Sakurada Reset #9 e #10 | Análise Semanal

Que excelente conclusão de alguns aspectos da narrativa, fazendo uso de muito conceitos e elementos previamente desenvolvidos! Apesar de alguns erros na parte técnica.


Episódio 9
O episódio começa introduzindo um flashback, bem expositivo e abrupto, mas que acaba não sendo algo necessariamente ruim, já que a obra sabe fazer isso e acaba tratando de ser expositiva apenas com informações que servem para situar o espectador dentro do contexto temporal da cena, com uma transição de contexto condizente, apesar de não ser o ideal. Quanto ao seu conteúdo, ele acaba servindo como um bom “gancho” para o que foi dito no último episódio, colocando o foco novamente na Souma e já tratando de mostrar o processo de a Misora só “resetar” se o Kei mandar, podendo interpretar isso como um efeito colateral de não ter conseguido distinguir o que o Kei faria por si mesma ou pela atitude dele para com a sua habilidade. Pelo lado do Kei, o foco é na relação de causa e efeito por meio das suas decisões, que antes pareciam ser algo irrelevante, mas diante dessa quebra de paradigma, o personagem começa a se questionar sobre os acontecimentos que podem decorrer da sua decisão de utilizar a habilidade da Misora.



O mais interessante disso é sem duvida o desenvolvimento do episódio, isso porque a construção desse ponto é pesada e muito reflexiva, onde os dois refletem sobre a situação diante deles e tentam absolver isso, cada um com seu ponto em foco, a Misora e a sua habilidade e o Kei e suas decisões. Vendo de forma superficial esses contextos parecem bem deslocados, no entanto, ambas as reflexões se utilizam de uma mesma variável para serem desenvolvidas, que é a Souma. De forma que os diálogos que ela teve com eles, vão fomentando o dito “gatilho” de cada um dos personagens, fazendo com que aquele clima mais pesado do episódio 1 e 2 volte a tona de forma mais natural. Além de dar mais contexto e pauta para o flashback, sendo bem orientado por uma ótima trilha sonora que acaba intensificando a carga emocional desse processo.


Vale ressaltar a cena da ponte(e não é pela propaganda de KitKat), e nem é devido ao seu diálogo, que embora tenha sido muito bem feito, não foi algo que se destacou tanto. O ponto mais interessante daqui foi a criação de contexto, “uma garota foi morta e aparentemente foi suicídio”, como sabemos no Japão esse é um problema muito notável, ou seja, ter alguém que aparente está patrulhando e auxiliando as pessoas que vão ali algo bem palpável. Além de o animê deixar isso subentendido, de que ela não está ali apenas para “construir cercas” e evitar outros “acidentes”.




E por fim a conclusão de toda essa reflexão pós-morte da Souma, onde tanto o Kei como a Misora conseguem compreender melhor o papel das habilidades que cada um tem e o impacto que as decisões causam na vida das pessoas, sendo efetivamente uma relação de causa e efeito. Onde o Kei decide que mesmo com os efeitos negativos que o reset possa trazer, ainda é melhor correr esse risco do que ficar de “braços cruzados” e não fazer nada. Concluindo assim um episódio inteiramente composto por um “flashback” e que serviu como preparação para o que virá no próximo.

Episódio 10

Depois do flashback em forma do episódio, voltamos para o ponto do final do episódio 8, onde já temos a repetição do mesmo diálogo(pela 3º vez se não me engano). Sendo algo que realmente incomoda, já que a saída daquele ponto para o flashback foi boa, mas o processo de retornar, não. No entanto, vale destacar o momento em que o Kei chora de felicidade ao descobrir que vai reencontrar a Souma, como a obra tem essa característica de dar esse “ar” de apatia aos personagens, é muito interessante ver eles apresentando essa carga emocional dessa forma, já que muitas vezes a obra deixa transparecer falta de emoção nos personagens visualmente, apesar de tentar suprir essa lacuna com diálogos e reflexões, tem momentos que impacto audiovisual faz diferença e esse foi o caso.



Após uma cena de transição onde o Kei estava testando sua tese por meio de algumas habilidades, nos temos outro flashback, destaque para a forma ruim como o animê saiu de um de um ponto para outro, com uma transição muito pesada e mal alocada, que realmente forçou uma quebra e prejudicou bastante o senso de continuidade do espectador. Quanto ao flashback, ele mostrou como foi a chegada do Kei a cidade e como ele absolveu todo o contexto em que a cidade tinha, desde habilidades, organização de regularização e sua independência. Destaque para o ultimo ponto que foi bem estranho, no sentido de fazer com que o espectador elevasse sua suspensão de descrença para aceitar que uma criança da idade dele tem esse nível de maturidade e que não provem de uma habilidade, mas dele mesmo, ou seja, uma criança que age e argumenta como um adulto é algo muito estranho e que acaba atrapalhando o quão factível a obra pode ser. Por outro lado, esse flashback serviu para tapar alguns buracos e dar mais contexto para como ele se sustenta, o papel dele, sua relação familiar,o primeiro reset,etc. Sendo alguns pontos bem pesados e que dão mais contexto para essa personalidade muito madura e responsável do Kei, mesmo sendo uma criança(mas ainda não é suficiente).




E enfim chegamos ao ponto em que todas as peças começam a se encaixar, como eu já havia comentado nas demais análises a obra ia se desenvolvendo em formas de arcos e no fundo uma narrativa linear era construída, o interessante disso tudo é como o Kei foi juntando os elementos de cada um dos arcos para “tecer” a ideia por trás de todo esse plano da Souma. Com um diálogo que parece soar bem expositivo, mas que dentro do contexto faz todo sentido e que era muito necessário. Sendo realmente incrível como os pontos vão se encaixando dentro da obra, fazendo com que alguns elementos e conceitos que previamente podiam ser vistos como irrelevantes vão se justificando como de suma importância e se conectam de forma coerente e coesa. Com um clímax bem condizente e com diálogos muito bem alocados que reviveram todo aquele clima mais denso dos dois primeiros episódios, é incrível como a Souma tem presença e impacto nas cenas. Destaque  também para a trilha sonora e animação, que mesmo em uma cena de simples diálogo, agregou muito no âmbito audiovisual e de forma bem discreta, sem forçar muitos recursos visuais, deixando com que a qualidade dos diálogos se sobressaísse e realizando bem seu papel de intensificar a cena (e com menos quadros estáticos).



Avaliação Episódio 9: ★ ★ ★  
Avaliação Episódio 10: ★ ★ ★  ★ *(se contar impacto emocional é 5)
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