo final de Kiriyama comparando Souya a uma espécie de deus que o segue quando ele anda, e para quando o garoto para, o episódio se encerra com uma nova concepção do que virá depois, após a tormenta física ocorrer talvez os dois aprendam alguma coisa juntos. Ou talvez Kiriyama apenas deslumbre mais o estranho jogador albino enquanto seu fascino desconhecido aumenta.
Avaliação: ★ ★ ★ ★ ★ (+++)