Sangatsu no Lion #26 | Análise Semanal

Os casos de bullying são comumente vistos e percebidos não só pela mídia mas até mesmo nos próprios grupos familiares e coleguismo dentre boa parte das escolas do Japão e do Brasil. Sangatsu no Lion novamente abre as portas para este tema, depois de um grande monólogo do protagonista no capítulo anterior, que engatinhou para um caso à parte sobre a coragem de Hina.


O evento ocorrido exemplifica, de forma animada, os vários casos que acontecem recorrentemente por aí; não é preciso pesquisar tanto para achar casos como o de Hina e sua amiga, e o próprio anime levanta este ponto. As vítimas quando sofrem preferem deixar tudo de lado, tentam levar os abusos como se fossem corriqueiramente normais e aceitáveis, mas nem todos são como Rei. A garotinha amiga de Hina não conseguia aguenta a pressão sofrida pelas colegas que a abusavam, e diferente do protagonista melancólico, ela extravasava sua dor pelos olhos. O papel de Hina no evento não só é muito difícil como delicado, pois além de proteger e ficar ao lado da querida amiga de infância, por nenhuma justificativa coerente que não seja o próprio fato das garotas quererem excluir as que ficavam perto de suas vítimas, ela também começava a receber os mesmos abusos – e quando sua amiga se muda resta apenas Hina, sozinha, que tende a fazer o mesmo papel definitivo da vítima de bullying.


É triste pensar que existam pessoas que tomam esse tipo de atitude.


A função de Rei é muito interessante nesta questão pelo seu ponto de vista mais maduro e experiente com acontecimentos semelhantes. O garoto já passou por isso, embora não exatamente da mesma maneira, demonstra a mesma raiva e indignação que Hina em acabar perdendo o controle e querer destruir os responsáveis pelas flatulências, mas a partir daí ele também começa a refletir mesmo sabendo que simplesmente descontar a raiva nos culpados não melhorará a situação, nem para Hina e nem para ninguém. Rei sabe que deve ser paciente e lúcido em tomar providências coerentes e justas para ajudar a garota a resolver o problema – de maneira mais nobre. Alguns curtos frames passaram pela tela para que ele se lembrasse que a irmã do meio o ajudou e muito na sua estrada e que ele agora precisa, no mínimo, ficar ao seu lado até que tudo se resolva. E quase como uma declaração de amor, o protagonista promete ficar ao lado de Hina até que possa recompensá-la à altura, e os possíveis desdobramentos disso me deixam curioso.

A ida na biblioteca, e os diálogos trocados entre os dois durante os descobrimentos de Rei à respeito das joaninhas, elucidaram bem uma metáfora de qual caminho Hina deveria seguir, e é aquele que a leva ao “resplendor”; ela precisa ser forte, superar-se e contar com Rei para que uma solução mais sóbria surja. Não menos importante, o apoio de suas irmãs, a mais velha abalada, e a mais nova que não devia entender muito mas que chorava aos prantos em ver as lágrimas de Hina, fortaleceram ainda mais o senso de justiça e esperança da garota; o discurso emocionante do avô sobre o corajoso modo que Hina enfrentou os problemas e apoiou sua amiga com tanto afeto, e sem arrependimento algum, trouxeram ao ápice do episódio – que nesta altura já contava com excelentes cenas animadas não só de Hina e Rei correndo pelo belo luar proporcionado pelos singulares e brilhantes cenários da Shaft, mas também o próprio jantar casual e esperançoso da cena final que enchia o peito dos personagens de alegria, satisfação e novamente esperança. Hina fez muito bem em ajudar sua amiga vítima de bullying como possível, e mesmo sofrendo como consequência foi forte o suficiente para conseguir contar à sua família, tomar atitude.


O décimo quinto capítulo de Sangatsu no Lion faz um ato incrível de conscientização sobre o bullying, com uma linda história, linda produção e lindo desfecho.

Avaliação: ★ ★ ★  ★ (+++)

***