Shuumatsu no Izetta (2016) – Um Anime Cheio de Altos e Baixos | Review

Sinopse
A história segue Finé e Izetta, Finé é a descendente de família real do Ducado de Eystadt, que busca conseguir estabelecer relações diplomáticas com os Aliados para proteger seu país do Império Germânico. Já Izetta é um bruxa que tem o poder de controlar e manipular tudo que toca, que busca ajudar a sua amiga Finé nessa guerra.

Análise 
Shuumatsu no Izetta é uma obra um tanto quanto problemática, tendo em mente que veio de um estúdio desconhecido e que sua staff é fraca, tendo apenas o seu Character Design e Diretor de som como profissionais com um currículo um pouco mais recheado. O anime se mostra limitado, e é isso que vou pontuar, boas ideias, mas que são mal desenvolvidas.
Nós três primeiros episódios o anime tentar criar um ambiente mais denso e pesado, com intrigas politicas, um cenário da guerra e os seus impactos; Ou seja, tentava-se criar um cenário de verossimilhança grande o suficiente para ocultar a ideia de que temos uma bruxa como linha de frente em uma guerra. No entanto, isso se tornou um problema para o roteiro manusear, um ser quase que onipotente de um lado da guerra, todos os conceitos de estrategia estavam sendo descartados e tornava o roteiro mais simples e previsível, e foi isso que aconteceu em alguns episódios. O clímax da obra e a forma que as bruxas foram desenvolvidas mostraram que elas foram feitas apenas para recurso visual por meio das lutas (mas isso eu comento mais a frente).


Continuando no roteiro/script que ficou a cargo de Hiroyuki Yoshino, a obra tem muitas lacunas que não foram preenchidas, conceitualmente a magia é algo abstrato na obra e nunca veio a se explicar mais sobre isso, o que deixa buracos gigantescos para os espectadores, que não sabem se aquilo é efeito real da magia ou alguma outra coisa (como Izetta voando a 400km com a Finé nos braços). Além disso, tivemos muitos recursos de roteiro forçados para moldar a estória da forma desejada, e isso querendo ou não tira o senso de imersão na obra; Caso da pedra vermelha , do velhinho que era um espião, motivação do vilão, construção do vilão, clonagem da bruxa (que é a maior de todas), as já citadas magias, a Izetta estar viva, etc. Mas o principal quesito que gera indignação foi a quebra que a obra teve, construir uma narrativa com um teor mais pesado, matando personagens para trazer um senso de realidade a obra para no final tudo virar “arco-iris”. Toda a construção feita em cima dos personagens que morreram, toda a ideologia em torno da constituição de um conto de fadas, toda contextualização do mártir de uma país, toda a ambientação mais pesada que foi desenvolvida, foi tudo jogado no lixo e o anime acabou daquela forma decepcionante. Dentre os poucos pontos positivos estão as referências históricas trazidas pela obra.


Isso se estende até a constituição de personagens, que é de longe o maior problema da obra, poucos personagens soam orgânicos e os que tinham tal potencial foram mortos ou foram decaindo no decorrer da série, que foi o caso da Finé. Os dois melhores personagens são os que tiveram um tempo de tela mediano e que conseguiram fazer o roteiro andar de forma incrível, mas quando eles saiam do primeiro plano, o anime parecia que caia em marasmo e despencava em qualidade, Sieghart e o Berkman, são os únicos personagens que foram bem escritos e trouxeram algo a mais para a obra. Quanto ao desenvolvimento da Finé foi uma decepção no que eles a transformaram, uma arquiduquesa que se tornou uma adolescente mimada e imatura. Já Izetta parecia um “boneco” sem vida e inatingível pelo ambiente a sua volta; Nada fazia ela pensar, ela não tinha uma identidade própria, não fazia reflexão alguma, era o espelho da Finé, um personagem completamente vazio que só servia para recurso de roteiro. E a Sophia é um amontoado de indignação e ódio mal explorado por contracenar com o vazio em pessoa, a Izetta, se fosse uma personagem melhor desenvolvida, poderia se criar uma dualidade e reflexões dignas do passado  da Sophie. 


A obra em aspectos visuais foi bem mediana, considerando o estúdio e o orçamento é entendível, faltou muito da direção da obra, muitos recursos visuais ficaram reclusos e a obra se tornava monótona e desinteressante em diversos momentos. Com uma animação inconstante e com muita falta de quadros, os traços simples do Character Design de Yuu Yamashita (Sword Art Online ||, Bleach, Usagi Drop) ajudaram a mascarar muito dessa animação limitada em torno dos personagens e o seu papel como Diretor Chefe de Animação foi bem desempenhado, mas claro, considerando todas as limitações da obra. No entanto, os backgrounds são belos e ricos em detalhes.


Uma grata surpresa foi a sua sonoplastia, o melhor aspecto do anime, tendo uma composição sonora sensacional que ficou a cargo de Michiru, que ainda é nova no ramo e fazia o seu primeiro trabalho, mas que com a ajuda de um diretor de som com um currículo tão vasto como o de Yukoi Nagasaki (Akatsuki no Yona, Fune wo amu, Gate, Beck), fez um excelente trabalho. Dentro desse âmbito de sonoplastia, a dupla conseguiu contextualizar muito bem as músicas durante a obra, fazendo um excelente uso do silêncio em alguns momentos, que posteriormente levava a um clímax em que a trilha sonora fazia o seu papel. Tudo que faltou em quesito de direção e construção de cena, foi sanado por essa excelente sonoplastia, inclusive nas cenas de ação, com os sons das armas, tanque, aviões, etc.

Conclusão
Por fim, se você procura uma obra com a temática de guerra e sem tanta complexidade e violência no seu decorrer, dê uma chance para Shuumatsu no Izetta, o anime peca em diversos sentidos, no entanto, continua sendo um bom entretenimento, só não vá esperando muito da obra, senão, assim como eu, vai acabar se decepcionando.

Direção: 4.5/10
Roteiro: 4.5/10
Animação: 4.5/10
Soundtrack: 8/10
Entretenimento: 5.5/10

Nota Final: 5/10