SukaSuka (2017) | Review


Sobre
Há quinhentos anos desde que a humanidade foi extinta pelas mãos de temíveis Feras. Até mesmo nos céus, onde as raças sobreviventes habitam em ilhas flutuantes, essas monstruosidades ameaçam constantemente trazer morte e destruição. Apenas um pequeno grupo de jovens garotas pode empunhar as armas antigas necessárias para derrotar estas criaturas. Nas vidas instáveis e fugazes destas meninas, onde a morte certa pode vir a qualquer momento, surge algo improvável: Um jovem que perdeu tudo há quinhentos anos, o último ser humano vivo que despertou de um longo e gelado sono liderá o grupo de garotas para acabar com essas feras. O jovem, Willerm, passa a ser então responsável do “armazém” onde estas garotas, que são as próprias armas que combatem as feras, vivem a fim de monitorá-las.

Análise

Shuumatsu Nani Shitemasu ka? Isogashii desu ka? Sukutte Moratte Ii desu ka?, ou somente Suka Suka, trouxe consigo uma nova perspectiva de adaptações de light novel que ocorrem fora da caixinha dos gêneros reincidentes às obras do tipo. Sua narrativa construída em cima de um mundo feroz, e não tem bem explorado na série, fez de Suka Suka um diferente anime que apela para os nossos sentimentos e ainda por cima envolve romance no ato.
O desenvolvimento se faz presente em alguns atos facilmente identificados que não assolam a identidade por trás da série. O início além de ser maravilhoso em sua produção, o que foi uma enorme surpresa pelo anime revelar um trailer de estreia apenas um ou dias antes do episódio um, orquestra e muito o terreno que será preparado para a desgraçada que deverá ocorrer logo a seguir. E não me refiro somente ao episódio inicial que que entrega um grande spoiler do fim do anime. O roteiro faz questão de desenvolver da maneira mais casual e simbólica o possível todos os personagens que não deveriam, em seu objetivo, ser tratados tão bem dessa maneira. Acabamos esquecendo facilmente que as garotinhas de quem se falam são todas armas para guerra, e torna-se deslumbrante as cenas cotidianas e simpáticas que são entregadas ao seu decorrer com o jovem protagonista Willerm cuidando de tudo.
 
Não somente as garotas, mas como a heroína Chtholly. A narrativa que por um lado resolve mostrar sempre o lado bonito dessa vida pacata das garotas no “aposento de armas” também sempre mostra um lado oculto e muito mais sombrio para não se esquecer do que realmente isso tudo se trata. A direção do anime brinca em mostrá-las sendo inocentemente machucadas, demonstrando nenhum tipo de apatia a dor e principalmente a morte. Ameaças, cliffhangers e twits no gênero do anime durante algum episódio é o que não falta para mudar de um clima alegre para algo medonho. 
A série deixa claro como trabalha a questão de que o protagonista está enfiando em um meio em que há várias garotas que nasceram para morrer em combate, e que não fazem ideia nenhuma de que isso não é normal, de que há a opção de temer a morte.
 
Ao decorrer do desenvolvimento muitos pontos-chave vão se conectando, aos quais minhas análises semanais do anime fazem mais questão de abordar já que aqui não colocarei nada aprofundadamente, e a grandeza desse mundo cheio de monstros e bestas vai se explanando com poucas e boas. 
A segunda parte do anime se volta especificamente para Chtholly que vai perdendo sua personalidade para o seu “antigo eu” (ou pelo menos parte do fragmento deste), enquanto há uma profunda reflexão entre ela e o protagonista que desejam então passar a vida juntos, uma verdadeira família da qual a garota dos cabelos azuis antes nunca mais tinha experimentado ou imaginado. Neste momento que é desenvolvida a parte mais lenta e bonita – em que a protagonista feminina ganha os dias mais felizes de sua não tão longa vida. O romance finalmente vai para frente. O desenvolvimento de Chtholly que na primeira parte do anime não era tão satisfatório por aparentar apressado demais fica muito mais claro neste momento. A heroína viu no protagonista um motivo para não querer lutar mais, para fazer o contrário de todas as outras leprechaun, garotas-arma, e desejar mais do que tudo viver com aquele que a fazia feliz. Em meio a lindos momentos observados nessa parte, o assombro de seu passado e de seu futuro começaram a aparecer., e é justamente aí que o anime começa a jogar em mesa muitas cartas que não são viradas.
Os desdobramentos finais do anime são bonitos, o final é lindo e traz novamente uma grande produção consigo. É impactante ao que posso confirmar plenamente que foge bastante do que outras adaptações de light novel propõe, mas o mundo não é inteiramente explorado ao ponto deste epílogo ser conclusivo ou ao menos satisfatório nos desenvolvimentos não concluídos ou nem mesmo começados. A light novel de Suka Suka foi encerrada com 5 volumes, enquanto a adaptação cobriu somente até o 4º. É claro que rushar todos acontecimentos não seria a melhor opção, mas da maneira que acabou fica angustiante entender todos os pontos que ficaram em aberto.
A garota não tinha mais felicidade para encontrar.
A origem das bestas, o envolvimento dos deuses, a repercussão de como ficaram certos personagens após o clímax final e entre outros que não foram completamente abordados. O anime encerra-se e um grande ponto de interrogação para muitas questões que surgiram desde o início, mas isso PODE ter sido inteligente o suficiente para atrair as pessoas para a light novel.
Falando finalmente da produção, a parte técnica geral do anime foi muito decente. Desde a animação que manteve-se consistente e apresentou em certas ocasiões uma animação com cortes bem feitos, até a lindíssima trilha sonora que fez seu impacto enorme nos clímaces necessários. O que se perde aí no meio é o roteiro que não foi fechado, e nem chegou perto disso com o tanto de pontas soltas e angustiantes sobre a ambientação do mundo em questão. A ambientação com certeza não foi um ponto positivo.

Suka Suka é uma experiência muito boa de animação que envolve romance (que realmente acontece!) com muito drama, com uma exploração de personagens que tenta ser profunda o suficiente mas que não se faz por concluída ao final. Não espere ação da série só por envolverem “armas” e “monstros”. As batalhas estão presentes mas o foco do anime é plenamente em desenvolver os personagens, nos fazer ganhar empatia com eles, para depois nos atestar com tantos acontecimentos e reflexões desalegres e taciturnos. Ainda com o final aberto, com certeza vale a pena dar uma olhada pelas características tão marcantes da série, preparando o terreno para que você migre para a já encerrada light novel, e aproveite tudo sobre o mundo que rodeia a história.