Made in Abyss (2017) | Review

Sobre

Made in Abyss é repleto e cheio de mistérios sobre o Abismo que dá vida e nome ao anime, neles pessoas morrem, descobrem relíquias, uma sociedade em volta dele é formada, cidades, mitos e heróis. E nesta cidade dedicada a exploração vive Riku uma menina do orfanato voltado ao treinamento de escavadores ou explorados do Abismo, até que um dia chega a notícia de que sua mãe Lyza, uma escavadora lendária, estaria morta, mas devido as mensagens deixadas à Riko, ela suspeita que sua mãe estaria viva e a esperando no fundo do abismo, é então que se inicia a descida.

Análise

Made in abyss é uns dos poucos animes genuinamente de aventura com todos os seus aspectos, adaptado do mangá de mesmo nome até o capítulo 26 em 13 episódios pelo estúdio Kinema Citrus (Barakamon) em 2017, temos que lembrar antes da frase “O Abismo dará a todos, vida, morte, maldições e bênçãos” (do mangá). O Abismo é a representação de tudo no anime, nele nasce todos os sentimentos de aventura e desespero, não sendo diferente os personagens e sociedade se moldam a ele.

Riku e Reg, mais tarde Nanachi são os protagonistas em nossa jornada, suas personalidades são o complemento deles, alguns faltam de coragem, enquanto outros faltam de força física, mas quando estão juntos normalmente eles enfrentam os perigos, isso é o normal, mas diferente de shounens, erros aqui saem caro, mostrando o lado Dark e Gore muito presente nos arcos finais; por isso não se deixe enganar por seu design bonitinho, ele é só uma ferramenta entre as milhares bem aplicadas para te surpreender.

E essa é uma das grandes qualidades em Made in Abyss, o esforço na sua arte e na sua forma de contar, os ambientes trazem sombras, cores e profundidade a níveis cinematográficos. Sua trilha sonora composta por Kevin Penkin com mais de 50 músicas deu a vários momentos um sentimento especial capaz de contar algo, por isso uns dos melhores flashbacks em animes e mais marcantes é a respeito da Lyza, este é o terceiro melhor momento em toda a série, ele também demonstra o nível de percepção da staff (equipe) sobre nossas vontade.

Nos levando a uma característica que gosto muito, o anime em vários momentos se auto questiona, pergunta sobre coisas que nós estamos acostumados, o que acaba por guiar as nossas teorias e não demonstra pudor em falar de coisas que realmente teríamos dúvidas, como a fisiologia do Reg ou dos castigos da Riku, que são além de interessantes à comédia. O humor aqui não precisa de um personagem bobo ou de uma piada repetitiva, ele apenas usa curiosidade, ingenuidade e vergonha para descarregar toda a tensão.

Porém a staff não é só visionária, ela tem manias; uma delas é o amor por flores, gerando milhares de cenas com elas no foco; outra é a total confiança em Kou Yoshinari para produzir todos os monstro e criaturas, tendo em suas escolhas artísticas uma nova forma de contar a origem de cada criatura. Algumas delas como as inicias vão apresentar uma arte igual ao do background isso demonstra que elas pertencem ao abismo, em outras com a mesma arte dos personagens insinuando alguma ligação aos escavadores. Por fim, Kou fez um ótimo trabalho e enquadramento das suas criações dando a percepção de grandeza, medo e curiosidade que é tão importante, porque é dela que nós telespectadores gostamos e é algo muito bem trabalhado, sendo uma das suas representantes a música “To The Abyss” e “Tour The Abyss” (fases do mesmo processo).

Por isso curiosidade ou mistério é um sentimento marcante e que não é perdido na maioria dos arcos, assim como o elenco do qual inicialmente é grande e com poucos episódios consegue capturar a nossa empatia, e que acaba ficando para trás quando a nossa dupla Reg e Riku vão ao Abismo, mas eles são lembrando e aparecem em diversos momentos deixando aquela impressão de que todos são importantes ou quase protagonistas.

Isso pode ser visto com a rapidez e aceitação que nós tivemos com a entrada da Nanachi e Ouzen, muitos fãs sendo gerados com apenas dois ou um episódio delas em foco, isto se deve a todo o esforço e complexidade nas motivações de cada um, o anime se preocupa em contar ou justificar bem o porquê de cada ação ou decisão errada. Até mesmo amizades que poderiam ser furos são justificadas.

E ao todo o anime se mostrou melhor que o mangá, mesmo tendo alterando a ordem de alguns eventos ou adiantando elas para o momento certo, não é um caso onde o material original tem muito a oferecer, ele é um complemento agradável e caso você queria pode continuar de onde o anime parou não estaria perdendo muito, pelo contrário, ganharia tempo, e isto é importante porque não temos um final fechado para a obra.

Algo que pode vir a incomodar é seu andamento um pouco devagar e seus 13 episódios, mesmo o último sendo duplo, não fecha estória com a Riku chegando no fundo, ela apenas não vai te deixar na mão, os últimos minutos são dedicados a tentar trazer o sentimento de recomeço e nova aventura para tirar aquela sensação de tristeza ou abandonado pela série, e eles conseguem, é muito agradável e é um belo convite para ir ler o mangá ou se quiser esperar pela segunda temporada.

Outro aspecto interessante se deve a maneira da série tratar a Riku, tanto quem gosta ou não dela vai se importar muito com ela, não é um personagem esquecível ou meramente ilustrativo, é completo com todas as suas motivações e passado. Existe a necessidade de sofrer junto dela e exibir toda a tristeza envolvida no processo de exploração, dando o lado Gore/Dramático muito valor.

Avaliações

Direção: Se preocupa em focar no rosto de cada personagem, foi capaz de encaixar vários flashbacks sem estragar o ritmo, tenta dar significado aos elementos em cenas, não sendo só beleza, tem suas manias com flores e monstros o que dá um charme e consegue por um bom Drama. Nota 9/10

Roteiro: Porém, apesar deles conseguirem sanar nossas dúvidas e deixar a curiosidade tomar conta, o andamento poderia ser diferente para agradar os mais diversos gostos, digo é relativo ter um andamento lento e ser ruim, também temos a falta de tempo que sem o carisma pessoal estraga o Drama. Nota 8/10

Animação: De todos os animes atuais, background é algo um pouco esquecidos feitos a pressas, aqui não eles são um palco bem tratado e são bonitos. As cenas de ação são medias, não apresentam grandes defeitos, o Design dos personagens é uma escolha artística e facilita muito em diversas cenas. Os monstros merecem destaque por isso temos o Kou Yoshinari decidindo como eles vão ser. Somando tudo isso animação é nota 9/10.

Soundtrack: Enquanto alguns animes usam sua abertura para valorizar certas cenas, Made in Abyss precisa de 2 CDs para guardar as suas 50 músicas, tendo nelas um estilo mais clássico sem vozes na sua maioria lembrando os padrões de Legend of The Galactic Heroes com um ar mais moderno. Recomendo ouvirem a música “Tomorrow” usada apenas uma vez e ainda muito boa. Nota 10/10

Entretenimento: mesmo para os que não gostam do elenco, existe muitos outros mistérios e justificativas para prender sua atenção, o Abismo te captura do começo ao fim, sendo algo nem bom ou ruim, portanto o aproveitamento de todo o ambiente é alto e assim o nosso entretenimento. Nota 10/10

Conclusão:

Em resumo uma boa produção acima da média com o pacote completo, personagens profundos, detalhes importantes em todos os lugares, estória envolvente tirando seu andamento, made in abyss é uma obra muito completa a nível de produção cinematográfica e capaz de agradar quem for fã de aventura ou drama, sendo com certeza uns dos melhores animes do ano.