Zankyou no Terror – Uma história de terroristas bonzinhos.

Terroristas podem ser boas pessoas?
OBS: Esta análise possui spoilers.
Sinopse
Num dia de verão, um bombardeio terrorista subitamente atinge Tóquio. Descobre-se que os culpados por trás desse ato que acordou a nação do seu sono complacente são apenas dois garotos. Agora, os culpados, conhecidos como “Sphinx” (Esfínge) começam um grandioso jogo que engloba todo o território japonês.
Análise
Zankyou no Terror tinha tudo para ser um grande anime; Possuía uma animação – que embora não fosse tão acima da média ocasionava a impressão de estarmos assistindo um filme – graças ao diretor que soube aproveitar bem a fotografia e trabalhar muitíssimo bem a movimentação dos personagens, causando uma sensação de fluidez tanto nos principais como em figurantes. Concebia lindos cenários fazendo contraste de cores mais apagadas com tudo meio cinzento, aumentando o clima e a ambientação que facilmente tomou conta do anime. A trilha sonora também era excelente para todos momentos de drama e tensão que se exigiam.
A primeira parte do anime –  os quatro primeiros episódios, sendo exato – por mais lentos que fossem conseguiam chamar a tenção do público com os casos inteligentes e sérios que percorriam os terroristas e a agência da polícia tentando desvendá-los, mas o que intrigava era a falta de informação passada por parte dos protagonistas – os terroristas – e a heroína Lisa que do começo ao fim foi impossível de se ganhar empatia.
 
Para quem assistiu semanalmente o anime deve ter sido mais difícil de acompanhar, já que seu começo mesmo fisgando a atenção de quem assistia, poderia não funcionar tão bem assim. Os protagonistas – Twelve e Nine – eram difíceis de se aceitar. Twelve agia como o mocinho da coisa, uma vez que envolveu Lisa em seus planos e a fez de “cúmplice”, a quis ao seu lado, pois ela era a força sua de vontade, seu motivo de querer viver normalmente/bem. Enquanto Nine, o bonzão que não demonstrava nenhum sentimento, era frio, calculista e sempre tinha várias dores de cabeça que o faziam ter imagens de seu passado em um laboratório onde experimentos ocorreram com várias crianças, sendo ele e seu parceiro um dos únicos sobreviventes. Lisa era totalmente sem graça, ela só existia para o desenvolvimento de Twelve e nada mais. O ex-detetive Shibazaki era uma das figuras mais interessantes já que era quem sempre insistia nos enigmas que os terroristas passavam, e indo a fundo ele sempre conseguia chegar nas conclusões corretas.
Se tudo parecia ok até aí com uma excelente primeira parte do anime, o desastre total do anime veio depois.
 
A entrada da personagem “Five” – uma velha conhecida da dupla central – veio para estragar totalmente o roteiro da obra. Como uma agente do FBI, estava ali presente para dar total suporte àpreensão dos terroristas, mas simplesmente queria destruí-los usando todos meios possíveis, e isso incluía explodir lugares e matar inocentes. Se a desarmonia do roteiro já não fosse suficiente, Twelve e Nine que até então eram os terroristas imponentes, colocaram uma bomba no metrô para que a polícia fosse lá tirar; Mas quando perceberam que a mesma não iria (por culpa de Five), correram contra o tempo para tirar os explosivos do vagão e não matar nenhum inocente.
 
 
Como diabos não era culpa dele? Eles são terroristas, implantaram uma bomba, ela explodiu e isso foi consequência.
 
Os motivos de Twelve e Nine estarem fazendo isso tudo foi segurado até o final, o que fez muita gente desistir de assistir por falta de algum incentivo a continuar; E assim foi a segunda metade, com essa vilã sem noção Five, que tinha todos esteriótipos de clichê possíveis e que não fez importância nenhuma para a história, pois seu desfecho além de ridículo foi desnecessário; Uma personagem que nunca deveria ter existido no anime. O desenvolvimento de Twelve e Lisa também aconteceu nesta parte, com cenas lindíssimas por sinal, mas que em contra partida direcionava-se a um final irreparável.
O clímax de encerramento aconteceu de forma inesperada. Fora revelado o real motivo de todas ações da dupla terrorista que nada mais era do que passar uma mensagem ao mundo sobre o que aconteceu em seu passado, com os experimentos que o governo escondeu de todos; Shibazaki foi a peça-chave para o entendimento disso, já que ele desde o começo investigou tudo muito bem e de certa forma conseguiu compreender os sentimentos da dupla. 
 
A sensação ao acabar o último episódio era um pouco estranha; Não uma sensação de insatisfação, mas também não de total agrado, pois o final foi conclusivo, fechado, porém como se faltasse algo.
 
Conclusão
Assista e descubra se o anime te agrada. Este é um caso diferente que não dá para dizer se é recomendável ou não, pois varia em questão com a pessoa que assistirá por uma série de razões. Com uma excelente parte técnica (com exceção do roteiro a partir da segunda parte), Zankyou no Terror finalizou-se com um final fechado e bem explicado, por mais incoerências e coisas inúteis que chegaram a acontecer em seu decorrer.
 
Direção: 8/10
Roteiro:  6/10
Animação: 8/10
Soundtrack: 9/10
Entretenimento: 6.5/10
Impacto Emocional: 6/10