Review – Mob Psycho 100 (2016)

OBS: Essa análise possui spoilers.

Sinopse
Shigeo é um jovem que vai explodir se a sua capacidade emocional chegar aos 100%. Com poderes psíquicos ganhou o apelido de “Mob” pois não se destaca entre as outras pessoas. Ele mantém seus poderes psíquicos contidos para que possa viver normalmente, mas se o seu nível emocional chegar a 100, algo vai sobrecarregar o seu corpo inteiro.

Análise
Diferente de One Punch Man em que a proposta central é totalmente despretensiosa e voltada ao humor, ONE nos traz Mob com uma história mais madura, ainda que cheia de humor cômico e o seu estilo único de mangá gag. A história inicia-se com um padrão quase clichê de história, embora a obra tenha suas características próprias, o início aparenta ser apenas sobre exorcismos até a então chegada do desenvolvimento dos personagens. Os ótimos personagens presentes no anime o tornam bem divertido e diversificado, já que são várias “criaturas” e “bizarrices” que o cercam ao longo dos episódios. Por sua vez, tratando-se da primeira metade, foca em algumas histórias a parte e sobre o trabalho e vida de Shigeo, mas isso não é apenas uma comédia episódica.

Mob é um garoto abatido; Quieto. Ele tem essa personalidade por ter o extremo medo de explodir e causar problema aos outros, já que é isso que acontece se ele expõe verdadeiramente seus sentimentos. O ingênuo garoto que parece ser filho do Saitama é praticamente um rejeitado da sociedade em que vive, pelos motivos já citados e bem óbvios que o faz parecer um… Mob. Engraçado como ele aparenta ser uma criança fracote quando está normal mas o anime é trabalhado para ele ficar super badass e imponente quando libera seus 100%. Já entrando no desenvolvimento que ocorre no final do anime, Mob na verdade é reconquistado por Reigen; Seu mestre e especialista em exorcismos que mesmo com seu jeitão cara de pau e carismático que afronta todos tipos de inimigos sem vergonha de ser fraco (afinal eles não sabem disso) foi quem aceitou o jovem e viu um potencial nele – mesmo que no duplo sentido da coisa – e queria o bem do menino.

Praticamente todos clímaxes ocorridos no anime são de quando ocorre o 100% de Mob, mas todos por uma razão. Ele é incitado a soltar sua verdadeira força para liberar tudo a fora mesmo contra a sua vontade, mas como ele também é um humano sua a pressão e nervosismo acarretados causam sua transformação. E essa é parte em que vemos como o protagonista é fraco em não se controlar transformando e destruindo tudo e logo depois arrependendo-se com um profundo remorso.

O mais interessante vem pela segunda parte com seu irmão Ritsu entrando na história. Como um paranormal ofuscado pela “fama e poderio” que seu irmão, chega a querer se descontrolar também; O roteiro trabalha de maneira rápida sem muitas explicações para que tais coisas aconteçam, o que deixa alguns acontecimentos fora de lógica ou entendimento completo. Nesta parte Mob chega aos seus 100% por ver seu irmão sofrer, uma das coisas que mais doem para ele e que de certa forma era inevitável, tratando-se de família. O arco seguinte que é levada até o seu final, trata-se de uma “organização de vilões” que conseguem fugir do clichê em serem bem… bobões. Esta parte do episódio 11 se encerra bem com Reigen protegendo o insolente Shigeo e o fazendo não perder o controle com um grande tapa; Seria um ponto chave para o encerramento do anime já que deixa aparente um melhor controle de Mob sobre seus sentimentos e também sobre seus poderes, uma vez que o mesmo começa a usá-los sem ficar totalmente enfurecido, mas novamente o roteiro tornou as coisas mal explicadas, com vários pontos falhos, por exemplo: Como diabos ele emprestou poderes PSÍQUICOS ao seu mestre? O episódio final foi um anticlímax se comparado ao anterior, pelas motivos já ditos e por finalizar de maneira non-sense demais.

O grande diferencial de Mob é o seu design. Os traços são alternativos (também chamados de “zuados”), rascunhados e totalmente característicos de ONE, que por sua vez não é o maior desenhista que se encontra por aí. Dizer que o design é ruim ou bom é puramente gosto pessoal; Não adianta discutir profundamente sobre isso já que muitos não gostam de traços ripsters em anime e sentem incomodo nisso. Eu, particularmente, me atraio muito por desenhos abstratos e ripsters, então os designs caíram como uma luva a mim, pois penso que esses traços combinam totalmente com a comédia cômica da obra e é graças a ela que temos os diversos rostos deformados e super expressados cheios de gag dos personagens.

Toda parte visual de MobPsycho chama atenção: Coloração florescente e misturada que ocasionava efeito psicodélico nas cenas, efeitos visuais na hora da expressão de alguns personagens cujo pareciam em uma espécie de espessura e textura (gif acima), backgrounds muito bem feitos desenhados a mão como claramente é mostrado no encerramento; Uma abertura que também possuía simbolismos non-sense que foram muito bem trabalhos para serem psicodélicos. A animação foi excelente, impossível de se reclamar mesmo não gostando dos designs, cheia de sakugas e fluidez incondicional que foi encontrado em praticamente todos episódios, ainda mais nas cenas do 100% de Mob em que era extravasado ao máximo. Estúdio Bones caprichou muito bem na animação, tornando o abstrato e o ripster do anime ainda mais sensacional aos olhos de quem assistia. 

Direção, storyboard e enredo também foram ótimos; Em suma uma grande e caprichada parte técnica do anime que não ficou atrás em nenhum momento (mesmo com algumas coisas como o design dos personagens não agradando a todos); A soundtrack em último lugar, foi capaz de preencher todos momentos impactantes que a série trazia, e aquela música de abertura foi particularmente genial.

Conclusão
MobPsycho 100 é uma comédia cômica de animação e designs fora do comum que retrata sobre os sentimentos de um personagem que os oculta como pode, com ótimas lutas e desenvolvimento emocional equilibrado. É uma grande recomendação, até mesmo para aqueles que não são tão chegados e/ou acostumados com o traço.


Direção: 8.5/10
Roteiro: 7/10
Animação: 10/10
Soundtrack: 8.5/10
Entretenimento: 8.5/10